No senso comum, frequentemente a trombose é relacionada ao uso de pílula anticoncepcional, entretanto não é só ela que aumenta o risco de formação de trombos nas pernas. O cirurgião vascular Mateus Borges, diretor de Publicações da SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular), explicou como surge o quadro, sintomas, diagnóstico, tratamentos, prevenção, entre outras dúvidas. Acompanhe!
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O que é trombose?
A “trombose consiste na formação de coágulos no interior dos vasos sanguíneos. Ela pode acometer tanto artérias quanto veias”, explica Mateus. O quadro é considerado comum, com uma incidência anual que varia entre 50 e 100 casos para cada 100.000 pessoas.
O quadro pode se desenvolver em qualquer veia ou artéria do corpo, porém é mais comum nos membros inferiores. Embora a gravidade seja variável, a trombose é “considerada perigosa, particularmente se não tratada a tempo. Uma temida complicação é a embolia pulmonar – o desprendimento dos coágulos localizados na perna que se deslocarão até o pulmão”, alerta o médico.
O que causa a trombose?
O coágulo sanguíneo pode ser causado por lesões nas paredes das veias e artérias ou redução do fluxo de sangue na região. Além disso, há diversos fatores que aumentam o risco de uma pessoa desenvolver trombose, são eles:
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- Idade avançada;
- Obesidade;
- Câncer;
- Imobilização prolongada;
- Doenças inflamatórias;
- Covid-19;
- Estar em pós-operatório;
- Trombofilias hereditárias (condições que geram a predisposição para a formação de trombos);
- Medicamentos hormonais, como anticoncepcionais à base de estrogênio;
- Tabagismo.
Pessoas que se enquadram nos fatores de riscos devem fazer um acompanhamento médico regular. Assim, diante de qualquer sinal, é possível começar um tratamento imediatamente e evitar complicações futuras.
Atenção à trombose, mulheres!
Segundo o especialista, mulheres, entre 20 e 45 anos, apresentam uma maior incidência de trombose venosa do que os homens na mesma faixa etária. Entretanto, por que há essa diferença? “Medicamentos hormonais, como anticoncepcionais à base de estrogênio, principalmente se associados ao tabagismo, aumentam os riscos. A gestação e o puerpério também estão entre as condições que se associam à doença”.
Mulheres em idade fértil, principalmente se fazem uso de métodos contraceptivos hormonais e fumam, precisam ficar atentas aos possíveis sinais de trombose. Além disso, alerte o ginecologista sobre o tabagismo, assim, ele poderá indicar o melhor tipo de contracepção.
Sintomas da trombose
Nem sempre, a trombose apresenta sintomas visíveis. Entretanto, em alguns quadros, os sinais são bem chamativos, como inchaço em todo membro e coloração arroxeada na região (chamada de cianose), além de dor intensa. Entre as manifestações mais comuns, estão:
- Dor no membro acometido;
- Inchaço, geralmente em uma das pernas;
- Dor ao apalpar a musculatura (que ocorre principalmente na panturrillha);
- Enrijecimento da panturrilha;
- Aumento da temperatura da perna;
- Vermelhidão.
Se você apresentar um ou mais dos sintomas acima, busque ajuda médica imediatamente. O especialista que lida com esse tipo de situação é o angiologista ou cirurgião vascular. Caso não seja tratata, a trombose pode evoluir para o seu quadro mais grave e fatal, a embolia pulmonar.
Tipos de trombose
A trombose é classificada a partir do vaso acometido – venosa ou arterial. A mais comum é a venosa profunda, que atinge veias das pernas, como panturrilha e coxa. Já a arterial pode ocorrer em artérias, como a aorta, causando gangrena.
A classificação também considera a evolução do quadro. “A trombose venosa aguda consiste na formação recente dos trombos nas veias (é mais comuns nas pernas). Nessa fase, o risco é de expansão da doença, bem como do coágulo recém-formado se desprender e deslocar para o pulmão, gerando a embolia pulmonar”, explica o especialista.
Já a trombose crônica está relacionada às sequelas. “Na fase tardia, o coágulo pode ser dissolvido ou transformado em uma fibrose que fica aderida ao interior das veias. Outras sequelas consistem nas formações de sinéquias e trabéculas no interior dos vasos”, explica o médico. Nesses casos, pode-se desenvolver a síndrome pós-trombótica e o quadro de insuficiência venosa crônica.
Diagnóstico: como a trombose é detectada?
O exame físico de palpação realizado pelo médico vascular é um dos principais métodos usados no diagnóstico da trombose. Feito isso, normalmente, o especialista recorrerá ao duplex scan, que consiste em uma ultrassonografia (ecografia) vascular com o uso da técnica Doppler. Esse é o exame com maior acurácia para detectar a presença dos coágulos e determinar sua localização.
O médico também pode pedir outros exames de imagem, como: angiotomografia; angioressonância; e flebografia. Com a trombose bem visualizada, é mais fácil entender a extensão do quadro, sua gravidade, bem como estimular o melhor tratamento.
Tratamento
Há diversos tratamentos para a trombose. Normalmente, primeiro, o médico recorre à medicação anticoagulante. “Os remédios visam evitar a progressão da trombose, a embolia pulmonar e, posteriormente, a recorrência da doença”. A duração do tratamento varia de acordo com cada caso. O especialista também pode indicar mudanças de hábitos, como alimentação saudável, exercícios físicos e o e uso de meias elásticas de compressão.
Em casos mais graves, é preciso recorrer aos tratamentos invasivos, como a cirurgia. Reserva-se esse recurso para a trombose mais extensa, “que acomete até mesmo veias intra-abdominais, como as ilíacas e cava, muito sintomática, podendo, inclusive, interferir na viabilidade do membro”.
Como prevenir a trombose?
A prevenção sempre é o melhor remédio! Você pode incorporar atitudes simples ao seu estilo de vida para reduzir as chances de apresentar coágulos nas artérias e veias. Muitas delas estão relacionadas à saúde das panturrilhas, que funcionam como um “segundo coração” para o organismo.
Desse modo, inclua na sua rotina: atividade física regular; controle do peso; uso de meias de compressão, particularmente se você fica parada por longos períodos em pé ou sentada. Além disso, tente se movimentar durante o dia para manter o corpo mais ativo.
Dúvidas frequentes sobre trombose
O cirurgião vascular Mateus Borges esclareceu as principais dúvidas sobre a trombose. Além das informações apresentadas no decorrer da matéria, confira outros pontos que te ajudarão a compreender a gravidade da doença.
Dicas de Mulher – A trombose acontece mais nas pernas? Por quê?
Mateus Borges – Dentre os fatores de risco para a trombose, podemos citar a estase, que significa uma movimentação mais lentificada do sangue. As pernas, pela própria ação da gravidade, tendem a ter uma maior estase sanguínea, por isso, possuem uma maior chance de desenvolver trombose.
Qual é a relação entre anticoncepcionais e trombose?
Anticoncepcionais à base de estrogênio, principalmente se associados ao tabagismo, aumentam a chance de desenvolver trombose.
Existe alguma relação entre a vacina contra Covid-19 e a trombose?
Existe uma relação de trombose e algumas vacinas de COVID, porém a incidência é muito baixa. Também devemos lembrar que a Covid-19, por si só, apresenta elevada incidência de trombose, chegando a 16% dos pacientes mais graves. É melhor prevenir-se contra esse vírus.
Trombose tem cura?
Trombose tem tratamento. Quando o tratamento é realizado na fase aguda e precocemente, pode não deixar sequelas clínicas ou mesmo no interior dos vasos. É importante lembrar, entretanto, que quem teve trombose apresenta uma maior chance de ter um segundo evento. Por isso, é fundamental o seguimento adequado desses pacientes.
Ter trombose é perigoso?
O quadro pode ter gravidade variável, mas é considerado perigoso, particularmente se não tratado a tempo. Uma temida complicação, que pode ser fatal, é a embolia pulmonar, decorrente do desprendimento dos coágulos localizados na perna que se deslocarão até o pulmão.
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O que é uma trombose hemorroidária?
É a trombose das veias do plexo hemorroidário, localizado na região do ânus. Ela tem evolução e fatores de risco diferentes da trombose venosa profunda.
Como visto, a trombose merece atenção especial quando o assunto é a saúde da mulher. Além de aumenta o risco de desenvolvimento desse quadro, os anticoncepcionais hormonais influenciam no desenvolvimento de varizes, que causam dores e inchaços.
Fonte: dicasdemulher