📝RESUMO DA MATÉRIA

  • O leite de amêndoas é difundido como uma alternativa “mais saudável” ao leite comum, mas uma análise mais aprofundada revela o contrário. Além de ter menos proteína e outros nutrientes essenciais, o leite de amêndoas contém carragenina, um aditivo que pode prejudicar a saúde digestiva.
  • As amêndoas contêm ácido oleico e linoleico, e o consumo excessivo dessas gorduras pode prejudicar o metabolismo da glicose, afetando, assim, a saúde celular.
  • Em vez de recorrer a alternativas ao leite, opte por leite cru de vacas alimentadas com pasto. Ele contém aminoácidos essenciais, probióticos, vitaminas, minerais e ácidos graxos que podem promover uma melhora na saúde.
  • Reserve um tempo para procurar um vendedor certificado de produtos lácteos crus. Certos fabricantes de laticínios podem rotular seus produtos como “orgânicos” mesmo sem atender aos requisitos para serem classificados como verdadeiros produtos alimentados com pasto.

🩺Por Dr. Mercola

O leite de vaca tem sido um alimento básico para os humanos há milhares de anos. No entanto, foi apenas no século 20 que o leite de vaca passou a ser vilanizado, e é provável que isso se deva ao seu teor de gordura. Por isso, é comum encontrar muitas alternativas ao leite vendidas em supermercados, sendo uma delas o leite de amêndoas.

O leite de amêndoas é hoje uma das alternativas ao leite de vaca mais vendidas. De acordo com um relatório da Trending Market Insights, a indústria do leite de amêndoas valia 8,5 bilhões de dólares em 2022, e até 2032, deverá alcançar cerca de 25,4 bilhões de dólares, um impressionante crescimento de 198,82%.

Mas, apesar da expansão extraordinária, um olhar mais atento revela que o leite de amêndoas não é bem o que parece ser. Se você é um consumidor frequente desse laticínio alternativo, recomendo que o retire da sua despensa agora mesmo.

Boas razões para evitar o leite de amêndoas

Uma das razões para evitar o leite de amêndoas é seu conteúdo inferior de proteína. De acordo com o The Hearty Soul, uma xícara de leite de amêndoas contém apenas 1 grama de proteína. Em comparação, uma xícara de leite integral contém 8 gramas.

A proteína é um macronutriente essencial para a de músculos e órgãos mais fortes, além de reparar tecidos. Também é útil para o funcionamento de enzimas, hormônios e do sistema imunológico. Se você não ingerir proteína suficiente, sua função cognitiva será afetada, pois pesquisas mostram que a ingestão insuficiente está relacionada à demência senil.

Outra desvantagem do leite de amêndoas é que ele é pobre em nutrientes essenciais. Sua maior parte é água, então você está pagando por um produto diluído. Um relatório revela que as principais marcas utilizam apenas 2% de amêndoas por embalagem vendida, e a carragenina é incorporada para alcançar uma consistência semelhante ao leite de vaca.

Isso, por si só, é mais uma desvantagem, já que pesquisas revelam que esse composto químico é um carcinógeno conhecido. Em modelos animais, a carragenina pode causar úlceras intestinais semelhantes à colite ulcerativa.

O leite de amêndoas também não é adequado para bebês. Na verdade, o único tipo de leite que recomendo para bebês é o leite materno. Em um estudo publicado no The Journal of Nutrition, crianças pequenas que foram alimentadas com leite à base de plantas apresentaram menor peso e altura em comparação com aquelas que consumiram leite de vaca. Pessoas com alergia a nozes, uma condição que afeta 3,9 milhões de americanos hoje, também não são aconselhadas a consumir leite de amêndoa, por razões óbvias.

Mas isso não é tudo. Pesquisas mostram que há mais duas razões pelas quais é melhor evitar consumir leite de amêndoa (ou comer amêndoas, nesse caso) — ele é carregado de ácidos linoleico e oleico.

Amêndoas contêm ácidos linoleico e oleico

Acredito que o ácido linoleico (LA) é o ingrediente mais destrutivo presente na cadeia alimentar atual. É uma gordura poli-insaturada (PUFA) encontrada em óleos de sementes utilizados na , bem como em sementes, nozes, a maioria dos óleos de oliva e óleos de abacate, e em alimentos de origem animal criados com grãos, como frango e carne de .

Para proteger sua saúde, recomendo manter a ingestão de LA abaixo de 5 gramas, mas se você puder mantê-la abaixo de 2 gramas, seria muito melhor. Para ajudar a monitorar seu consumo, você pode usar o Cronometer, um rastreador nutricional gratuito.

Agora, quanto LA há nas amêndoas? De acordo com o California Almond Board, 28 gramas (cerca de 23 amêndoas) contém 3,5 gramas de ácido linoleico. Se você beber leite de amêndoa equivalente a essa quantidade, já ultrapassará a minha recomendação de ingestão diária de LA, pois é necessário considerar o LA encontrado nos outros alimentos que você consome também.

Outro motivo para evitar amêndoas é seu conteúdo de ácido oleico. De acordo com um estudo publicado no Journal of Food Science in Technology, o ácido oleico é, na verdade, o principal ácido graxo encontrado nas amêndoas, representando entre 62,43% e 76,34%, dependendo da variedade. O ácido linoleico está em segundo lugar, em torno de 13,97% a 29,55%.

Alimentos ricos nessa gordura monoinsaturada (MUFA) podem ser ão prejudiciais quanto o LA caso consumidos em grandes quantidades (quando não balanceados com uma quantidade adequada de gordura saturada).

Assim como os PUFAs, MUFAs também podem inibir o metabolismo da glicose, o que não é desejável, já que a glicose é a principal fonte de energia necessária para o seu corpo. Se o seu corpo não queima glicose, a saúde das suas células fica comprometida.

Como o leite integral pode beneficiar sua saúde

Apesar de toda a publicidade em torno das alternativas aos laticínios, acredito que o melhor leite ainda vem das vacas. Em especial, das vacas alimentadas com pasto e criadas de forma orgânica. Nunca beba leite pasteurizado de animais alimentados em confinamento (CAFOs). Isso ocorre porque CAFOs são focos de patógenos devido às condições insalubres em que as vacas são criadas.

Na verdade, o ambiente insalubre comum em CAFOs é uma das razões pelas quais o leite foi pasteurizado a princípio. Em outras palavras, o leite pasteurizado proveniente de CAFOs não é seguro para consumo. Claro, os especialistas reconhecem que a pasteurização prolonga a vida útil do leite, o que é conveniente, mas sua saúde acabará pagando o preço.

Uma das razões pelas quais o leite cru e integral é um alimento tão saudável para você é porque ele contém vários compostos que promovem a saúde e que são perdidos durante o processamento. De acordo com o The Lancet, probióticos, aminoácidos essenciais, diversas vitaminas e minerais, além de fosfolipídios, são encontrados nessa bebida saudável.

Em um estudo publicado na PLOS Medicine, os pesquisadores descobriram que o consumo de laticínios estava associado a um menor risco de diabetes tipo 2 e doenças hepáticas. Em outro estudo, foi constatado que os laticínios ajudam a reduzir o risco de doenças cardiovasculares e síndrome metabólica.

A vilanização do leite começou na década de 1960, quando se acreditava que as gorduras saturadas encontradas nele estavam contribuindo para o ganho de peso e o aumento do colesterol LDL. Mas agora, há evidências em abundância mostrando que esse não é o caso — na verdade, um estudo descobriu que o consumo de laticínios integrais melhorou os níveis de triglicerídeos nos participantes e não aumentou o risco de doenças cardiovasculares.

Gorduras saturadas de cadeia ímpar — Um pequeno, mas poderoso contribuinte para a saúde

Um componente do leite que merece mais atenção são as gorduras saturadas de cadeia ímpar (OCSFs). Um estudo publicado na Scientific Reports sugere que eles podem ser uma gordura essencial na humana, ao contrário do ácido linoleico (LA).

As OCSFs no leite vêm em dois tipos e representam apenas uma pequena quantidade da gordura presente no leite. O primeiro é o ácido pentadecanoico (C15:0), que representa apenas 1%. O outro é o ácido heptadecanoico (C17:0), que representa apenas 0,5%. Apesar da quantidade mínima, sua importância não pode ser ignorada. Conforme observado no estudo da Scientific Reports:

“Os ácidos graxos de cadeia ímpar (OCFAs) na dieta estão presentes em níveis traços na gordura do leite, além de alguns peixes e plantas. Concentrações circulantes mais altas de OCFAs, ácido pentadecanoico (C15:0) e ácido heptadecanoico (C17:0), estão associadas a menores riscos de doenças cardiometabólicas, e uma maior ingestão dietética de OCFAs está relacionada a uma menor mortalidade.

No entanto, os níveis de OCFA circulantes na população têm diminuído nos últimos anos. Aqui, mostramos que o C15:0 é um ácido graxo dietético ativo que atenua a inflamação, anemia, dislipidemia e fibrose in vivo, o que pode ligar-se a reguladores metabólicos-chave e reparar a função mitocondrial”.

Em um estudo realizado em larga escala e publicado em 2018, que reuniu resultados dos EUA, Europa, Austrália e Taiwan, os pesquisadores descobriram que os participantes com os níveis mais altos de gorduras do leite em seus sistemas, em especial as gorduras de cadeia ímpar 15:0 e 17:0, e o ácido -palmitoleico, apresentaram um risco 29% menor de diabetes tipo 2.

Outros estudos publicados mostraram que OCSFs podem ajudar a melhorar a função mitocondrial e aumentar a capacidade do seu corpo de produzir trifosfato de adenosina (ATP), que serve como combustível para as funções celulares. Além disso, níveis mais altos de OCSFs circulando no sangue têm sido associados a menores riscos dos seguintes problemas:

Obesidade

Inflamação crônica

Doenças cardiovasculares

Síndrome metabólica

Esteatose hepática não alcoólica (NASH)

Câncer pancreático

Mortalidade por todas as causas

Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

Para obter todas as vantagens que as OCSFs têm a oferecer, beba leite integral, que possui um teor de gordura de 4%. Outra alternativa é a manteiga crua de vaca alimentada com capim, que possui uma concentração de gordura 20 vezes maior do que o leite integral. O ghee possui 25 vezes mais gordura do que o leite integral. Se você optar pela manteiga, uma dose razoável é de 1 colher de sopa por dia, mas não exceda 5 colheres de sopa por dia.

A melhor maneira de encontrar leite cru

Embora seja possível adquirir leite integral e orgânico em supermercados, é importante saber que ele ainda é pasteurizado. Como a pasteurização elimina bactérias nocivas do leite proveniente CAFOs, o processo também remove bactérias benéficas e pode deteriorar enzimas essenciais.

Para saber mais sobre os perigos da pasteurização, recomendo ler “As 15 coisas que a pasteurização do leite mata”, de Real Milk. O que é ainda mais assustador é que brechas regulatórias permitem que os criadores de gado em CAFOs rotulem seus produtos como “orgânicos”, mesmo que as vacas não estejam se alimentando em pastagens limpas e orgânicas.

É importante ser diligente, em especial quando se trata de comprar leite cru de vaca alimentada com capim ou qualquer outro laticínio. Procure por laticínios não pasteurizados certificados pela American Grassfed Association (AGA), que garantem que você esteja adquirindo apenas laticínios de alta qualidade e alimentados com capim. Para ajudá-lo em sua pesquisa, você pode visitar o site da AGA. Lá, você encontrará produtores que atendem aos rigorosos padrões da AGA para suas vacas:

  • Alimentadas apenas com uma dieta de 100% forragem
  • Criadas em pastagens e nunca confinadas em um curral de alimentação
  • Nunca tomaram antibióticos ou hormônios
  • Nascidas e criadas em fazendas familiares

Outro site que pode ajudá-lo a encontrar leite cru alimentado com capim verdadeiro é o RealMilk.com. Ele fornece uma lista abrangente de fazendas de laticínios crus na sua área. Você encontrará os nomes das empresas e até mesmo o número para contato, permitindo que você converse pessoalmente com o agricultor que produz o leite.

O Farm to Consumer Legal Defense Fund também oferece uma revisão, estado por estado, das leis sobre leite cru. Os moradores da Califórnia também podem encontrar varejistas de leite cru usando o localizador de lojas disponível no RAW FARM, um negócio familiar que opera desde 1998.