📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Estima-se que dos 48 milhões de casos de doenças de origem alimentar decorrentes nos EUA todos os anos, 20% deles podem ser originados de alimentos preparados em casa
  • Em um estudo planejado pelo Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos EUA, cerca de 48% dos recipientes de temperos presentes em cozinhas estavam contaminados
  • Tábuas para corte e tampas de latas de lixo foram considerados os objetos mais contaminados, estando em 2° e 3° lugar, enquanto as torneiras das pias foram os menos contaminados
  • Em outro estudo com 10 cozinhas dos EUA, 67% das esponjas continham coliformes fecais, enquanto 33% continham E. coli
  • Lavar as mãos, até mesmo pelo tempo mínimo de 5 à 8,99 segundos, pode reduzir muito o risco de contaminação

🩺Por Dr. Mercola

Estima-se que dos 48 milhões de casos de doenças de origem alimentar decorrentes nos EUA todos os anos, 20% deles podem ser originados de alimentos preparados em casa. Isso significa que os alimentos feitos em sua própria cozinha podem trazer doenças, além disso, é possível transferir esses germes para outras superfícies próximas.

Embora saiba os riscos de uma esponja suja e muito utilizada ou até mesmo de como a pia da sua cozinha pode servir como reservatório de bactérias, quando foi a última vez de fato que você limpou seus potes para temperos?

Acontece que esses itens básicos de cozinha, que passam muitas vezes despercebidos, podem estar ser os principais causadores de contaminação e talvez o maior risco também.

Dos recipientes para temperos, 48% foram contaminados

Em um estudo planejado pelo Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos EUA, investigadores da Escola de Ciências Ambientais e Biológicas Rutgers e colegas fizeram uma análise de 371 adultos cozinhando hambúrgueres de peru em cozinhas que variavam desde as de apartamentos até as de locais de ensino e bancos alimentares.

As aves, como frango e peru, estão entre as principais fontes de doenças relacionadas com Campylobacter, responsável por 0,8 milhões de infecções de origem alimentar por ano nos EUA. Conforme observado no Journal of Food Protection:

“Segundo a Colaboração Interagências de Análise de Segurança Alimentar, 40,5% das doenças não tifóides de Salmonella foram decorrentes de produtos regulamentados pelo Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS), enquanto 78,8% de todas as doenças não lácteas de Campylobacter foram decorrentes de produtos regulamentados pelo FSIS que incluem, frango, peru, aves, carne bovina, suína e caça (0,6%).

É fato que o manejo inadequado de aves cruas, como cozimento inadequado, má lavagem das mãos e contaminação cruzada de alimentos prontos para consumo em casa, pode acarretar doenças de origem alimentar causadas por tais patógenos.”

Os pesquisadores pediram aos participantes que fizessem uma refeição de hambúrgueres de peru com temperos e uma salada pré-embalada, para determinar a prevalência da contaminação cruzada nas superfícies da cozinha durante a preparação das refeições. A carne foi inserta com um bacteriófago chamado MS2 que atua como marcador nas cozinhas.

Os participantes não sabiam que seus comportamentos de segurança alimentar estavam sendo monitorados até que a refeição estivesse pronta. Os pesquisadores então limparam diversas superfícies comuns, como torneiras de pia, louça de cozinha e recipientes para temperos. A surpresa foi que os puxadores das torneiras das pias foram um dos menos contaminados, enquanto os recipientes para armazenagem de temperos foram os mais contaminados.

Cerca de 48% dos recipientes estavam contaminados com MS2, muito mais do que a maioria das outras superfícies de cozinha observada, que, em geral, apresentavam frequências de contaminação inferiores a 20%. As tábuas para corte e tampas de latas de lixo foram considerados os objetos mais contaminados, estando em 2°e 3°lugar. Segundo o coautor do estudo, Donald Schaffner, ilustre professor do Departamento de Ciência de Alimentos da Rutgers, em um comunicado à imprensa:

“Além de superfícies mais comuns, assim como as tábuas para corte, tampas de latas de lixo e puxadores de geladeira, aqui está outro fator que devemos ter uma atenção se tratando de manter uma cozinha limpa. Nossa pesquisa mostra que qualquer recipiente de tempero utilizado ao preparar carne crua pode sofrer contaminação cruzada. Você deve estar ciente durante ou após o preparo das refeições.

… Nós ficamos surpresos, pois não tínhamos observado nenhuma evidência de contaminação nesses recipientes antes. Grande parte das pesquisas a respeito de contaminação cruzada em superfícies de cozinha devido à carne crua ou produtos de aves, concentrou-se em tábuas para corte ou puxadores de torneiras, ignorando superfícies como recipientes de temperos, tampas de lixeiras, entre outros.

Isso faz com que esse estudo e alguns outros semelhantes de membros desse grupo mais abrangentes do que estudos anteriores.”

Quais outras superfícies na cozinha podem apresentar concentração de germes?

As bactérias estão presentes em quase toda parte e nem sempre é um fator preocupante. Porém, ao lavar a louça, seja cuidadoso para não reutilizar as esponjas diversas vezes, pois segundo estudos, elas são um dos objetos mais contaminados na cozinha.

Em estudo realizado em 10 cozinhas dos EUA, 67% das esponjas continham coliformes fecais, enquanto 33% continham E. coli. Outra investigação encontrou Salmonella em 15,4% das amostras de esponjas estudadas, enquanto outro estudo de higiene observou que as esponjas de cozinha tinham a 2° maior contaminação por coliformes, perdendo apenas para os sifões de esgoto. Conforme observado no BMC Public Health:

“Durante a limpeza, os restos alimentares podem se acumular na superfície da esponja e locais úmidos, como pias, podem se tornar reservatórios microbianos adicionais que podem contaminar as esponjas durante o uso. O uso, armazenamento ou desinfecção inadequados de esponjas de cozinha resultará em um aumento microbiano à temperatura ambiente.

Dessa forma, as esponjas de cozinha são uma fonte relevante de contaminação cruzada, visto que podem transmitir patógenos alimentares, agentes infecciosos e microorganismos que causam a deterioração das superfícies de contato com os alimentos.”

Em um estudo, pesquisadores analisaram 14 esponjas usadas e encontraram 45 bilhões de micróbios por centímetro quadrado. As esponjas abrigam o maior número de E. coli e outras bactérias fecais, devido ao fato de não serem substituídas da maneira que deveria ser. Diversos estudos confirmaram que as esponjas de cozinha possuem o maior número de bactérias, quando falamos de produtos domésticos.

É possível limpar as esponjas de cozinha?

Tanto as esponjas quanto as escovas utilizadas para lavar louça, muitas vezes são contaminadas com bactérias não patogênicas, embora as escovas apresentassem níveis mais baixos segundo um estudo. Além disso, quando as escovas foram contaminadas com Salmonella e deixadas para secar durante a noite, as bactérias foram eliminadas de maneira mais rápida que nas esponjas.

“Segundo os resultados do estudo, os utensílios de limpeza secados entre os usos teriam um menor número de bactérias, incluindo patógenos,” explicaram os pesquisadores, e sugeriram utilizar escovas que secam mais rápido entre os usos, no lugar de esponjas. Eles também afirmaram que o crescimento de Salmonella nas esponjas pode ser prevenido com as seguintes ações:

  • Trocar a esponja quando a mesma já estiver gasta
  • Não deixar a esponja na pia

Segundo o USDA, esponjas de micro-ondas também podem eliminar até 99,99999% das bactérias, enquanto colocá-las na máquina de lavar louça elimina 99,9998%. Caso deixe a esponja no micro-ondas, tenha certeza de que ela não contenha nenhum material metálico.

É recomendado também pela Michigan State University, que a esponja esteja molhada ao fazer isso, pois ela pode pegar fogo ou explodir caso contrário. A esponja molhada deve ser colocada em potência alta por um minuto. Depois, deixe esfriar por 15 minutos antes de tocá-la.

Quais outras superfícies na cozinha podem apresentar concentração de germes?

Tábuas para corte é outro utensílio conhecido por armazenar grande quantidade de bactérias. É recomendado por especialistas, que você tenha no mínimo 2 tábuas para corte, uma para alimentos que podem ser consumidos crus, como frutas e vegetais, e outra para corte de carnes, aves e peixes.

As superfícies que você utiliza para cortas os alimentos podem abrigar bactérias, incluindo E. coli e a Salmonella. Como as tábuas para corte feitas de plástico são mais fáceis de higienizar, muitas vezes são opções mais seguras. Isso foi até 1980, quando um pesquisador da UC Davis descobriu que, embora as tábuas de plástico sejam de fato mais simples para limpar, os sulcos deixados pelos cortes oferecem um local perfeito de proliferação para bactérias.

A madeira pode ser mais difícil de limpar, porém, não com facilidade dos mesmos problemas do plástico. Além do mais, quando as superfícies de madeira, plástico e aço inoxidável foram comparadas, Campylobacter durou mais em plástico.

O Departamento de Agricultura dos EUA recomenda limpar sua tábua de corte com água quente e sabão após cada uso e deixá-la secar ao ar livre antes de guardá-la. Tábuas para corte feitas de bambu são mais duras e menos porosas do que as de madeira, absorvendo menos umidade e resistindo melhor a danos causados pelas facas. Sempre substitua suas tábuas quando as mesmas estiverem difíceis para limpar.

A pia da sua cozinha também pode ser fonte de contaminação. Em um estudo, os participantes prepararam o café da manhã com linguiça crua, ovos e salada de frutas com melão. Após a preparação, a pia da cozinha foi a superfície mais contaminada. Como resultado, 26% do melão cortado também deve ter sido contaminado, pois para lavá-lo, foi colocado na pia contaminada.

O frango é um alimento com probabilidade de ser contaminado

Os tipos de alimentos que você traz para casa também podem apresentar algum risco de contaminação. O frango proveniente de operações de alimentação concentrada (CAFO) continua sendo um dos alimentos mais problemáticos, com cerca de 1 em cada 25 embalagens de frango nas mercearias apresentando contaminação por salmonela.

Na Nova Zelândia, Michael Baker, pesquisador de saúde pública e professor da Universidade de Otago, pede a criação de um rótulo de advertência “estilo tabaco” em todos os produtos de frango cru, alertando os consumidores sobre os riscos à saúde que podem surgir. “É a coisa mais perigosa que pode ter em sua cozinha,” diz ele.

Também foi demonstrado por alguns estudos que a maioria das infecções do trato urinário (ITU) são provocadas pela exposição a frango contaminado. Resumindo, é provável que a E. coli possa ser introduzida no seu corpo a partir dos alimentos ingeridos, como frango CAFO, carne de porco e vaca.

Um estudo publicado na revista mBio em 2018, descobriu que 79,8% de amostras de frango, porco e peru compradas em grandes mercados de Flagstaff, Arizona, estavam contaminadas com E. coli. Os pesquisadores também examinaram amostras de sangue e urina de pessoas que visitaram um grande centro médico da região, e descobriram a presença da E. coli em 72,4% dos pacientes diagnosticados com alguma ITU.

Lavar suas mãos pode ajudar

A lavagem das mãos pode ser muito eficaz na redução de contaminação na cozinha. Segundo a pesquisa, a lavagem das mãos reduziram muito o risco de contaminação cruzada. Mesmo lavar as mãos durante 5 a 8,99 segundos foi associado a um risco bem menor.

Dadas as descobertas do estudo apresentado, lavar bem os recipientes para temperos pode ser de fato eficaz e evitar manuseá-los caso tenha tocado em frango cru. No entanto, não utilize um produto antibacteriano para fazer isso, pois tais produtos podem contribuir para o desenvolvimento de resistência aos antibióticos. No lugar, utilize produtos de limpeza naturais.

O óleo de orégano é um desses produtos que apresenta efeitos antibacterianos naturais nos tecidos humanos e nas bancadas da cozinha. Os pesquisadores descobriram em um estudo, que o óleo de orégano é eficaz contra bactérias, 3 gram negativas e 2 gram positivas. Fácil e eficaz para eliminação de patógenos, incluir óleo essencial de orégano em seus produtos de limpeza caseiros é um meio simples e eficaz.