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Ciência & Saúde

Estudo revela que leões ainda se alimentavam de humanos no século 19: Análise de DNA aponta descoberta surpreendente!

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O título de “rei da selva” não é à toa. Um estudo recente descobriu que, pelo menos até o final do século 19, os leões ainda incluíam humanos em sua dieta rotineira.

A história da descoberta começa em 1898, quando uma dupla de leões aterrorizava a população que morava em um de operários no Quênia. Os dois, de grande porte, invadiram barracas e fizeram vítimas com facilidade ao longo de nove meses, segundo relatos da época. Esses animais, apelidados de “comedores-de-humanos de Tsavo”, em referência a um rio que corre nas proximidades, fizeram pelo menos 35 pessoas de petisco, até que um dos trabalhadores conseguiu atirar e matá-los. 

As carcaças dos leões foram transformadas em tapetes e, posteriormente, vendidas para o Museu Field de História Natural de Chicago em 1925, juntamente com seus crânios.  

Os cientistas americanos e quenianos analisaram os ossos dos bichos em busca de pistas sobre a dieta dos animais. A pesquisa revelou que os leões de Tsavo tinham um apetite variado. A partir da coleta de cabelos encontrados nas cavidades das presas dos bichos, foi possível identificar o DNA de diferentes espécies consumidas pela dupla. 

O projeto começou em 1990, quando Thomas P. Gnoske, um dos gerentes do museu Field, examinou o crânio dos gatões e encontrou milhares de fios de cabelo em um buraco no dente desses felinos. Em 2001, Gnoske participou de um estudo que sugeria que o gosto dos leões por presas humanas não aleatório. A carne humana é mais macia do que a de outros animais, e, portanto, preferível quando os leões estavam com dificuldades para mastigar – com dentes quebrados, por exemplo, como era o caso da dupla de Tsavo.

Agora, em uma publicação na revista Current Biology, Gnoske mais uma vez investigou, junto a uma equipe diversa de pesquisadores, as amostras encontradas, que já completavam seus 126 anos, através de microscopia e análise genética.

Por meio do exame do DNA mitocondrial – aquele que é herdado de mãe para filhos, e pode ser usado para traçar uma árvore genealógica –, os pesquisadores descobriram que as amostras encontradas nos dentes dos leões eram originárias de um menu variado, que incluía de prato principal girafas, gnus, antílopes e zebras – além de humanos.

Os cientistas usaram métodos para extrair e analisar o mtDNA dos fragmentos de cabelo. “Conseguimos até obter DNA de fragmentos menores que a unha do dedo mínimo”, comentou Alida Flamingh,  pesquisadora da de Illinois Urbana-Campaing e autora principal do estudo.

Tradicionalmente, a extração de DNA de pelos foca no folículo, que contém uma grande quantidade de DNA nuclear, mas neste caso, os fragmentos analisados eram de mais de 100 anos e não tão preservados assim.

O resultado da pesquisa revelou informações valiosas. Os leões apresentaram o mesmo genoma mitocondrial herdado maternalmente, corroborando teorias anteriores de que eram irmãos. Além disso, o material genético indicou uma origem no Quênia ou na Tanzânia. 

A descoberta de DNA de gnus entre os restos de comida foi surpreendente, já que a população mais próxima desse animal na década de 1890 ficava a cerca de 80 quilômetros de distância do local habitado pelos leões. Relatos históricos indicam que os felinos deixaram a região de Tsavo por cerca de seis meses antes de retomar seu ataque ao acampamento dos construtores da ponte, o que explica a descoberta.

Outra surpresa foi a falta de DNA de búfalos. “Sabemos que, atualmente, os leões de Tsavo preferem os búfalos como presa”, observa Flamingh. Na época, as populações de gado na região foram devastadas pelo vírus Rinderpest, uma doença altamente contagiosa trazida da Índia no início da década de 1880.

Para o jornal The New York Times, Flamingh disse que a análise das cavidades desses dentes foram avaliadas da mesma forma que geólogos analisam o solo. “Analisar pelos de diferentes camadas deve nos dar uma ideia das dietas ao longo da vida desses leões”, disse. 

Fonte: abril

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