A fascinação nunca está distante quando o assunto é aurora boreal. O fenômeno completamente natural parece carregar um quê de sublime e místico dada beleza do que projeta nos céus. Mas a explicação científica não tira o encanto: quando o vento solar interage com o campo magnético da Terra e com gases da atmosfera, partículas que emitem luz são produzidas, daí resulta o show de cores. Se a aurora boreal será vermelha, verde, azul ou roxa, depende de uma série de equações químicas, então nenhum espetáculo é como o outro.
A faixa de países próxima ao Círculo Polar Ártico tem aparições recorrentes. Já estando na zona do planeta em que o fenômeno ocorre, a questão é procurar um céu escuro e limpo entre 21h e 2h. Os meses indicados para a viagem são do final de agosto até o início de abril, quando as noites são mais longas e o clima é favorável nos países do norte.
No Brasil, há agências que vendem pacotes específicos para ver o fenômeno. Marcos Brotto é caçador das luzes há mais de dez anos e já guiou turistas em mais de 100 viagens com a Marco Brotto Expeditions. O especialista organiza viagens em grupo com roteiros que incluem hospedagem, refeições e, claro, incursões noturnas de olho nos céus.
A Borealis Expedições, outra agência especializada, vende pacotes individuais ou em grupo no Círculo Polar Ártico. As jornadas têm tours em pontos turísticos dos destinos e caçadas à aurora com guias locais. Não é possível ter completa certeza de que as cortinas de luzes vão se abrir, afinal a natureza é quem está no controle, mas os roteiros são montados de forma a aumentar as chances de ver o fenômeno.
Fizemos uma lista de destinos para você ir atrás da aurora boreal. Em todos os locais, o passeio pode ser feito em tours com guias que têm vasta experiência na caça à aurora boreal. Veja abaixo:
Noruega
Tromsø, no norte do país, é carinhosamente apelidada de “a capital norueguesa da aurora boreal”. Com esse nome, não é surpresa que o fenômeno seja visto até mesmo no centro da cidade.
Mas o espetáculo é mais bonito quando se está distante das luzes da rua, como no topo da montanha Storsteinen, acessível de bondinho, ou no Lago Prestvannet, a 20 minutos de caminhada do centro. O voo de Oslo até o Aeroporto de Tromsø leva duas horas. De lá, são vinte minutos de carro até o centro da cidade.
A cidade de Bodø, um pouco mais ao sul da Noruega, também tem altas chances de visibilidade da aurora. A montanha Rønvik, a 3 km do centro da cidade, tem um platô onde a observação pode ser feita. A viagem de avião de Oslo até Bodø demora 1h30. A partir do Aeroporto de Bodø, dá para chegar de barco às Ilhas Lofoten, onde o Mar da Noruega completa o cenário das luzes etéreas.
Não existem voos diretos do Brasil para a Noruega, é preciso fazer conexão em alguma capital europeia e seguir até o Aeroporto de Oslo, a 20 km do centro da capital.
Finlândia
Como se fosse pouco ser a terra do papai noel, a Lapônia é também um dos melhores lugares para se ver a aurora boreal. A cidade de Rovaniemi — residência oficial do bom velhinho — é muito buscada para admirar o espetáculo natural, mas o fenômeno pode ser visto de qualquer lugar da Lapônia desde que o céu esteja escuro e limpo o suficiente.
O fácil acesso até a vila de Ivalo faz com que ela também seja procurada para admirar o espetáculo natural na região. Embora não seja possível ir diretamente do Brasil para a Finlândia (é preciso fazer conexões em aeroportos europeus), quando você já está em Helsinque é possível voar até o Aeroporto de Ivalo em duas horas. Rovaniemi também é acessível da capital: o voo demora 1h30.
Saindo de Ivalo de carro, é possível chegar a outro destino dos caçadores de aurora em duas horas: Utsjoki, a cidade mais ao norte da Europa, onde a aurora boreal acontece quase todas as noites de setembro a abril.
A vila de Kilpisjärvi, perto da fronteira com a Noruega, é outro destino com as condições ideais para ver a aurora boreal finlandesa. O acesso é feito a partir do Aeroporto de Rovaniemi, a 400 km do vilarejo.
O Instituto Meteorológico da Finlândia tem um site para monitorar em tempo real a probabilidade do fenômeno acontecer de acordo com a região do país. Confira aqui.
Suécia
O norte é a melhor região da Suécia para ver a dança das luzes. No vilarejo isolado de Abisko, perto da fronteira com a Noruega, as condições são ótimas: o clima é seco, então o céu tem poucas nuvens, e o nível de poluição no ar é baixo.
A visibilidade é melhor dentro do Parque Nacional de Abisko, onde você pode se hospedar e caçar as auroras em tours ou por conta própria. No topo da montanha Nuolja, uma estação de observação permite apreciar o fenômeno. A Aurora Sky Station opera na região e faz passeios de teleférico até o local de onde o cenário da aurora boreal é completo com a visão de montanhas e do lago Torneträsk.
Saindo de Estocolmo, dá para chegar em Abisko de trem. Mas é importante entender a divisão do vilarejo primeiro: Abisko Östra é onde se concentram supermercados, bares e lojas, já Abisko Turistation é onde está o parque. O trajeto da Estação Central de Estocolmo até a Estação Abisko Östra demora 16h. Já até a Estação Abisko Turistation são 18h, porque é necessário fazer uma transferência em Boden.
De avião, é preciso ir para Kiruna. A viagem dura 1h30 e é possível agendar um transfer para percorrer os 100km entre o Aeroporto de Kiruna e Abisko.
Para ir do Brasil até a Suécia, é preciso primeiro fazer conexão em uma grande cidade da Europa para, então, ir ao Aeroporto de Arlanda, a 20 minutos de trem da Estação Central de Estocolmo com a Arlanda Express.
Islândia
Na terra do fogo e do gelo, a própria capital, Reykjavik, é um dos destinos para o espetáculo, mas as chances são maiores se você estiver longe das luzes da cidade. O Farol da Grota, em Seltjarnarnes, é uma opção. Trata-se de uma das áreas mais escuras da capital e pode ser acessada em 10 minutos de carro de Reykjavik.
Na colina Öskjuhlíð, o observatório do Museu Perlan dá uma vista panorâmica da cidade, além das clareiras da floresta no entorno da colina, que são escuras o suficiente para as luzes se destacarem no céu. A aurora também pode ser registrada na montanha Kirkjufell, um dos cartões-postais da Islândia, a duas horas de carro da capital.
O Parque Nacional de Thingvellir, a 50 km de Reykjavik, é um dos mais visitados da Islândia e possui vários miradouros para assistir a aurora boreal. Áreas mais remotas do país também são excelentes destinos, porque tem céus limpos e pouca poluição. Os vilarejos da ilha de Vik, por exemplo, ofertam suas praias de areia preta e pedrinhas como cenário.
A Islândia não é diretamente acessível do Brasil, mas fazendo conexão em países europeus até o Aeroporto Internacional de Keflavík, você estará a 50 km da capital.
Alasca – Estados Unidos
No maior estado norte-americano, o fulgor nos céus acontece em Fairbanks, a apenas 15 minutos do Polo Norte. As luzes artificiais da cidade não impedem a visibilidade, mas ir para lugares mais distantes do centro torna a experiência mais grandiosa. O santuário de pássaros Creamer’s Field, a 4 km de Fairbanks, tem áreas abertas no meio da floresta boreal onde a aurora pode ser presenciada.
No Cleary Summit, a 30 minutos de carro do centro da cidade, o fenômeno é emoldurado pelas Montanhas Brancas ao norte e pelo Vale Tanana ao sul. A Chena Lake Recreation Area é outro lugar popular para observação. Seja no Lake Park ou no River Park, dentro da área de recreação, a falta de poluição luminosa é ótima para visualização da aurora.
Pelo mesmo motivo, as luzes são bem visíveis no Parque Nacional e Reserva de Denali, a duas horas de carro de Fairbanks, e no Parque Nacional Kenai Fjords, mais ao sul do Alasca.
O voo de Juneau, capital do Alasca, para Fairbanks demora duas horas. Para chegar ao Alasca de avião do Brasil é preciso fazer conexão em alguma cidade americana e, no caso da caça à aurora, seguir para o Aeroporto Internacional de Fairbanks.
Canadá
Em Yellowknife, as luzes etéreas fazem parte do cotidiano em muitas das noites do ano. Do Monumento Bush Pilots, no topo da colina The Rock, dá para ter uma visão 360º da baía da cidade, do Lago Great Slave e da aurora. A atração fica no centro histórico.
Ao longo da estrada Ingraham Trail, que começa em Yellowknife, há vários pontos de observação, como o Lago Vee e o Yellowknife River Park. De Ottawa até Yellowknife o voo demora seis horas.
Na cidade de Alberta, o Parque Nacional Jasper é uma “Reserva de Céu Escuro”, de acordo com a Royal Astronomical Society. Só por aí, já dá para imaginar como o céu é limpo e o espetáculo majestoso; o parque tem até mesmo telescópios perto do Lago Annette para a observação.
Anualmente, acontece o Dark Sky Festival, que reúne pessoas para apreciarem o céu noturno de Jasper. O Parque Nacional Wood Buffalo, também em Alberta, é outra “Reserva de Céu Escuro” que tem um festival dedicado à noite. Os melhores pontos de observação dentro do parque são perto do Lago Salt e no observatório das planícies de sal.
A região de Yukon, na fronteira com o Alasca, também é buscada pelos caçadores de aurora. Não é preciso se distanciar muito do centro para conseguir ver as luzes no céu, já em Whitehorse, a capital da província, a aurora pode ser vista.
Saindo do Aeroporto de Guarulhos ou do Galeão, é possível ir diretamente do Brasil para o Aeroporto de Toronto em 10 horas.
Groenlândia
Ainda que não seja o mais comum dos destinos quando se pensa em viagem internacional, a recôndita Groenlândia pode estar no roteiro da sua busca pela aurora boreal. A cidade de Kangerlussuaq tem poucos habitantes, então as aparições ocorrem em quase todo o território, pouco afetado pela poluição. Nesta cidade, é possível acampar sobre o manto de gelo que cobre 80% do território da Groenlândia.
Praticamente nenhuma das localidades está conectada por estradas, então para sair de Kangerlussuaq e ir até outras regiões é preciso pegar um avião ou um barco. Em 50 minutos de voo se chega a Ilulissat, onde as luzes dividem a paisagem com o fiorde homônimo e o Disko Bay, que dá vista para gigantescos icebergs e geleiras.
Em Sisimiut, a 30 minutos de voo de Kangerlussuaq, a poluição luminosa também é baixa, mas por ser a segunda maior cidade do país, com mais de cinco mil habitantes, a visibilidade é melhor se você se afastar do centro.
O Aeroporto de Kangerlussuaq é o principal da Groenlândia, mas de avião, o país só é acessível a partir de Copenhague, na Dinamarca ou de Reykjavik, na Islândia. Outra opção é chegar a bordo de um cruzeiro dos Estados Unidos, Canadá ou algum país europeu.
Fonte: viagemeturismo