No amplo universo dos trens turísticos, há muitas escolhas possíveis: desde aqueles que são especificamente pensados para viajantes de outros lugares conhecerem uma região com todo o conforto, até aqueles que têm apenas a função de levar de um canto a outro – e os atrativos na verdade estão fora dos vagões. No Canadá, o Skeena é uma espécie de meio-termo entre os dois cenários.
Apesar de ter se tornado um atrativo turístico a partir dos anos 1990, o charme do Skeena é operar na mesma linha – e tipo de trem – que funciona há décadas como um serviço regular de passageiros percorrendo os quase 1,2 mil quilômetros entre Prince Rupert, na costa do Pacífico, e Jasper, em meio às Montanhas Rochosas canadenses. É diferente, por exemplo, do Rocky Mountaineer, um trem mais voltado ao turismo que também explora a região. No Skeena, são mais de 30 estações pelo caminho e, em épocas normais, o trem pode parar em qualquer uma delas se algum morador desejar embarcar.
Mesmo assim, o trem, que faz questão de manter o aspecto rústico da ferrovia tradicional, também conta com um vagão panorâmico para os meses da alta temporada. E há até a opção de um longo tour de semana inteira para explorar as maravilhas naturais dessa parte da América do Norte.
“Passeio rústico” pelas montanhas
O meio-termo entre um serviço de turismo e um trem regular, por sinal, está na própria transformação vivida pela linha. Originalmente, o Skeena vencia o trajeto inteiro em uma única jornada: parava e seguia conforme as estações se sucediam, mas quem queria fazer percurso completo precisava se preparar para dormir nos assentos. Hoje, há uma escala obrigatória na cidade de Prince George, quase no meio do caminho, onde os turistas pernoitam em um hotel – incluído no preço da passagem.
A mudança surgiu por uma necessidade econômica: vendo como o trem visitava as comunidades apenas de passagem, os governos locais concluíram que colocar na rota a possibilidade de desembarque serviria de incentivo para que os viajantes parassem e conhecessem outros atrativos regionais.
Deu certo: atualmente, além de poder seguir escolhendo a linha regular que faz a viagem ao longo de dois dias (já incluída a noite em Prince George) o ano inteiro, quem quer uma experiência mais completa pode investir na “The Skeena Train Trip”, o tour de uma semana que opera entre maio e setembro – os meses mais quentes. O caminho é o mesmo, mas conta com paradas mais longas para explorar as atrações em tours guiados fora dos vagões.
Os grandes atrativos da viagem são as paisagens deslumbrantes dessa parte do Canadá. Em qualquer sentido – para cima ou para baixo da cordilheira – o viajante alterna vistas majestosas das montanhas nevadas, de grandes lagos esverdeados, e da vegetação típica que vai se transformando no caminho entre as Rochosas e o Pacífico. Dependendo da época, quem tiver sorte também tem vislumbres da fauna local, como ursos, alces e águias.
O passeio normal no Skeena é na classe econômica, junto com os usuários do serviço regular, mas o pacote turístico que opera nos meses de verão também dá acesso ao vagão especial com um teto abobadado de vidro, o Skyline Car, que permite uma vista panorâmica dos arredores.
Quando (e quanto custa) viajar no The Skeena
A viagem está disponível às quartas, sextas e domingos, com saídas nos dois sentidos. No caminho rumo ao leste, subindo as montanhas, o trem parte de Prince Rupert às 8h, com parada intermediária para pernoite em Prince George às 20h30 – na manhã seguinte, o trem sai às 8h15 e chega em Jasper às 17h.
Já no sentido oeste, descendo até o oceano, o trem parte de Jasper às 12h45 e chega à parada intermediária em Prince George às 19h. Na manhã seguinte, o trecho final até Prince Rupert começa às 8h da manhã e conclui às 20h25.
Os valores podem variar conforme a temporada, e é preciso entrar em contato com a operadora para pedir uma cotação. Na classe econômica, uma passagem para duas pessoas costuma ficar na média de 175 dólares canadenses (R$ 730), contando o pernoite pelo caminho em um quarto compartilhado.
Já na Skeena Train Trip, que dura uma semana (ao longo da qual é sempre necessário dormir em um hotel), os valores partem de 2.569 dólares canadenses por pessoa (R$ 10,6 mil), com possibilidade de upgrades para quartos mais luxuosos para os pernoites.
Fonte: viagemeturismo