📝RESUMO DA MATÉRIA
- O colostro possui os fatores antimicrobianos como um de seus compostos mais importantes, sendo esses responsáveis por estimular o desenvolvimento do sistema imunológico
- A ingestão de colostro trás benefícios para o gastrointestinal, além dos sistemas metabólico e endócrino; também é útil para reparo e crescimento músculo esquelético
- O colostro pode trazer diversos benefícios como fonte de anticorpos por exemplo, incluindo imunoglobulinas que “estabelecem as bases da imunidade vitalícia”
- O colostro possui capacidade de curar a barreira mucosa do intestino, o que o torna benéfico para a saúde gastrointestinal, sobretudo em distúrbios envolvendo a falha da barreira mucosa, como a doença inflamatória intestinal
- A lactoferrina no colostro ajuda na produção de citocinas anti-inflamatórias que podem auxiliar na prevenção de infecções e sepse; a lactoferrina também apresenta efeitos antibacterianos, antifúngicos, antivirais, antiparasitários, antitumorais e imunomoduladores
🩺Por Dr. Mercola
A substância que todos os mamíferos produzem nos primeiros dias após o parto é chamada de colostro. Colostro possui capacidade para fornecer fonte rica e concentrada de nutrição ao recém-nascido, além de uma composição que o difere do leite maduro, incluindo mais gordura, proteínas, peptídeos, vitaminas, hormônios e fatores de crescimento, além de menos lactose.
O colostro possui os fatores antimicrobianos como um de seus compostos mais importantes, sendo esses responsáveis por estimular o desenvolvimento do sistema imunológico. O trato gastrointestinal é beneficiando pela ingestão de colostro, além dos sistemas metabólico e endócrino. Além disso o colostro é útil no reparo e crescimento do músculo esquelético.
Por mais que o colostro seja conhecido por suas propriedades de nutrição para crianças, muitas culturas o consideram como um alimento medicinal útil para a saúde. O colostro é muitas vezes chamado de “ouro líquido” ou “leite imunológico” devido seus benefícios.
Anticorpos fazem do colostro um aliado para o sistema imunológico
A IgG constitui cerca de 80% a 85% da imunoglobulina presente, porém além dela o colostro inclui imunoglobulinas como (Ig) IgA, IgM. “Componentes bioativos produzidos de maneira natural, as imunoglobulinas constituem a base da imunidade vitalícia”, explicam os pesquisadores na Food Bioscience.
Se tratando de função imunológica, o colostro bovino afeta diversas células do sistema imunológico, incluindo células NK, células T auxiliares, células T reguladoras, macrófagos, células B e o microbioma intestinal.
O colostro pode ser benéfico em caso de uma doença de imunodeficiência não diagnosticada, podendo ser caracterizada por uma diminuição nos níveis de imunoglobulina, onde o mesmo pode atuar. Um estudo descobriu que embora o colostro afete o trato respiratório e possa trazer complicações gastrointestinais, a suplementação de colostro bovino aumentou a imunidade intestinal local e melhorou os sintomas gastrointestinais. Segundo o jornal:
“O colostro bovino é composto por proteínas e imunoglobulinas, fatores estimuladores de colônias, fatores modificadores do crescimento, citocinas anti-inflamatórias, interferon-gama e polipeptídeos ricos em prolina, enzimas lactoperoxidase,tiocianato xantina oxidase e peroxidase, vitaminas, minerais, aminoácidos, óleos essenciais, lactoferrina, lisozima, tripsina e ácido oráctico.
Tais componentes reduzem a atividade inflamatória e exercem um efeito trófico nas células… Presumimos que as imunoglobulinas, os fatores tróficos para as células, entre outros fatores que reduzem a inflamação, a infecção e o intestino permeável nas cápsulas de colostro bovino foram responsáveis pelo resultado positivo nesse caso.”
Além disso, sabe-se que a IgG bovina se liga a patógenos e alérgenos humanos e neutraliza a infecção em células humanas durante os testes. Também limita a inflamação gastrointestinal.
A inclusão de imunoglobulinas bovinas orais em produtos lácteos especializados e nutrição infantil pode, portanto, ser uma abordagem promissora para apoiar a função imunológica em grupos vulneráveis, como bebês, crianças, idosos e pacientes imunocomprometidos.”
A quantidade de IgG no colostro é de fato maior do que no leite maduro. A concentração de IgG no colostro bovino varia de 15 [a] 180 g/L em comparação com 0,35 g/L no leite maduro. De acordo com a equipe de Biociência Alimentar:
“Antes da invenção dos anticorpos artificiais, o colostro era utilizado como uma solução para desbloquear todos os mecanismos de prevenção de infecções microbianas. As imunoglobulinas são conhecidas por seus benefícios para a saúde dos seres humanos se tratando de resposta imunogênica. Quando os hospedeiros são expostos a corpos estranhos (antígenos), esses anticorpos se ligam, reconhecem e destroem as bactérias, toxinas, vírus e outros antígenos.
Sendo assim, na próxima vez que um antígeno infiltrar no corpo, estimula a produção de anticorpos idênticos para eliminar a infecção do corpo. As Igs são cerca de 100 vezes maiores que o leite maduro. O aumento dos níveis elevados de IgGs no BC demonstra diversas propriedades imunomoduladoras baseadas em suas ações imunoprotetoras relatadas por diversos pesquisadores
O colostro auxiliar para um intestino saudável
Trilhões de microorganismos vivem no trato intestinal. A sua composição possui um papel importante em sua saúde, afetando tudo, desde saúde mental e doenças cardíacas até obesidade e problemas de sono. O colostro é apenas um elemento dietético que auxilia a manter um microbioma saudável para a saúde geral e gastrointestinal.
O colostro bovino contém oligossacarídeos, prebióticos que podem promover o crescimento de bifidobactérias no intestino. As bifidobactérias florescem nos intestinos de bebês saudáveis amamentados, sendo conhecidas por trazer benefícios para integridade da barreira intestinal e reduzir a inflamação.
Segundo uma pesquisa publicada na PLoS One, as imunoglobulinas, a lactoferrina e as citocinas do colostro resistem à digestão para serem biologicamente ativas no intestino, podendo modular a microbiota e o sistema imunológico.
Em um estudo realizado com crianças que tinham autismo e sintomas gastrointestinais como constipação, diarréia e síndrome do intestino irritável, uma combinação de suplemento de colostro bovino com probiótico trouxe melhoras para os sintomas gastrointestinais, levando até mesmo a melhorias nos sintomas gastrointestinais crônicos que não responderam a outros tratamentos comuns.
A capacidade do colostro de cicatrizar a barreira mucosa no intestino também o torna ideal para a saúde gastrointestinal, de maneira especial em distúrbios que envolvem falha da barreira mucosa como doença inflamatória intestinal, diarreia infecciosa, enterocolite necrosante e danos causados por anti-inflamatórios não esteróides AINEs).
“Em testes com humanos, há evidências substanciais da eficácia do colostro bovino na doença inflamatória intestinal e na diarreia infecciosa,” escreveram os pesquisadores em uma revisão da Nutrients, acrescentando. Muitos compostos bioativos do colostro auxiliam na melhora da saúde intestinal, incluindo a cura da síndrome do intestino permeável, que é comum em atletas. Uma revisão publicada na Nutrients descobriu que o colostro:
- Apresenta efeitos antimicrobianos e neutralizantes de endotoxinas que podem suprimir a inflamação intestinal e promovem a integridade da mucosa e a reparação dos tecidos
- Ajuda contra doenças inflamatórias intestinais devido aos seus efeitos anti-inflamatórios
- Possui lactoferrina, uma glicoproteína com forte atividade antimicrobiana e apoia o crescimento de bactérias intestinais benéficas
- É uma boa fonte de insulina-1 (IGF-1), responsável por estimular o crescimento e a reconstrução de células e tecidos que podem ajudar a reduzir a permeabilidade intestinal
- Contém ácidos graxos de cadeia curta, ácido linoléico conjugado e gorduras ômega-3, que ajudam a melhorar a integridade da membrana celular interna do intestino
Outras pesquisas sugerem que o colostro bovino pode ser uma opção terapêutica para diversas condições gastrointestinais, como a mucosite induzida por quimioterapia, síndrome do intestino curto, infecção por Clostridium difficile, provável que seja devido a modulação do microbioma intestinal.
O colostro ajuda no combate contra infecções, incluindo gripe
A lactoferrina no colostro ajuda na produção de citocinas anti-inflamatórias que podem ajudar na prevenção contra infecções e sepse. A lactoferrina apresenta efeitos antibacterianos, antifúngicos, antivirais, antiparasitários, antitumorais e imunomoduladores, podendo inibir o crescimento de leveduras, bactérias e vírus causadores de doenças.
Em outro exemplo do potencial antiviral do colostro, os pesquisadores analisaram o colostro com Bifivir, um suplemento contendo 5 cepas de bactérias e fibras prebióticas, em comparação com a vacinação contra a gripe para prevenção da gripe. Quatro grupos de indivíduos foram pareados para distribuição por idade e sexo. No grupo de controle, os participantes não receberam nenhuma medida preventiva, o que resultou em oito episódios maiores de gripe e 12 episódios menores.
Aqueles que receberam apenas a vacina mostraram uma resposta semelhante: 8 episódios maiores e 13 episódios menores. No grupo que recebeu a vacina contra a gripe e os imunomoduladores Bifivir e colostro, houve quatro episódios maiores e nove episódios menores.
O grupo que recebeu apenas os imunomoduladores foi o que se saiu melhor. Houve três episódios maiores e oito episódios menores. Os pesquisadores descobriram que os grupos que receberam a vacina e os imunomoduladores, e o grupo que recebeu apenas os imunomoduladores, tiveram taxas mais baixas de gripe comparados aos outros dois grupos.
Os pesquisadores concluíram que “a administração de imunomoduladores é muito econômica e parece ser mais eficaz do que a vacinação para prevenir a gripe.”
Outro estudo forneceu para estudantes universitários de medicina colostro bovino ou placebo por 45 dias, depois por um período de 7 dias começando no dia 87 que grupos foram incluídos.
O grupo do colostro teve proteção significativa contra infecções do trato respiratório superior, incluindo menos dias sintomáticos e sintomas menos graves. A suplementação feita colostro foi benéfica na prevenção de infecções respiratórias e para melhorar o bem-estar das pessoas com estresse e, portanto, com maior risco de desenvolver tais infecções. Nenhum efeito adverso foi relatado.
O colostro ajuda a saúde metabólica, a pele e os ossos
O colostro é uma fonte mais rica de vitaminas e minerais quando comparado com leite maduro, incluindo vitaminas B2, B12, E e D, além de cálcio, cobre, zinco, magnésio, manganês e fósforo. Seu conteúdo nutricional e compostos bioativos adicionais podem apoiar o diabetes e a doença hepática gordurosa não alcoólica, devido ao colostro ser capaz de reduzir os níveis elevados de glicose e lipídios.
“Os efeitos benéficos do BC para essas condições são de certo modo devidos a diversos constituintes responsáveis por afetar a interação com bactérias luminais e lipopolissacarídeos (LPS), a integridade da mucosa e as respostas imunes inatas e adaptativas”, explicaram os pesquisadores em Nutrientes.
Segundo alguns estudos em animais, o colostro também pode ajudar no aumento da densidade óssea. Já um ensaio clínico em humanos descobriu que aumentou a força das pernas e reduziu a reabsorção óssea em adultos mais velhos quando usado durante o treinamento de resistência. Para a saúde da pele, a aplicação pode auxiliar na redução da inflamação causada pela exposição a alérgenos.
Em um estudo realizado com animais, o colostro junto ao mel foi capaz de reduzir de maneira efetiva as cicatrizes e a dor, protegendo contra infecções e estimulando o crescimento de tecido de granulação em feridas. Existem mais de 120 ensaios clínicos em andamento analisando os efeitos do colostro na saúde humana. No geral, o colostro tem o potencial de influenciar o corpo humano em nível sistêmico, oferecendo benefícios para as seguintes condições:
Quando se deve evitar o colostro
Optando por um suplemento de colostro, procure uma fonte que venha de vacas alimentadas através de pastagens. Comece com uma dose menor de alguns gramas por dia e aumente conforme necessário. Enquanto algumas pessoas utilizam o colostro todos os dias, outras o utilizam para fins mais direcionados ou alternam entre ele.
Atletas o utilizam para aumentar o desempenho, além de ajudar na cura de feridas ou no combate contra infecções em momentos de estresse. No entanto, se você estiver em jejum, é melhor evitar o colostro devido aos fatores de crescimento que ele contém.
Autofagia é o processo que seu corpo usa para ajudar na limpeza das células danificadas,43 incluindo células velhas que não têm mais propósito funcional. O uso de colostro durante esse processo não é indicado, já que os fatores de crescimento aumentam a taxa de crescimento ao mesmo tempo que seu corpo está tentando se livrar das células velhas.
Fonte: mercola