📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Por volta da década de 1870, durante o advento da Guerra Civil Americana, foi desenvolvida a tecnologia para a extração de óleos de sementes. Antes disso, a ingestão média de LA era inferior a 5 gramas por dia, talvez próxima de 2 ou 3 gramas.
  • Ovos e bacon são duas fontes que, hoje, apresentam níveis muito altos de LA, graças à alimentação artificial e rica em AGPIs que recebem.
  • A maioria das pessoas está tão convencida de que as gorduras saturadas são ruins e os AGPIs são bons que agora estão começando a usar tecnologia para transformar as gorduras saturadas dos animais ruminantes em AGPIs.
  • A fazenda Angel Acres Egg Co., da Ashley Armstrong, produz ovos com baixo teor de ácido linoleico (LA), assim como seria feito pela natureza. Em média, seus ovos contêm de 17 a 20 mg de LA, o que representa cerca de um quarto do LA encontrado em ovos comuns.
  • Armstrong também fundou a Nourish Cooperative, um sistema alimentar privado para membros que oferece leite, queijo, carne suína e de frango com baixo teor de AGPIs, além de carne bovina alimentada com capim. A Angel Acres Egg Co. e a Nourish Cooperative enviam alimentos frescos da fazenda direto para a porta da sua casa.

🩺Por Dr. Mercola

A dieta moderna está repleta de LA prejudicial

Por volta da década de 1870, durante o advento da Guerra Civil Americana, foi desenvolvida a tecnologia para a extração de óleos de sementes. Antes disso, a ingestão média de LA era inferior a 5 gramas por dia, talvez próxima de 2 ou 3 gramas.

Hoje, a maioria das pessoas ultrapassa esse limite já no café da manhã. Como observado por Armstrong, ovos e bacon são duas fontes que, hoje, apresentam níveis muito altos de LA, devido à alimentação artificial e rica em AGPIs que recebem.

Ovos e bacon costumam ser vistos como opções alimentares saudáveis, em especial entre os carnívoros. Mas o que a maioria das pessoas não percebe é que o LA é um veneno metabólico que prejudica, ou então destrói, a função mitocondrial, e por isso, os ovos e bacon convencionais se tornam uma combinação nociva à . A boa notícia é que existem maneiras de criar ovos e carne suína sem que fiquem cheios de LA, e é nisso que Armstrong se especializa.

“Acho que a melhor coisa que alguém pode fazer pela sua saúde é rastrear sua alimentação no aplicativo Cronometer por cinco dias e prestar atenção à quantidade de AGPIs na dieta. Se você conseguir reduzir isso ao mínimo, acredito que verá melhorias em sua saúde de forma muito rápida”, diz Armstrong.

“E você não conseguirá isso comendo em restaurantes. Você não conseguirá isso comendo um monte de castanhas e sementes. Você não conseguirá isso comendo bacon comum, gemas de ovos comuns, coxas de frango comuns e coisas assim.

Você precisa prestar muita atenção nos tipos de gordura que está consumindo. É surpreendente pensar que a origem dos alimentos realmente importa nos dias de hoje, porque a abundância dessas opções ricas em AGPIs e LA é um tanto preocupante e assustador”.

Por sorte, a notícia está começando a se espalhar. Agora existe um aplicativo chamado Seed Oil Scout que identifica quais restaurantes cozinham seus alimentos com óleos de sementes e quais não o fazem. A menos que você vá a um restaurante que afirma não usar óleos de sementes, é quase certo que eles estão cozinhando com esses óleos, já que são muito mais baratos do que a manteiga.

Por que ovos saudáveis são tão importantes

Os ovos de galinha são uma parte muito importante da nossa dieta, pois contêm que são muito difíceis de obter a partir de outros alimentos, em particular a colina. A colina, encontrada em abundância nas gemas de ovos orgânicos e de galinhas criadas soltas, foi descoberta pela primeira vez em 1862.

Foi oficialmente reconhecida como um nutriente essencial para a saúde humana pelo Instituto de Medicina em 1998. Desde então, aprendemos que a colina traz uma longa lista de benefícios à saúde. Por exemplo, é necessária para:

Um fetal saudável

Melhora da cognição, memória e função cerebral

Saúde do sistema nervoso — A colina é necessária para a produção de acetilcolina, um neurotransmissor envolvido no funcionamento e saúde dos músculos, do coração e na memória.

Estrutura celular — A colina é necessária para a síntese de fosfatidilcolina, mais conhecida como lecitina, que é essencial para a composição das membranas celulares.

Função mitocondrial

Metabolismo (produção de energia)

Síntese do DNA

Reações de metilação

Saúde cardiovascular

Saúde do fígado, já que a colina é necessária para transportar o colesterol do fígado; uma deficiência de colina pode resultar no acúmulo excessivo de gordura e colesterol.

Uma pesquisa publicada em 2020 também concluiu que a colina possui atividade anti-inflamatória e pode ser útil em especial para aqueles com resistência à insulina e/ou síndrome metabólica. E, embora um suplemento de colina tenha sido benéfico nesse aspecto, os ovos se mostraram muito melhores.

A colina é necessária para a produção de energia

Comentários de Armstrong:

“Em termos de nutrientes máximos por metro quadrado, não sei se há algo que supere a gema do ovo. A mãe natureza projetou o ovo para proteger a gema, pois a gema é a parte mais valiosa do ovo. A casca atua como uma barreira física para proteger a gema, e a clara do ovo possui propriedades antimicrobianas e antibacterianas para preservar a integridade da gema.

Portanto, a gema do ovo é uma fonte poderosa de nutrientes. Ela contém todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento da galinha. Desse pequeno ovo, um frango inteiro se desenvolve. Quão lindo é isso? É incrível. Ela contém uma grande quantidade de vitaminas do complexo B, e todas as vitaminas B são cofatores necessários nas etapas de produção de energia no seu corpo.

Se você não tiver o suficiente de micronutrientes, se estiverem em falta, seu metabolismo não será tão resistente, pois você não terá os cofatores necessários para gerar ATP. Acredito que a colina é um dos nutrientes mais importantes dos quais muitas pessoas possuem deficiência. No metabolismo de carboidratos, na oxidação de carboidratos, a colina é uma etapa necessária na produção de energia”.

Supondo que você não está ingerindo colina de outras fontes, é provável que você precise consumir pelo menos duas, três ou mais gemas de ovo por dia. Eu como seis gemas por dia, mas apenas uma clara de ovo, porque faço exercícios e ando pelo menos oito a dez quilômetros por dia. Quanto mais ativo você for, mais colina precisará para sustentar uma taxa metabólica mais alta.

Armstrong recomenda experimentar gemas de ovo curadas no mel. Basta colocar a gema de ovo em um recipiente de vidro e despejar mel suficiente sobre a gema para cobri-la. Deixe curar durante a noite. Isso vai deixar a gema um pouco mais firme, tornando-a menos líquida. Você pode retirar a gema do mel, comê-la crua e depois reutilizar o mel para curar mais gemas.

Ciência Maluca — Transformando os perfis de ácidos graxos dos animais

Como explicado por Armstrong, o gado é classificado em dois tipos: animais ruminantes, que incluem vacas, cordeiros, cabras e cervos, e animais monogástricos, como frangos e suínos (e humanos).

Os animais ruminantes possuem um sistema digestivo complexo que costuma ser composto por quatro estômagos. A digestão deles envolve uma variedade de micró que ajudam a decompor os alimentos que consomem. Esses micróbios digestivos também convertem os AGPIs da dieta em gorduras saturadas por meio de um processo chamado biohidrogenação. Como resultado, os produtos derivados de animais ruminantes tendem a ter um teor mais baixo de AGPI, mesmo que sejam alimentados com uma dieta rica em AGPIs.

Os animais monogástricos possuem apenas um estômago, e as gorduras que consomem são incorporadas direto aos seus tecidos. É por isso que a carne de frango e de porco criadas de forma convencional são tão ricas em AGPIs.

No entanto, a maioria das pessoas está tão convencida de que as gorduras saturadas são ruins e os AGPIs são bons que estão criando tecnologias para manipular a composição de ácidos graxos em animais ruminantes. Em outras palavras, estão usando tecnologia para transformar as gorduras saturadas de animais ruminantes em AGPIs, o que é nada menos que um desastre.

“É por isso que eu acho que conversas como essa são tão importantes, para aumentar a conscientização e capacitar aqueles que estão na produção de alimentos”, diz Armstrong. “Nossos agricultores precisam ser educados sobre a importância de retornarmos aos estilos de agricultura e aos programas de alimentação tradicionais, para que possamos restaurar os perfis de ácidos graxos naturais que a mãe natureza criou”.

Embora as dietas de ração para monogástricos já sejam muito ricas em AGPIs, os agricultores convencionais também estão usando grãos secos de destilaria (DDGs), feitos a partir dos subprodutos da indústria do etanol, o que está elevando ainda mais o teor de AGPIs nos animais monogástricos.

“Há estudos que mostram que os porcos alimentados com DDGs têm uma composição de gordura com a mesma quantidade de AGPIs que o óleo de canola. Então, na verdade estamos transformando o perfil de ácidos graxos do nosso sistema agrícola em algo pior”, diz Armstrong.

Não seria tão ruim se isso fosse dado a animais ruminantes, pois eles têm a capacidade de converter os AGPIs em gordura saturada. Contudo, estão dando isso a animais monogástricos, como frangos e porcos, transformando esses alimentos em algo que poderá prejudicar sua saúde a longo prazo. É uma pena que não há regulamentações sobre o uso de DDGs, então não sabemos quanto está sendo utilizado nem quem está usando.

Barreiras para alimentos mais saudáveis

Também é lamentável que agricultores como Armstrong, que entendem de nutrição e desejam criar os animais de maneira correta, enfrentem diversas dificuldades. Ela não pode se beneficiar, por exemplo, de rações subsidiadas pelo governo. Ela também não conta com o benefício da escala. Ela explica:

“O maior obstáculo é a ração, porque as grandes fábricas de ração são tão eficientes em suas que conseguem trazer enormes quantidades dos ingredientes para a ração por vez. Eles têm essa economia de escala que é muito difícil de ser alcançada com uma única propriedade rural.

Não estamos trazendo carretas cheias de ingredientes para ração de uma só vez. E quanto mais transporte você tem na produção da sua ração, mais os preços aumentam. Qualquer pessoa envolvida no transporte sabe como o frete está caro hoje em dia. Então, se há um sistema em que grandes quantidades de milho e soja são transportadas ao mesmo tempo, e uma grande quantidade de ração é produzida também, é aí que você pode reduzir bem os custos.

Isso é algo bom, é vantajoso. Mas, no momento, eu não tenho volume suficiente para aproveitar esse tipo de economia de escala. Isso só vai ficando mais caro à medida que começamos a crescer e expandir.

Mas quanto mais agricultores trouxermos para nossa parceria … se conseguirmos desenvolver centros em nossa área e criar essas economias de escala de forma um pouco mais eficiente … trazendo ração para uma central, é aí que podemos começar a reduzir os custos ao longo do tempo e nos tornarmos cada vez mais competitivos com os preços no supermercado.

Se alguém acessar meu site agora e ver o da bandeja de ovos, é provável que se assuste um pouco, mas eu não estou ganhando muito dinheiro com os ovos. Meu objetivo é reduzir os custos de forma significativa ao longo do tempo. Já estamos tomando medidas para alcançar isso.

Por exemplo, estamos otimizando as dimensões das bandejas para que possamos obter melhores tarifas de envio. Outra coisa é que nossa ração, esperamos que nos próximos meses, será entregue em caminhões semirreboque com um braço de auger. Temos usado sacos de ração há anos, e isso é muito caro.

O fato de agora termos a opção de um caminhão semirreboque vai cortar custos significativos na entrega da ração. No final das contas, acho que uma das coisas mais interessantes que pode acontecer é conectar os agricultores de grãos para ração com os pecuaristas.

Precisamos de pessoas para cultivar nossa ração. Não tenho terra suficiente para cultivar os grãos para o nosso gado. Não vamos ter ração pulverizada com pesticidas. Isso é inaceitável da nossa parte. Então, como podemos ter uma rede de agricultores de grãos trabalhando com pecuaristas para produzir alimentos com baixo teor de AGPI e baixo ácido linoleico, cultivados como a natureza faz?

No momento, estamos trabalhando nessas etapas nos bastidores, também para nos conectar direto com as pessoas que cultivam a ração, porque isso é uma parte muito fundamental … Estamos apenas tentando replicar o que a mãe natureza fez 100, 200 anos atrás.

Não importa se os ovos são [rotulados como] ‘orgânicos’; se as galinhas ainda forem alimentadas com soja orgânica, ainda conterão um alto teor de ácido linoleico. Soja orgânica não possui pouco ácido linoleico. A soja convencional e a soja orgânica são a mesma coisa”.