Muito se fala dos descontos que o governo prometeu dar ao setor automotivo para “o novo carro popular”, mas será que é uma boa ideia? Mesmo com os preços nas alturas, há uma série de problemas que a medida pode causar.
O lado obscuro do novo carro popular
Os carros realmente estão mais caros, modelos que eram vendidos em 2016 na casa dos R$ 30 mil agora estão na casa dos R$ 70 mil (ou mais). De acordo com o levantamento da consultoria Jato Dynamics mostrou que em 2018 o valor médio do carro no país era de R$ 74.313,90. Hoje, o valor é de R$ 140.319,73. Um aumento de cerca de 90% nos últimos cinco anos, algo relatado com frequência no Garagem360.
Apesar disso, barateá-los pode trazer uma série de consequências, como mais carros na rua impacta na diminuição do uso do transporte público e, consequentemente, trânsitos intensos, baixa qualidade de vida da população, mais acidentes e aumento das emissões de poluição na atmosfera.
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“Não podemos deixar de lado as questões sociais e ambientais que são urgentes no Brasil. O subsídio, que é dito para aquisição de carro popular, não é nada popular, pois a maioria da população não possui renda para aquisição desses veículos. Esse custeio beneficia a classe média e um segmento de empresários específico, avalia Fábio Ferreira, CEO da Empresa 1, centro de inovação em mobilidade urbana.
Para o executivo, além das questões sociais, que precisam de atenção especial, há também o ponto ambiental: “o país tem potencial para ser protagonista mundial nas iniciativas e soluções contra as mudanças climáticas. Em um momento onde é essencial descarbonizar a economia, seguimos na contramão, medidas como a isenção de imposto incentivam exatamente mais emissão de CO₂ na atmosfera”, acrescenta.
Investimentos em mobilidade urbana são mais urgentes
“Esse apoio do governo poderia ser investido em subsídio de tarifa de transporte para estudantes, trabalhadores e para a classe social que não tem acesso ao transporte. É primordial o uso eficiente do espaço público, uma vez que as ruas não comportam mais carros e esse aumento favorece a crescente de acidentes de trânsito, ressalta Fábio”
Ele também destaca dados do Ipea sobre mobilidade urbana. Segundo o Instituto, em média, são necessários 48 carros para transportar a mesma quantidade de pessoas que trafegaria em um ônibus e, ao optar pelo carro, cada pessoa lança 7 vezes mais gás carbônico na atmosfera do que se usasse um coletivo urbano.
Fonte: garagem360.com.br