Instabilidade financeira, climática e política. Esses foram os principais desafios enfrentados pelo setor de proteína animal de Mato Grosso em 2023 e que, segundo o segmento, seguem sendo obstáculos a serem superados em 2024. O investimento mais enxuto da porteira para dentro tende ser a estratégia adotada pelos produtores, na intenção de tentar garantir receita na atividade.
O El Niño, além de castigar as lavouras, prejudica as pastagens e colocam a pecuária em alerta. O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Júnior, comenta que essa situação é muito pesada para recuperar a tempo.
“Ainda temos a preocupação com os grãos e a alimentação. Temos uma tendência de quebra muito grande. Então, a perspectiva de aumento desses custos de produção para confinamento, para aquele que faz uma terminação mais efetiva, nos deixa muito preocupados com esse futuro”, explica.
2023: um ano desafiador
No estado com o maior rebanho bovino do país, chegando a 34,4 milhões de animais, 2023 foi um ano difícil para os pecuaristas. O diretor técnico da Acrimat, Francisco Manzi, diz que esse foi um ano desafiador por conta das ondas de calor intensas.
“Ainda não tivemos o retorno das chuvas e isso diminui a quantidade e qualidade da água. O calor intenso faz com que os animais, mesmo bem adaptados, como os zebuínos de origem da Índia, sintam os reflexos”, afirma.
O valor médio da arroba do boi gordo, do início de janeiro a primeira quinzena de dezembro, ficou abaixo de R$ 217, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Um recuo de quase 22% na comparação com a média de2023. Até o fim de novembro, o volume total de abates chegou a 5,48 milhões de cabeças, cerca de 20% a mais que no mesmo período do ano passado.
“Olha a pecuária não está para amador. 2023 foi um ano difícil. O setor primário todo sofrendo, a realidade não é boa e as perspectivas não são boas. Estamos muito preocupados com o ano de 2024 em cima de um governo que gasta muito e de um setor que sofre muito com uma conta que não é dele”, pontua o vice-presidente do Sistema Famato, Amarildo Merotti.
Dono de um rebanho com aproximadamente seis mil cabeças de gado, o agricultor Jorge Schinoca adota uma produção diversificada na sua propriedade em Jaciara. Ele cultiva soja, milho e floresta. Mesmo assim, enfrentou dificuldades para fechar as contas em 2023.
“Não estamos tendo dinheiro. Se eu falar em números a falta de renda deste ano, passa de R$ 10 milhões. Esse ano [2023] foi o ano da matança de matriz, então nós teremos a diminuição de bezerros para 2024, e oferta de gado gordo também”, diz Schinoca.
Suinocultura espera melhoras em 2024
Nos últimos dois anos, a suinocultura enfrentou uma redução no plantel de aproximadamente 20 mil matrizes. Em 2023, o cenário foi considerado pelo setor um pouco mais favorável, diante da desvalorização da soja e do milho. Entretanto, a expectativa é de retomada do crescimento e da lucratividade na atividade.
Para o presidente da Associação dos Criadores de Suíno de Mato Grosso (Acrismat), Frederico Tannure Filho, 2023 não foi um ano negativo, mas, também não trouxe o alívio que esperavam.
“O valor começou a se intensificar na primeira semana de novembro. E nós sabemos que isso vai até o final da primeira quinzena de dezembro. Então teremos ali 30 dias de melhores preços que nós devemos chegar em um patamar de no máximo de R$ 100 de lucro por suíno durante esse pequeno período”, pontua.
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Fonte: canalrural