Barreirinhas é a base mais estruturada dos Lençóis Maranhenses, mas não significa que seja a melhor. Antes de definir a sua viagem, considere os prós e contras e informe-se sobre as outras duas bases para conhecer o parque nacional – Atins e sobretudo Santo Amaro – que vêm crescendo nos últimos anos e preservam um ar mais roots.
aos fatos. Barreirinhas possui uma boa variedade de pousadas, restaurantes e agências de passeios, o que faz com que seja conveniente para quem viaja de pacote ou busca opções mais econômicas.
O burburinho é na Avenida Beira-Rio, que à noite tem a sua graça com músicos tocando na calçada e mesas espalhadas de frente para o Rio Preguiças. Fora dali, o município é composto por ruas pouco charmosas e movimentadas, principalmente de motos.
Apesar da maioria dos viajantes se hospedar em Barreirinhas para conhecer os Lençóis Maranhenses, essa é na verdade a base que fica mais distante do parque nacional: é preciso pegar uma balsa para atravessar o Rio Preguiças e encarar um trajeto de mais de uma hora por uma estrada de areia e mata fechada até chegar às lagoas mais próximas.
Por outro lado, Barreirinhas oferece uma variedade maior de atividades para além das lagoas e que são ótimas, como os passeios de voadeira pelo Rio Preguiças até Caburé e o bóia-cross no Rio Formigas.
PASSEIOS EM BARREIRINHAS
Como o município de Barreirinhas é bem mais estruturado que os vilarejos de Atins e Santo Amaro, há quem o escolha achando que terá uma experiência mais confortável. Mas quando o assunto são os passeios, Barreirinhas é disparado a base com mais perrengue, como eu constatei logo no primeiro dia.
Os passeios são feitos em caminhonetes 4×4, geralmente da Toyota, que são adaptados para receber até doze pessoas (espremidas) em bancos na caçamba. Quando o veículo é quatro portas, é comum colocar mais duas ou três pessoas no banco traseiro dentro da cabine interna.
Ao chegarmos nas margens do Rio Preguiças, ficamos mais de uma hora na fila da balsa. Como a espera é longa, a maioria acaba descendo das caminhonetes para aguardar com mais conforto na sombra de alguma árvore. Por ali há mercadinhos e dá para se abastecer de água, que em geral não está incluída no passeio, e comidinhas.
Depois de atravessar o rio, o 4×4 roda por mais de uma hora por uma estrada de areia e mata fechada. O percurso é com emoção: além de sacolejar bastante, quem está na caçamba tem que tomar cuidado para desviar de galhos.
Diferentemente de Santo Amaro ou Atins, em Barreirinhas os 4×4 não conseguem chegar muito perto das lagoas, então é preciso caminhar um tanto até elas. Para nós isso não foi um problema, mas vi idosos e outras pessoas com dificuldade de locomoção que acabaram desistindo de escalar as dunas, bem altas por ali, e não tinham outra opção senão esperar no carro.
O volume de turistas é grande em Barreirinhas, mas caminhando um pouco conseguimos encontrar lagoas quase vazias. Os passeios costumam terminar com o pôr do sol, que é lindíssimo. Mas você logo volta à realidade com os guias gritando a plenos pulmões para todo mundo voltar para o carro.
Depois entendi que essa pressa faz sentido porque chegar por último na balsa significa encarar fila e espera maiores. O lado bom é que ali há barracas vendendo tapiocas (aceitam PIX!), que serviram para forrar o estômago até chegarmos em Barreirinhas, quase duas horas depois.
Confira, a seguir, os principais passeios em Barreirinhas:
Circuito Lagoa Bonita
No passeio mais bonito de Barreirinhas, o 4×4 deixa os passageiros aos pés de uma duna de cerca de 70 metros de altura. Há uma escadaria de quase 150 degraus para facilitar a subida até o topo, que é um dos pontos mais altos do parque nacional. A recompensa é uma das vistas mais incríveis dos Lençóis Maranhenses: você consegue ver, de uma só vez, várias lagoas entre as dunas. Em seguida, o guia deixa o grupo relativamente livre para explorar as lagoas do entorno. O tempo à disposição depende muito de quanto você ficou esperando na fila da balsa: no meu caso, sobraram uma hora e meia. Depois de assistir ao pôr do sol, todos descem a escadaria para encontrar com seus guias e iniciar o trajeto de volta para Barreirinhas.
Duração: Meio dia
Circuito Lagoa azul
O circuito ficou fora do meu roteiro, mas funciona de modo parecido com o anterior. O carro deixa os visitantes aos pés de uma duna – menor que a da Lagoa Bonita. Os visitantes então caminham para conhecer cinco lagoas nos arredores, com paradas para banho nas que estiverem mais cheias de água e bonitas. O tour termina com o pôr do sol.
Duração: Meio dia
Passeio pelo Rio Preguiças até Caburé
Depois de ter estado em Santo Amaro e feito o Circuito Lagoa Bonita em Barreirinhas, me dei por satisfeita no quesito lagoas e troquei o Circuito Lagoa Azul pelo passeio de voadeira no Rio Preguiças, o que acabou sendo uma ótima decisão. A vegetação de mangue em torno do rio é lindíssima e as três paradas são bem agradáveis. Na primeira, em Vassouras, você encontra algumas dunas onde se escondem uma lagoa e um parque eólico. Ali também há um restaurante e muitos macaquinhos que – cuidado – roubam os óculos e os bonés dos desavisados. Melhor manter distância e não alimentá-los. No povoado de Mandacaru, a atração é o Farol Preguiças, que você pode subir para ver o rio de cima. Mas eu gostei mesmo foi de tomar um sorvete sentada na sombra de um dos cajueiros, observando o vai-e-vem dos moradores. Já Caburé, a última parada, tem praia de rio de um lado e praia de mar do outro. Ali, os restaurantes servem bons PFs de peixe (leve dinheiro vivo) e têm redes para descansar depois do almoço.
Duração: Dia inteiro
Boia Cross no Rio Formiga
Um passeio que vem crescendo em Barreirinhas é o boia cross ou flutuação pelo Rio Formigas no povoado de Cardosa, a cerca de uma hora do centrinho. O trajeto é feito de jardineira e a atividade consiste em subir em uma boia e se deixar levar pela correnteza por cerca de 40 minutos – ótimo para descansar do sobe e desce das dunas.
Duração: Meio dia
AGÊNCIAS DE PASSEIO EM BARREIRINHAS
Passeios de 4×4 ou de barco podem ser reservados em agências como a Taguatur e a São Paulo Ecoturismo. A Caetés organiza tours privativos.
QUANDO IR PARA BARREIRINHAS
A melhor época para conhecer os Lençóis Maranhenses é quando o tempo está firme e as lagoas cheias, o que geralmente acontece entre junho e setembro. A duração da temporada varia dependendo do quanto choveu no primeiro semestre. Em Barreirinhas e Atins as lagoas costumam durar menos do que em Santo Amaro.
COMO CHEGAR E COMO CIRCULAR POR BARREIRINHAS
Da capital São Luís leva-se cerca de quatro horas de carro até Barreirinhas. Todo asfaltado, o trajeto começa na BR-135, segue pela BR-402 e termina na MA-225, que dá acesso a Barreirinhas. Fiz o percurso com tranquilidade com um carro Volkswagen Voyage alugado no aeroporto de São Luís. Estar motorizado pode ser útil para circular por Barreirinhas caso você esteja hospedado longe da Avenida Beira-Rio, onde se concentram os restaurantes.
Quem prefere não alugar carro pode contratar um traslado saindo de São Luís e usar os táxis e mototáxis, onipresentes nas ruas de Barreirinhas. Estando hospedado no centro, dá para fazer quase tudo a pé.
Veja as melhores opções de voos para São Luís
ONDE SE HOSPEDAR EM BARREIRINHAS
A melhor opção de hospedagem em Barreirinhas é o Porto Preguiças Resort (nota 9,2/10 no Booking), que se destaca pela área de lazer com duas piscinas, quadras de tênis, academia e restaurante. Há também caiaques à disposição para remar no Rio Preguiças, logo em frente. Fica afastado do centrinho, mas próximo da fila da balsa.
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O Porto Preguiças é vizinho do Orla Náutica, onde me hospedei, composto por chalés simples para até quatro pessoas. Há piscina, redário e um deck que dá acesso ao Rio Preguiças.
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Do lado oposto de Barreirinhas, também afastado do centro e à beira do Rio Preguiças, está a Encantes do Nordeste (nota 8,4). Destaque para a categoria “suíte”, que tem cama king-size, sala de estar separada do dormitório e banheira de hidromassagem.
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A Encantes do Nordeste é praticamente vizinha do Gran Lençóis Flat Residence (nota 8,6), que chama atenção ao longe pelo tamanho: é uma construção de seis andares, algo praticamente inexistente em Barreirinhas. Tem piscinona e sala de jogos.
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A Pousada Murici (nota 8,1) une o melhor dos dois mundos: fica no centrinho e tem praia de rio. A decoração das áreas sociais é composta por peças de cerâmica, figuras religiosas e artesanato sob o tema do bumba-meu-boi.
A Pousada do Buriti (nota 8,9) é uma das melhores opções no centrinho e serve um café da manhã elogiado. Fica a cerca de cinco minutos da Avenida Beira-Rio. A Pousada Lins (nota 8,4) está ainda mais próxima, a 200 metros, e possui quartos para até quatro pessoas.
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Uma opção econômica na região é o Hostel Em Boas Mãos (nota 9,2), com dormitórios compartilhados e privativos – alguns possuem ar condicionado e outros, ventilador (consulte antes de reservar).
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ONDE COMER EM BARREIRINHAS
O centrinho de Barreirinhas está assistindo a chegada de grandes redes: agora há uma loja d’O Boticário e uma unidade do fast food de sanduíches Subway.
Mas na Avenida Beira-Rio ainda predominam dois restaurantes das antigas com música ao vivo e cardápios que têm de tudo um pouco: O Jacaré e A Canoa. Nesse último, almocei um bom prato de peixe ao som de um forrozinho.
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Por ali também fica o O Bambu, que serve sushis e yakissobas. Para a sobremesa, vá à Sorveteria Frutos de Goiás – o de cupuaçu é uma delícia.
Em uma travessa da Avenida Beira-Rio, o Nautz foi um achado. Comemos bons hambúrgueres nas mesinhas de madeira espalhadas pela calçada enquanto assistimos um músico arrasar no violão.
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Faltou conhecer o elogiado Bambaê, que fica afastado no centro, mas ainda à beira do Rio Preguiças. Quem vai de dia consegue dar um mergulho antes ou depois do almoço. À noite, o cardápio inclui pizzas.
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Última dica: Caso você pretenda conhecer tanto Barreirinhas quanto Santo Amaro na mesma viagem, minha recomendação é começar por Barreirinhas e deixar Santo Amaro, que é mais relaxante e tranquila, por último. E também porque indo primeiro para Barreirinhas, que é mais distante, no caminho de volta Santo Amaro está mais próxima de São Luís.
Fonte: viagemeturismo