📝RESUMO DA MATÉRIA
- Em 15 pacientes submetidos a cirurgia cardíaca foram encontrados microplásticos no tecido do coração
- Oito tipos diferentes de plástico foram achados nos apêndices atriais, na gordura do coração, no pericárdio — a membrana que envolve o coração — e em outros tecidos cardíacos
- Dezenas e até milhares de pedaços de microplástico apareceram na maioria das amostras, e podem ter sido inseridos de forma inesperada durante as cirurgias
- Plásticos minúsculos e nanométricos também podem adentrar a barreira hematoencefálica e chegar ao cérebro
- Em vez de ser absorvida pela pele, acredita-se que as partículas de plásticos podem entrar na corrente sanguínea após ser inalada ou engolida
🩺Por Dr. Mercola
O coração é um lugar alarmante onde pedacinhos de plástico podem estar alojados. Sabe-se que os microplásticos contaminam o meio ambiente, alimentos, água e também partes do corpo como o pulmão, com exposição direta ao ambiente externo. Contudo, cientistas expuseram que tais contaminações estão aparecendo em órgão humanos completamente isolados do ambiente externo.
Um estudo que detectou oito tipos de microplásticos em vários tecidos do coração, e embora como tenham chegado a estes espaços vulneráveis seja uma questão a se pensar, o estudo sugere que as cirurgias cardíacas podem ser culpadas parcialmente. 2
Tecidos cardíacos humanos contaminados por microplásticos
Microplásticos são pedaços de plástico com aproximadamente a largura de uma borracha de lápis padrão, ou seja, 5 milímetros de largura. Pesquisadores da Capital Medical University em Pequim, China, examinaram tecidos cardíacos de pessoas submetidas a cirurgias no coração, usando um sistema de imagem química infravermelha direta a laser e microscopia eletrônica de varredura. Microsplástivos foram encontrados em 15 pacientes, incluindo os seguintes tecidos:
- Seis pericárdios, a membrana que envelopa o coração
- Seis na gordura no coração, ou, tecidos adiposos epicárdicos
- 11 no acúmulo externo de gordura no coração, ou, tecidos adiposos pericárdicos
- Três no tecido cardíaco muscular ou miocárdio
- Cinco nas pequenas bolsas na câmara esquerda do coração, ou apêndices atriais esquerdos
Nas amostras de sangue pré e pós-operatórias de sete casos adicionais, também foram encontrados microplásticos. Os pesquisadores relataram que: “O tipo e a distribuição do diâmetro dos microplásticos no sangue mostraram alterações após o procedimento cirúrgico e nove tipos de microplásticos também foram detectados em amostras de sangue pré e pós-operatórias com diâmetro máximo de 184 μm (micrômetros).”
Ao todo foram detectados oito tipos de plástico, incluindo poli (metacrilato de metila), cloreto de polivinila (PVC) e tereftalato de polietileno, em vários tamanhos que variavam de 20 a 500 μm de largura. A equipe concluiu que das amostras de tecido que continha dezenas a milhares de pedaços de microplasticos, “não podem ser atribuídos à exposição acidental durante a cirurgia, fornecendo evidência direta de microplásticos em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca.”
Durante as cirurgias, os plásticos podem ter sido “introduzidos inesperadamente.” Também foram encontradas amostras de partículas de plástico que diminuíram em tamanho médio, mas aumentaram em diversidade pós-cirúrgica. 7 Um comunicado relacionado foi divulgado na imprensa:
“Os pesquisadores afirmam ter fornecido provas preliminares de que vários microplásticos podem acumular-se e persistir no coração e nos seus tecidos mais internos, apesar do estudo ter tido um pequeno número de participantes. Eles acrescentam que as descobertas mostram como os procedimentos médicos invasivos são uma via negligenciada de exposição aos microplásticos, proporcionando acesso direto à corrente sanguínea e aos tecidos internos.”
O seu cérebro, também pode conter partículas de plástico
Geralmente a mídia retrata a poluição plástica como sacolas e anéis de refrigerante afetando a vida marinha e estrangulando aves. Os danos não param por aí, embora essa também seja uma preocupação legítima.
O plástico ser durável é um fato que o torna um bem de consumo atraente. Os plásticos, muitas das vezes descartados após um único uso, não se degradam; eles fotodegradam, levando centenas de anos para acontecer. Uma única capsula de café pode levar até 500 anos, o mesmo que a duração do Império Romano, para se fotodegradar.
A fotodegradação quebra o plástico em pedaços decrescentes, aumentando exponencialmente sua toxicidade. A Barreira hematoencefálica, por exemplo, que protege o cérebro de substâncias danosas. Embora pedaços maiores não possam atravessá-la, plástico em nano tamanho podem.
Em um estudo com cobaias, ratos foram alimentados com nano e micropartículas de poliestireno na água potável, com variação de tamanho entre 9,55 µm, 1,14 µm e 0,293 µm. O poliestireno é comumente usado em embalagens, como recipientes para viagem, embalagens de iogurte, entre outras. Em apenas algumas horas, a menores partículas nanométricas alcançaram o cérebro dos ratos, passando facilmente pela barreira hematoencefálica.
O Guardian relatou: “Essencialmente, esses minúsculos plásticos são absorvidos pelas moléculas de colesterol na superfície da membrana cerebral. As moléculas de colesterol “aumentaram a absorção desses contaminantes pela membrana da BBB.” Dessa forma, eles atravessam a barreira hematoencefálica guardados em seus pacotes lipídicos.”
Uma pesquisa separada descobriu da mesma forma que nanopartículas de poliestireno inaladas podem atingir o cérebro e depositar-se lá, levando a comportamento alterado e neurotoxicidade. E o autor do estudo, Lukas Kenner, explicou que, uma vez no cérebro, “as partículas de plástico podem aumentar o risco de inflamação, distúrbios neurológicos ou mesmo doenças neurodegenerativas, como Alzheimer ou Parkinson.”
Amostras de 22 voluntários saudáveis foram analisadas por pesquisadores holandeses, revelando uma taxa de 77%, ou seja, 17 voluntários continham partículas de plástico. Foi utilizado o termo “partículas de plástico” para descrever partículas ≥700 nanômetros, tamanho que pode ser absorvido pelas membranas. A concentração média de partículas de plástico no sangue foi de 1.6 µg/ml, mostrando uma primeira medição da concentração do componente polimérico de plástico no sangue humano
Agulhas de seringa de aço e tubos de vidro foram utilizados para não haver nenhum plástico envolvido no recolhimento de amostras, das quais o sangue continha pelo menos 3 tipos diferentes de plástico em algumas. Cientistas conseguiram demonstrar evidências de partículas de plástico microdimensionadas nas fezes humanas provando que elas viajam através do trato gastrointestinal.
Também foram encontradas partículas no tecido placentário humano e em espécimes de colectomia humanos. Mesmo as primeiras fezes de um recém-nascido, conhecidas como mecônio, provavelmente contêm plástico, de acordo com um estudo publicado na Environmental Science and Technology Letters, que descobriu que havia mais tereftalato de polietileno (PET) nas fezes dos bebês do que nas fezes dos adultos.
Devido seus corpos ainda estarem em desenvolvimento, bebê e crianças são mais vulneráveis a produtos químicos que desregulam o sistema endócrino. Kurunthachalam Kannan, Ph.D., cientista de saúde ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York e pesquisador do estudo com recém-nascidos, comentou:
“Com o estilo de vida moderno, infelizmente, os bebês estão expostos a tantas coisas, que mais tarde podem ter efeitos desconhecidos em suas vidas. Tenho uma forte crenças que esses químicos tenham efeito nos primeiros estágios de vida. Este é um período muito vulnerável.”
Você pode consumir 5 gramas de plástico por semana
Ninguém sabe como as exposições ao plástico 24 horas por dia, 7 dias por semana, se somam ao longo da vida, tão pouco a quantidade exata de plástico que as pessoas estão expostas num dia. Os pesquisadores quantificaram o que a exposição aos microplásticos pode significar para os humanos, revelando uma descoberta chocante de que uma pessoa comum poderia estar ingerindo cerca de 5 gramas de plástico por semana – quase o equivalente a um cartão de crédito, segundo um estudo da University os Newcastle, Austrália.
A Reuters criou uma ilustração que com base nas descobertas do WWF International Study, mostra a quantidade de plástico que uma pessoa consumiria ao longo do tempo devido à exposição a poeira, alimentos e bebidas. Você poderia consumir um prato cheio todos os anos, o tamanho de uma boia salva-vidas padrão a cada dez anos e plástico suficiente para embalar uma colher de sopa por semana, segundo as estimativas.
De onde está vindo todo esse plástico? Em vez de absorvida pela pele, acredita-se que a maioria das partículas de plástico entra na corrente sanguínea após inalação ou ingestão. Essas incluem:
Ar |
Água |
Embalagem de alimentos e alimentos |
Produtos de higiene pessoal como polietileno na pasta de dente e PET |
Polímeros dentários |
Fragmentos de implantes poliméricos |
Nanopartículas de entrega de |
Resíduos de tinta de tatuagem |
Um importante fonte de plástico é a água potável
Os pesquisadores da Universidade de Newcastle estimando que uma pessoa média consome 1.769 partículas de plástico da água potável semanalmente, em comparação com cerca de 11 partículas de plástico do sal e 182 partículas de plástico do marisco, afirmaram que água potável é o maior contribuinte para a ingestão de plástico pelos seres humanos.
Partículas de plástico são encontradas em água engarrafada, água de torneira, águas subterrâneas e superficiais em todo o mundo. Na Europa, 72,2% de amostras, bem como 82,4% das amostras da Índia, e 94,4% de amostram de água encanada nos EUA continham fibras plásticas.
Devido à contaminação plástica que ocorre durante o processo de fabricação de garrafas e tampas plásticas, mudar para água engarrafada não é a resposta, pois as pessoas que bebem exclusivamente água engarrafada podem ingerir mais microplásticos do que aquelas que bebem água da torneira.
Em Nova York, um estudo da Universidade Estadual, testou 259 garrafas de onze marcas populares — incluindo Aquafina, Nestle Pure Life, Evian, Dasani and San Pellegrino — e descobriu-se que continham, em média, 325 pedaços de plástico por litro.
Mesmo quando se decompõe, o plástico não desaparece totalmente do meio ambiente. Porém, transforma-se em minúsculas partículas de plástico, vulgarmente referidas como “lágrimas de sereia” ou “nurdles”, que agem como esponjas para produtos químicos tóxicos que logo após são consumidos por filtradores e outros animais marinhos, danificando os seus corpos.
Além dos produtos químicos tóxicos presentes nos plásticos transferidos para o organismo que os ingere, os microplásticos também podem fazer com que os animais acreditem que estão saciados, fazendo com que parem de comer e morram de fome. Os nurdles são “a segunda maior fonte direta de poluição microplástica para o oceano de tão onipresentes.”
“Os corais preferiam esferas microplásticas e recusaram ofertas subsequentes de ovos de artêmia do mesmo diâmetro, sugerindo que a ingestão de microplásticos pode inibir a ingestão de alimentos”. Segundo apontou os resultados de um estudo.
O que você pode fazer? Diminua o uso de plástico
Você pode evitar tanto o quanto possível o plástico, embora ele seja onipresente na vida moderna, fazendo escolhas conscientes. Adquira tais hábitos:
Sempre que possível opte por produtos que venham em recipientes de |
Procurar opções sem plástico para itens comuns, como brinquedos e |
Itens como lâminas de barbear não descartáveis, produtos de higiene |
Beba água filtrada e use suas próprias garrafas de vidro reutilizáveis |
Para estocar os alimentos prefira os potes de vidro. |
Leve suas próprias sacolas reutilizáveis para as compras. |
Leve seu próprio recipiente para embalar sobras quando for comer fora. |
Na hora de comprar comidas para viagem, deixe de lado os talheres de |
Fonte: mercola