Assim como a agricultura, a pecuária segue registrando altos custos de produção e baixa nos preços pagos ao produtor. De acordo com o diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e pecuarista, Julio Rocha, o ciclo da cria é o mais prejudicado em meio a toda a situação.
O diretor da Acrimat, entrevistado desta semana do programa Direto ao Ponto, cita ainda que, além dos custos e baixa nos preços ao produtor, desde a reta final de 2023 o setor ainda sofre com as adversidades climáticas, provocadas pelo El Niño, que também afetou as pastagens.
Julio Rocha destaca que a pecuária se divide em três ciclos de negócios: cria, recria e engorda. Conforme ele, é preciso que os três estejam “equilibrados para a coisa fluir”.
“Os três equilibrados todo mundo ganha o seu pouquinho. Por exemplo, a cria em Mato Grosso está ruim. O preço do bezerro está muito ruim, porque o preço da arroba está muito baixo. Aí você pega o cara que é invernista, que compra os bezerros ou garrotes para engordar e abater, ele quer pagar mais baixo, pois se não a conta dele não fecha”.
O diretor da Acrimat frisa que “com os preços achatados todo mundo sai perdendo no processo dentro da escala pecuária”.
Ciclo da cria é mais oneroso
Na avaliação de Julio Rocha o ciclo da cria seria o mais prejudicado dentre os três, visto ser o mais oneroso.
“Realmente quem mexe com cria a gente tem que tirar o chapéu. É um trabalho árduo. Os preços não estão compatíveis e quando não tem o preço adequado o produtor acaba por interromper [a atividade]. Acaba abatendo as matrizes”.
De acordo com ele, é necessário um prazo de dois anos para que uma fêmea emprenhar, parir e ser realizado o desmame do bezerro. Com um aumento dos abates das matrizes, como se vem observando no estado desde o ano passado, que ultrapassa o percentual de 50% dos animais enviados ao gancho, o impacto na oferta de bezerros é sentido no segundo ano.
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Fonte: canalrural