Casas com fachadas coloridas aos pés do Signal Hill compõem o bairro de Bo-Kaap que, além de ser um dos mais fotografados, é também um dos mais antigos da Cidade do Cabo – algumas das construções datam do século 18.
A ocupação do local começou com a chegada de um colonizador holandês que construiu casas na área com o propósito de alugá-las para pessoas escravizadas e imigrantes na década de 1760, a maioria delas vindas do Sul e do Sudeste Asiático. Uma comunidade ligada à religião islâmica se formou no bairro, dando origem à primeira mesquita na África do Sul, a Mesquita Auwal, construída em 1794.
Na década de 1940, o governo tentou expropriar parte dos moradores para dar seguimento a um projeto de renovação do bairro, mas o grupo lutou pela sua permanência e as casas permaneceram. São cerca de mil residências no bairro de Bo-Kaap.
Durante o regime do Apartheid, as leis racistas que proibiam a convivência entre brancos e negros na África do Sul estabeleciam também em quais bairros cada grupo étnico poderia morar. Ficou designado que os “malaios”, como eram chamados os muçulmanos negros sul-africanos, deveriam viver em Bo-Kaap. Pessoas de outras etnias e religiões foram obrigadas a se mudar. O caso foi uma exceção, já que os bairros para onde pessoas negras foram segregadas ficavam, em geral, na periferia da Cidade do Cabo.
Uma das mesquitas que refletem a tradição muçulmana do bairro. Na foto, a mesquita Auwal, do século 18
Por que as casas de Bo-Kaap são coloridas?
Ninguém sabe ao certo a razão para as cores vibrantes que colorem as fachadas das casas de Bo-Kaap. Uma das hipóteses explica que, enquanto as casas eram alugadas pelos proprietários holandeses, era obrigação mantê-las pintadas de branco. Com o fim da escravidão, os moradores passaram a poder adquirir as propriedades, e pintaram as fachadas de diversas cores para comemorar.
Outra lenda local diz que as cores fazem referência às profissões de quem morava nas casas: depois de um médico pintar a fachada de vermelho para sinalizar que ele oferecia atendimento à saúde ali, os demais comerciantes e trabalhadores seguiram a moda e também escolheram diferentes cores para suas casas.
Dicas para curtir Bo-Kaap
Bo-Kaap fica a cerca de cinco minutos a pé do centro da cidade, então vale a pena combinar os dois bairros em um mesmo passeio. Existem várias opções de passeios guiados a pé – inclusive gratuitos – e também de scooter, os chamados scootour.
Mas não é difícil explorar o bairro por conta própria. Caminhando pelas ruas de paralelepípedos, você verá uma porção de casas coloridas até chegar ao Museu de Bo-Kaap, sediado na construção mais antiga do bairro.
A casa tornou-se monumento nacional em 1965 e foi restaurada na década seguinte. O museu é mobiliado da forma como as residências eram no século 19 e mostra o modo de vida das famílias muçulmanas de Bo-Kaap na época. O ingresso custa 60 rands sul-africanos (cerca de R$ 20) e o museu fica aberto de segunda-feira a sábado, das 9h às 17h.
A gastronomia também é uma atração de Bo-Kaap. Muitos restaurantes do bairro vendem samosas, receita indiana parecida com o nosso pastel. Alguns dos mais tradicionais são o Bo-Kaap Koimbuis, o Biesmiellah e o Bo-Kaap Deli. Em alguns tours, os visitantes têm inclusive a oportunidade de aprender preparar receitas típicas.
Fonte: viagemeturismo