O interesse em engordar animais no cocho recuou em Mato Grosso. É o que revela o terceiro levantamento das intenções de confinamento, realizado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). A perspectiva é que sejam confinados ao longo deste ano, 555,18 mil bovinos, 10,22% a menos que o volume apontado em julho. O volume é 21,17% menor quando comparado com as 704,26 mil cabeças confinadas pelos informantes em 2022.
Esse movimento foi influenciado pela redução na margem de lucro do confinamento em relação aos anos anteriores, devido à desvalorização no preço do boi gordo.
A pesquisa contou com a participação de 115, dos 153 informantes da amostra, o que resultou na representatividade de 75,16%. As informações presentes são referentes aos participantes do levantamento presentes na amostra do Imea.
Em julho de 2023, 15,38% dos entrevistados informaram que não iriam confinar, já em outubro, o percentual passou para 22,61%. Ainda, em julho 78,85% dos pecuaristas iriam confinar, e em outubro o percentual chegou a 75,65%. Ademais, 1,74% dos produtores relataram indecisão neste último levantamento.
Valor do boi gordo influencia nas decisões
Ainda, dentre os sistemas de engorda realizados pelos entrevistados, a maior parte realiza a terminação dos animais por meio do confinamento (82,80%), seguidos do semi-confinamento (36,56%) e, por fim, a TIP, Terminação Intensiva a Pasto (21,51%).
Com relação às preocupações informadas pelos confinadores, o preço do boi gordo continuou como o principal fator, sendo apontado por 51,28% dos entrevistados em outubro deste ano. Isso é reflexo do efeito da maior oferta de fêmeas para abate: a queda nos preços do boi gordo, afetando a lucratividade da atividade.
A cotação do boi gordo influencia diretamente a confiança dos confinadores, por se tratar do valor de venda do produto. Por isso, entender o comportamento dos preços do boi gordo ao longo do período explica o nível de preocupação dos entrevistados.
No levantamento realizado em abril deste ano, o movimento de desvalorização do boi gordo ainda não havia ganhado corpo, e ainda sim o percentual de confinadores preocupados com os preços do boi gordo foi de 37,36%. Naquele momento, a arroba do boi gordo passou por valorização mensal de 2,24%.
Já no levantamento realizado em julho, 76,92% dos pecuaristas relataram preocupação com os preços de venda. Isso porque em junho o preço do boi gordo passou pela maior desvalorização mensal do ano, com recuo de 9,19% em relação a maio.
Por fim, mesmo que os preços no 3º trimestre de 2023 ainda não estejam “atrativos”, ao longo de outubro, a cotação do boi gordo registrou ganhos significativos, e saiu da média de R$ 178,50 por arroba, em setembro, para R$ 201,40 por arroba em outubro, valorização de 12,83%. Esse foi o maior ganho mensal em 2023.
Custo médio da diária confinada foi o menor durante os três levantamentos
Quanto ao custo médio da diária confinada (alimentar + operacional), principal no sistema de engorda, em outubro o custo foi o menor dos 3 levantamentos realizados em 2023.
Segundo os informantes, o indicador ficou na média de R$ 14,48 cabeças por dia.
Previsão de abate dos animais confinados
Quanto à entrega dos animais terminados, a previsão, segundo o levantamento, é que os abates concentrem-se no segundo semestre do ano, com 79,93% do total dos bovinos sendo abatidos ao longo dos meses. O destaque é para outubro com 15,76% e dezembro com 13,51% do total de animais confinados previstos.
No entanto, cabe ressaltar que este é um número informado de acordo com o planejamento realizado pelos entrevistados, não sendo necessariamente o volume real.
Fonte: canalrural