“Clones” de alguns produtos de marcas famosas, projetos sem muita preocupação com segurança ou qualidade de acabamento, bem como qualidade construtiva muitas vezes colocada à prova eram traços inerentes aos carros chineses da década passada.
Estamos falando de uma fase em que a China tornou a indústria automotiva como algo prioritário, começando a investir cada vez mais no setor, porém ainda longe de obter o mesmo know-how de grandes empresas globais da área.
Contudo, nos idos de 2010, os carros chineses iniciaram sua primeira revolução no mercado brasileiro.
Se ainda não povoavam nossas ruas e avenidas pelos diferentes motivos, como citamos mais acima, ao menos o custo-benefício sempre muito agressivo desses modelos fez muitas marcas tradicionais reverem a oferta de modelos “pé-de-boi” em seus portfólios.
O Chery QQ, por exemplo, ocupou por alguns meses o posto de carro mais barato do Brasil, porém não deixava de oferecer ar-condicionado, direção assistida, travas e vidros elétricos de fábrica.
Com isso – e também por conta de uma evolução natural do mercado –, o público passou a exigir ao menos os itens essenciais de conforto em um automóvel, fazendo marcas como Ford, Fiat, VW e Chevrolet repensarem o conteúdo de itens de série mesmo em seus automóveis “populares”.
Mais de 10 anos depois, empresas como BYD, CAOA Chery e GWM Brasil deixam claro o novo patamar (agora bem mais elevado) ao qual podemos inserir as marcas de origem chinesa (ou que mesclam participação de capital nacional com tecnologia chinesa, como é o caso da CAOA Chery).
Amparadas por um forte fluxo de dinheiro e a capacidade de atração de profissionais de alto nível das principais fabricantes que operam em escala mundial, hoje em dia as três empresas mencionadas no parágrafo anterior importam ou produzem no Brasil veículos tão bons (ou, em alguns casos, até melhores) quanto os vendidos aqui por marcas com histórico centenário de atuação.
A segunda revolução dos carros chineses no Brasil já pode ser vista em alguns lançamentos, como é o caso do Haval H6 Premium HEV.
O modelo da GWM, que conta com motorização híbrida convencional, atua na mesma faixa de preço do Toyota Corolla Cross Hybrid, porém oferecendo conteúdo de tecnologia, eficiência mecânica e porte consideravelmente superiores.
Ao volante, outros SUVs chineses recentes denotam conjuntos bem mais sofisticados do que muitos concorrentes tradicionais.
Nos atendo à relação entre o H6 Premium HEV e o Corolla Cross Hybrid, certamente não será fácil para a GWM fazer o cliente de uma marca tão consolidada no Brasil como a Toyota migrar para o seu representante na categoria, o que vai exigir um marketing massivo para tornar a marca próxima dos consumidores.
Algo nos parece certo: quando o público vencer alguns traços de desconfiança ou até mesmo preconceitos que ficaram de uma outra época, os carros chineses atuais vão promover mudanças enormes no mercado brasileiro, estimulando cada vez mais a concorrência. Algo, sem dúvida, muito favorável para todos nós.
Fonte: autoo
