Depois da reabertura em 2023, o Museu do Ipiranga, em São Paulo, voltou com tudo. Em uma tarde, você consegue fazer uma viagem pela história do Brasil passando por diferentes universos sociais – do trabalho ao ambiente doméstico –, e ainda aprende como funciona a curadoria da instituição.
Exposições temporárias
Em maio, o mobiliário que integra o acervo do Museu do Ipiranga e do Museu da Casa Brasileira será reunido para fazer uma exposição sobre a evolução das formas de se sentar, dormir e guardar. Já no segundo semestre, a instituição prevê uma mostra sobre os impactos ao meio ambiente da ocupação humana do território. As mudanças climáticas serão abordadas a partir de construções históricas.
Exposições de longa duração
Enquanto as temporárias não são inauguradas, há 11 exposições de longa duração para você visitar. Para criá-las, foram selecionadas 3.700 peças do acervo com mais de 450 mil. São pinturas, esculturas, fotografias, objetos e documentos textuais dos séculos 19 e 20 organizados em 49 salas com equipamentos multimídia e recursos de acessibilidade, como material em braile.
As exposições estão divididas nos eixos Para Entender a Sociedade e Para Entender o Museu. A equipe curatorial introduz um novo olhar crítico, que problematiza figuras bandeirantes e o apagamento de personalidades negras e indígenas presentes em muitas das obras do acervo. As peças são explicadas em seu contexto e oferecem contrapontos às versões oficiais, amplamente divulgadas em livros didáticos.
Confira as exposições em cartaz no Museu do Ipiranga:
Para Entender a Sociedade
Uma História do Brasil
Aqui, o visitante fica cara a cara com a obra Independência ou Morte, de Pedro Américo. A exposição atravessa o saguão, a escadaria e o Salão Nobre com pinturas e esculturas da década de 1920, além da decoração projetada para o museu em 1922, no 1º Centenário da Independência do Brasil. A área é tombada e tem as mesmas características de quando foi instalada, então há muitas peças representando bandeirantes e colonizadores como protagonistas do movimento.
Como as obras devem permanecer expostas, a atual equipe de curadoria do museu, que entende que parte dessa interpretação sobre a Independência pode ser considerada racista, propõe uma reflexão crítica.
Passados Imaginados
No térreo, na ala oeste, visões sobre o passado brasileiro são apresentadas em pinturas feitas desde a década de 1890. São quadros que habitam o imaginário popular quando se pensa na história do Brasil, como Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles.
A exposição questiona quem são os personagens deixados de fora das obras que têm como foco homens brancos e líderes políticos. Perguntas similares sobre escolhas de narrativa são feitas a partir de pinturas e também de uma maquete de gesso que representa a cidade de São Paulo há 150 anos.
Territórios em Disputa
A formação do Brasil é fruto de muitos confrontos entre colonizadores e povos originários. Esse é o tema da exposição na ala central do Piso B. Há mapas, instrumentos de navegação e objetos de pedra dos séculos 16 e 19, que fazem parte de uma das coleções mais antigas do museu, para contar a história da ocupação do território. A destruição de aldeias, o genocídio e a escravização dos povos indígenas fazem parte das discussões sobre a colonização.
Mundos do Trabalho
De ferramentas de artesanato a cadeiras de barbeiro, a exposição na ala leste do Piso A apresenta o universo de trabalhadores do campo e da cidade nos séculos 19 e 20. A exposição destaca os trabalhos manuais, por muito tempo vistos como uma oposição ao trabalho intelectual.
Além da dinâmica própria de planejamento e domínio de técnicas de todos os tipos de trabalho, as repercussões sociais das diferentes profissões são abordadas.
Casas e Coisas
Objetos do ambiente doméstico paulista dos últimos 150 anos, como louças e utensílios de cozinha, são expostos para investigar a formação de identidades individuais. As ideias de masculinidade e feminilidade estão relacionadas com esses elementos e são o fio condutor da exposição.
A Cidade Vista de Cima
Depois da reforma do Museu do Ipiranga, os visitantes ganharam acesso ao mirante do edifício. Lá de cima, a paisagem dos jardins e da cidade de São Paulo contrasta com as fotografias aéreas do bairro do Ipiranga na exposição do Piso C.
As imagens foram feitas entre as décadas de 1920 e 2000 e permitem acompanhar a transformação do espaço ao longo do tempo. O jardim do museu, por exemplo, era um terreno descampado na década de 1890. Já o bairro, hoje repleto de condomínios de alto padrão, era ocupado por galpões industriais e fábricas.
Para Entender o Museu
Coletar: Imagens e Objetos
Há uma sequência de quatro exposições no Piso B que abordam os bastidores da curadoria do museu.
Na primeira etapa, o tema é a formação das coleções. Quando o prédio foi inaugurado como o primeiro museu de São Paulo, em 1895, o acervo era composto por itens de botânica, zoologia, mineralogia e etnologia. A característica atual de ser uma instituição especializada em história aconteceu ao longo do tempo com a transferência de parte das coleções para outras instituições.
Catalogar: Moedas e Medalhas
A segunda etapa do ciclo curatorial é explicada aos visitantes através da coleção de moedas e medalhas. No banco de dados do Museu, são registradas várias informações essenciais sobre os objetos, como a época a qual ele pertence, o material de que é feito, sua origem e fabricante.
Conservar: Brinquedos
Bonecas, casinhas, carrinhos e foguetes foram selecionados para lançar luz sobre a terceira etapa: a conservação do acervo, da avaliação inicial, quando o objeto chega no museu, até a guarda na reserva técnica. O processo leva em conta a história dos objetos, então a restauração busca não alterar as características originais em vez de tentar torná-lo idêntico a uma versão nova.
Comunicar: Louças
A última etapa é a exposição das coleções e o diálogo com os públicos do museu. A mostra se torna metalinguística ao abordar as etapas de sua construção: seleção, criação e interpretação. Para ilustrar o processo, foi escolhida a coleção de louças.
Para Entender o Museu
No piso térreo, na ala leste, a exposição conta a história do Museu do Ipiranga e do edifício onde ele se encontra. As histórias do museu e do edifício são apresentadas paralelamente pelas salas. Uma maquete feita pelo arquiteto italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi, na década de 1880, mostra o projeto original do prédio.
Serviço
Quando? De terça-feira a domingo, das 10h às 17h, com última entrada às 16h.
Quanto? R$ 30 (inteira) R$ 15 (meia). Ingressos disponíveis no site. Entrada gratuita com retirada do ingresso na bilheteria física às quartas-feiras, no primeiro domingo de cada mês e nos feriados de aniversário de São Paulo (25/01) e da Independência (07/09).
Onde? Rua dos Patriotas, 20, Ipiranga – São Paulo
Fonte: viagemeturismo