Com uma das mais belas vistas da Baía de Nápoles e do Monte Vesúvio, uma lenda fascinante e um nome inusitado, o Castel dell’Ovo (literalmente “Castelo do Ovo”) é a mais antiga fortificação ainda em pé na maior cidade do sul italiano.
A origem do lugar remonta ao Império Romano, com diferentes fortalezas militares se instalando na área através dos tempos. Entre idas e vindas, a ilha ganhou seu primeiro castelo de verdade no século 12, servindo tanto como residência da nobreza quanto entreposto de defesa militar para Nápoles e arredores até a Segunda Guerra Mundial, graças à sua localização privilegiada.
Mas, além da antiguidade do local, o que realmente atrai visitantes para o Castelo dell’Ovo é a forma como sua lenda se relaciona com o imaginário napolitano. Mesmo com o acesso à área interna interrompido temporariamente para obras de restauração, ainda vale caminhar até os arredores do castelo para ver as muralhas que restam na fortaleza e a paisagem ao redor.
Por que “Castelo do Ovo”?
A lenda que emprestou o nome inusitado ao castelo ganhou força na Idade Média, mas se refere a algo ainda mais antigo. Segundo a tradição, o poeta romano Virgílio – que viveu entre os anos 70 e 19 a.C. e adquiriu fama de feiticeiro em tempos medievais – teria colocado um ovo mágico nas fundações do castelo.
Uma versão ainda mais elaborada da lenda garante que o ovo seria da própria sereia Partenope. Na tradição grega clássica, Partenope se afogou nos mares após seu canto não seduzir Odisseu, e seu corpo teria aparecido em uma ilha do que viria a ser Nápoles – justamente a ilha Megáride, onde o castelo foi construído mais tarde.
Colocado nas fundações, o tal ovo tinha dupla função: proteger a própria fortificação e, por extensão, a cidade. Enquanto o ovo estivesse inteiro, garantiam os locais, nada de mau aconteceria.
O rumor foi incorporado de tal forma na sabedoria popular da região que, nas vezes em que alguma parte do castelo caía (como ocorreu em um terremoto no século 14), as autoridades precisavam tranquilizar a população de que o suposto ovo seguia íntegro e em seu devido lugar, ou pelo menos havia sido substituído por outro com poderes parecidos.
Mas, como o castelo passou por inúmeras reconstruções desde os tempos de Virgílio, é pouco provável que reste qualquer resquício de um ovo mágico, se é que ele esteve lá algum dia.
A hipótese mais forte é que a explicação tenha surgido em algum momento do século 13 como uma tentativa de explicar o nome popular da fortificação – conhecida em tempos passados como Castrum Lucullanum -, que talvez tivesse relação com o formato ovalado que parte das muralhas possuía na época.
Como visitar
O Castel dell’Ovo fica localizado na antiga ilha Megáride, hoje uma península conectada à cidade, à qual o visitante pode chegar a pé. Partindo da Piazza del Plebiscito, uma das mais famosas da cidade, são 15 minutos de caminhada seguindo na direção do mar.
Em tempos normais, o castelo abria todos os dias para visitação gratuita, mas atualmente a atração está fechada por tempo indeterminado.
O castelo já havia sido fechado temporariamente em 2022 por razões de segurança – ironicamente, após a queda de algumas pedras da fachada, o que em outros tempos talvez causasse comoção popular pela situação do ovo. Depois da reabertura, um novo acidente provocou outra interdição no começo de 2023, para mais obras de restauração.
Ainda não há previsão para o acesso interno ser liberado, mas continua sendo possível ver o castelo por fora.
Fonte: viagemeturismo