Entre os meses de setembro e novembro, o comércio brasileiro concentra esforços para o estoque de alimentos e bebidas. É a preparação para abastecer as prateleiras dos consumidores, que virão em busca de itens para compor suas ceias de fim de ano. E o movimento aquece as importações de produtos de países árabes.
Só em novembro deste ano, a importação brasileira de alimentos e bebidas árabes cresceu 32% em receita e 55% em volume frente ao mesmo mês de 2021.
Destaques
No período, os principais fornecedores desse setor foram, entre os árabes, Marrocos, Egito e Tunísia.
Entre os produtos vendidos por esses países, estiveram peixes congelados e itens de maior valor agregado como os azeites de oliva, as tâmaras e os figos.
“Essa é uma época em que as pessoas se preparam para fazer banquetes, tem uma tradição por trás que é importante. Entre outubro e novembro os alimentos e bebidas já devem estar aqui, até porque o importador vai vender para um distribuidor, e este vai vender ao mercado. Então, entre setembro e novembro [essas importações] já aparecem nos dados”, explicou Adilson Carvalhal Junior, presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (BFBA).
Para o executivo, é possível dividir a participação dos árabes neste período do ano em dois pontos. O primeiro é com alimentos árabes que já estão mais incorporados à ceia brasileira. Já o segundo engloba aqueles que têm potencial para entrar nesse cardápio, mas ainda não são tão visados pelos importadores.
Nesse primeiro ponto entram itens como tâmaras e damascos e as especiarias.
“Temos no mercado árabe uma tradição muito forte de frutas secas, o que o Brasil está começando a consumir mais ao longo do ano e não apenas no final dele. Mas há ainda muito trabalho a fazer para que essa alimentação árabe tenha mais presença no dia a dia. Tâmaras, por exemplo, ainda têm baixa penetração no mercado brasileiro. Mas se está vendo um pouco mais até os próprios buffets trabalhando isso. Você começa a ver as pessoas se interessarem, até pela questão da alimentação saudável”, pontuou.
Azeite árabe presente nas ceias
Ainda dentro dessa primeira questão, Junior aponta um produto que já colhe os frutos do trabalho de uma década para se firmar por aqui.
“O azeite da Tunísia tem muita entrada já. Isso tem um investimento nos últimos 10 anos dos produtores de lá. E aí algumas empresas viram que era um produto espetacular. Por que não começar um trabalho com mercados consumidores como o nosso? Isso já é uma realidade. É competitivo e o consumidor não tem problemas em consumir, porque ele está em ponto de precificação muito similar a de outros países e tem altíssima qualidade. Azeite é uma das boas novidades que o mercado árabe trouxe nos últimos anos”, explicou Junior.
Outro produto que vem crescendo são as azeitonas do Egito. Mas há, ainda, espaço para ampliar o leque e aumentar a participação de itens como vinhos, arroz, farinha de trigo, sucos e chocolates. Esses produtos compõem boa parte do que é importado pelo Brasil nos últimos meses do ano, mas que ainda não figuram em grande volume vendido pelos árabes.
Bebidas
“Na parte de bebidas e vinhos, o Líbano, por exemplo, ainda vai ter mais dificuldade de se posicionar, porque há outras origens mais desenvolvidas no mercado brasileiro, como o europeu, e os que são menos taxados, como os do Mercosul”, afirmou Junior.
Apesar disso, o próprio empreendedor, que está à frente da Casa Flora, conta que já está começando a trabalhar com um novo fornecedor de vinhos libaneses. “Decidimos buscar vinho do Líbano porque entendemos que é um produto que tem muito boa qualidade, e não é muito mais caro que outras origens. Mas ainda é um mercado mais de nicho, por estar chegando depois de outras origens mais famosas”, pontuou ele sobre o produto libanês.
Agora, o próximo passo dos importadores é justamente reverter a posição de produtos nichados. Além disso, também levar os itens árabes a integrar a mesa dos brasileiros no final do ano e ao longo do calendário.
“Precisamos expandir os produtos árabes para além da colônia de descendentes árabes. Estamos aumentando [as vendas], mas há muito trabalho a fazer focado em produtos como as frutas secas, por exemplo”, concluiu Junior.
Fonte: canalrural