“Mens sana in corpore sano”, diziam os antigos romanos. Além de sábias e grandiloquentes expressões, ainda bem, eles deixaram para os romanos modernos uma cidade cheia de parques e áreas arborizadas, em que é possível praticar esportes ao ar livre enquanto a visão periférica passeia por 2 mil anos de história.
São lugares como o Parco di Villa Ada enfeitado por uma linda lagoa e com o maior perímetro para corridas da cidade. Antiga residência dos reis da Itália, a família Savoia, o Villa Ada tem vários percursos para esportistas – o mais curto com 720 metros de extensão, o mais longo com 4,5 quilômetros. É um ótimo lugar para andar de bike ou para jogar bola nos gramados perfeitos.
Ou como o charmoso Parco di Villa Borghese, onde uma turma fitness mais chique se esforça pra manter os cabelos em ordem ou ensaia selfies. Na região central de Roma, o Villa Borghese é repleto de monumentos e obras de arte que podem ser admirados entre um exercício e outro. Ah… Se for até lá, entre pelo pórtico monumental da Praça San Paolo del Brasile – homenagem dos romanos à cidade mais italiana do Brasil.
Enfim, a oferta de áreas verdes em Roma é respeitável. Mas o melhor lugar da cidade para praticar esportes é o Parco degli Acquedotti, na Via Appia Antica. É um dos maiores parques urbanos da Europa, com mais de 240 hectares, em que a história e a natureza se juntam há séculos.
Ali é possível caminhar, correr ou pedalar entre as ruínas dos aquedutos – é um lugar tão fotogênico que aparece em uma penca de filmes, como La Dolce Vita e A Grande Beleza ou a série Rome. O percurso é plano, fácil de encarar, e há quadras de futebol, tênis, rúgbi e golfe. Nos últimos anos, o Parco degli Acquedotti virou point dos runners da Europa. Se for num dia de sol, leve boné – o local tem muitas áreas sem sombra.
Fora dos muros antigos, no bairro Gianicolense, a Villa Doria Pamphilj tem mais de 2 quilômetros de área verde com várias opções de treino, graças aos equipamentos públicos instalados perto da entrada da Via Vitellia. Há armários para guardar bolsas e banheiros públicos com duchas. Depois dos exercícios, dá pra desacelerar admirando obras de arte. Entre elas, a Fonte do Cupido e o Jardim Secreto, ambos próximos da entrada.
Corredores mais experientes vão ao Parco di Villa Glori, que fica no charmoso bairro de Parioli e é famoso pelas subidas de 100 metros superacentuadas, usadas nos treinos do campeão italiano de atletismo Pietro Mennea, medalha de ouro nos 200 metros nas Olimpíadas de Moscou. O parque foi aberto nos anos 1920 em memória dos mortos italianos na Primeira Guerra Mundial.
É um cenário meio onírico, com pinheiros, carvalhos e oliveiras meticulosamente alinhados, esquilos passando pra lá e pra cá, pôneis que podem ser alugados para um passeio e obras de artistas contemporâneos, como Uncini, Canevari, Castagna, Dompè e Staccioli.
Os amantes de história moderna precisam ir ao Parco di Villa Torlonia. No centro do maravilhoso parque, fica a mansão em estilo neoclássico que foi residência oficial de Benito Mussolini – onde é possível visitar o bunker que ele mandou construir para se proteger dos bombardeios na Segunda Guerra Mundial.
O percurso passa por dois obeliscos egípcios, levados até a cidade no Império Romano, pelo Templo de Saturno ao Teatro e pela interessante Casina delle Civette (ou “Casinha das Corujas”), antiga residência particular e hoje um museu de vitrais.
Mas, no perímetro urbano, também há lugares inesquecíveis para respirar história e exercitar o corpo. O mais sensacional é a Lungotevere, avenida às margens do Rio Tibre. Moradores e turistas andam, correm ou pedalam por ali, sem perder nada dos palácios no Centro de Roma.
Aqui ai o percurso mais indicado para admirar a cidade: saia da Ponte Milvio, na Lungotevere Maresciallo Diaz, vá até a Ponte Garibaldi, na encantadora Isola Tiberina, passe na frente do Foro Itálico, do Castel Sant’Angelo e do Palazzaccio, depois admire a Basílica de São Pedro. Volte pelo outro lado da Lungotevere, passe em frente ao Ghetto Ebraico e ao Ministério da Marinha. São cerca de 7 quilômetros na ida, outros 7 na volta.
Evocando o clima das quadrigas romanas, estilo Ben-Hur, o Anel do Circo Massimo, cenário de antigas competições, é ponto de encontro de corredores. Cercado de ruínas de palácios imperiais, tem fácil acesso graças ao metrô (estação Circo Massimo).
No centro histórico, há pontos onde se pode alugar bicicleta. E os bikers aproveitam muito essa área da cidade, em grande parte fechada para carros. Há percursos inesquecíveis, como o que vai do Coliseu até a Piazza Venezia, passando na Via dei Fori Imperiali, com sua vista linda dos foros romanos.
Outra opção é continuar até a Piazza del Popolo, passar pela Via del Corso ou sair explorando as suas ruazinhas laterais. É lindo. Mas é bom levar um cadeado e uma corrente para prender a bicicleta nas inevitáveis paradas para admirar o esplendor romano. Não à toa, já em 1948, o filme Ladrões de Bicicletas foi rodado na região…
Fonte: viagemeturismo