O Vaticano publicou nesta terça-feira, 28, uma nota sobre os perigos e oportunidades que a inteligência artificial (IA) representa para a sociedade.
Produzido pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e pelo Dicastério para Cultura e Educação, o documento Antiqua et Nova reflete sobre como a tecnologia pode impactar a dignidade humana.
O texto destaca que, enquanto tecnologia avançada, a IA representa um produto da criatividade humana. No entanto, a nota argumenta que a inteligência humana não pode ser comparada nem substituída por sistemas computacionais, mesmo que estes sejam capazes de “aprender” e realizar escolhas.
“A inteligência humana não tem como objetivo principal a conclusão de tarefas funcionais, mas a compreensão e o envolvimento ativo com a realidade em todas as suas dimensões”, sublinha o documento assinado pelos cardeais Víctor Manuel Fernández e José Tolentino de Mendonça.
Ao reconhecer que a IA tem o potencial de causar transformações em áreas como saúde, trabalho e relações internacionais, o Vaticano enfatiza a necessidade de diretrizes éticas para regular a , a fim de garantir que sua utilização esteja fundamentada no respeito à dignidade humana e no bem comum.
Um dos pontos abordados é a autonomia de sistemas avançados, que, dada a sua complexidade, pode dificultar a atribuição de responsabilidade humana em caso de falhas.
Neste sentido, a nota apela para que “a responsabilidade final pelas decisões tomadas com o auxílio de IA recaia sobre os humanos”.
IA deve servir à humanidade, diz Vaticano
Além disso, o Vaticano reitera que a implementação ética de IA passa por assegurar que essas tecnologias sirvam à humanidade, em vez de perpetuar desigualdades, exacerbar conflitos ou comprometer os direitos fundamentais.
O impacto em setores como educação e saúde recebe atenção especial. Na educação, o uso de IA deve complementar a formação humana, nunca substituir a relação direta entre professores e alunos, considerada essencial para o desenvolvimento integral.
Na saúde, embora a IA ofereça avanços na previsão e no diagnóstico, o Vaticano alerta contra a desumanização dos cuidados médicos e a redução de pacientes a meros dados ou estatísticas, como simples números de computador.
Outro tema crucial é o uso militar da IA, como a fabricação de armas autônomas, descrito como “uma grave preocupação ética”. O insta os líderes globais a garantirem um controle humano rigoroso sobre qualquer aplicação de IA no setor bélico e destaca que “nenhuma máquina deve jamais decidir tirar a vida de um ser humano”.
Por fim, o texto afirma que “a tecnologia não é neutra” e deve ser direcionada para o bem-estar da humanidade e integrar princípios de justiça, fraternidade e respeito à criação.
O documento reitera a posição da Igreja de que o progresso técnico não deve superar os princípios fundamentais da ética e da dignidade humana.
Fonte: revistaoeste