Nesta quarta (29), astrônomos da universidade de Durham, no Reino Unido, anunciaram a descoberta de um buraco negro supermassivo, com aproximadamente 30 bilhões de vezes a massa do Sol. Ele se encontra no aglomerado de galáxias Abell 1201, a 2,7 bilhões de anos-luz da Terra.
“É um dos maiores buracos negros já detectados e está no limite superior de quão grande nós acreditamos que eles podem, teoricamente, se tornar”, disse em comunicado James Nightingale, o autor principal do artigo, publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Societyem. O estudo marca também a primeira vez que um objeto do tipo é encontrado usando o fenômeno das lentes gravitacionais (já falaremos mais sobre isso).
Buracos negros do gênero são os objetos mais massivos do universo: têm de 10 bilhões a 40 bilhões de vezes a massa do Sol. Os astrônomos acreditam que eles existem no centro de todas as galáxias – e estariam diretamente ligados aos tamanhos delas: galáxias grandes teriam buracos negros grandes no meio delas, por exemplo. Mas a formação desses buracos, contudo, ainda é um mistério.
O buraco negro supermassivo que está no centro da Via Láctea, por exemplo, chama-se Sagitário A* (lê-se “Sagitário A-estrela”), e sua massa equivale a de 4 milhões de sóis. Ele está a 26 mil anos-luz de distância. E como todo buraco negro, é uma região do espaço com campo gravitacional super intenso, em que o tempo deixa de existir – e até a luz é engolida. Mas não se preocupe: ele está muito longe para representar perigo a nós.
As lentes gravitacionais
O campo gravitacional de um corpo, você sabe, atrai outros corpos. Não só: esses campos podem ser tão intensos a ponto de desviar a trajetória da luz que passa por eles. É que o que acontece com buracos negros, afinal.
Pois bem: um objeto astronômico que tenha muita massa – e muita força gravitacional, como uma estrela ou uma galáxia – distorce a imagem que capturamos de outros objetos que estejam próximos. Esse fenômeno é conhecido como lente gravitacional – e pode funcionar como uma lupa gigante.
Foi assim que os astrônomos de Durham encontraram o novo buraco negro. Eles também usaram simulações de supercomputadores e imagens capturadas pelo telescópio espacial Hubble para confirmar seu tamanho.
A equipe acredita que essa abordagem pode permitir que cientistas descubram mais buracos negros supermassivos em regiões mais distantes do espaço – e entendam como esses objetos se formam e evoluem.
“A maioria dos maiores buracos negros que conhecemos estão em um estado ativo, onde a matéria puxada para perto deles se aquece e libera energia”, disse Nightingale. “No entanto, as lentes gravitacionais permitem estudar buracos negros inativos, algo que atualmente não é possível em galáxias distantes.”
Fonte: abril