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The Last of Us Part 1 vale a pena? Análise – Review

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The Last of Us Part 1 é um jogo que despertou polêmica desde que foi anunciado, afinal de contas, por que um jogo que já é considerado por muitos um dos melhores já feitos necessitaria de um remake? Bom, é exatamente essa pergunta que vamos tentar responder, se esse é ou não um jogo necessário, e o que ele traz de novidades.

Vale ressaltar entretanto, que esta análise também trará partes sobre a história e jogabilidade do jogo, pro caso de você nunca ter jogado esse game anteriormente.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

Em The Last of Us Part 1, conhecemos as histórias de Joel e de Ellie. Joel é um adulto que vivenciou o fim do mundo como o conhecemos, e no dia em que os Estados Unidos começaram a cair, ele perdeu a pessoa mais querida por ele: a própria filha. Esse tipo de perda é simplesmente muito difícil de mensurar, mas se eu tivesse que tentar colocar em palavras, provavelmente usaria o clichê de que uma parte (e provavelmente a melhor parte) de nós morre.

Apesar disso, Joel continuou vivendo, encontrando algo pelo que lutar, e 20 anos após esta primeira e rápida parte do jogo, acabamos começando o jogo de verdade, quando ele e sua companheira, Tess, recebem a missão de escoltar Ellie, uma jovem de 14 anos, até o prédio do capitólio, onde ela seria entregue aos Vaga-Lumes, uma facção para-militar que faz oposição, por vezes usando até mesmo táticas terroristas, ao governo militar que surgiu após a queda dos estados unidos como um país.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

Como você deve imaginar, as coisas não dão tão certo assim, e Joel e Tess descobrem que Ellie é imune ao cordyceps, fungo responsável pelos “zumbis” do universo de The Last of Us Part 1. Agora, você deve partir numa jornada cruzando os Estados Unidos em busca dos Vaga-Lumes para que eles e Ellie consigam encontrar uma cura para essa infecção e assim livrar a humanidade da sua maior ameaça.

Durante essa jornada, nos conectamos com Ellie e Joel de uma maneira bem interessante. Desde o seu lançamento original em 2013, um dos pontos mais fortes de The Last of Us sempre foi a história do jogo, e ela está intocada aqui. Não há nenhuma modificação no enredo do jogo. Os diálogos são os mesmos, os personagens também, não há nenhuma correção de enredo nem nada do tipo.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

No desenrolar da viagem de Joel e Ellie pelos Estados Unidos, nos conectamos aos personagens, e vemos que um ajuda o outro a mudar, Ellie amolecendo Joel e Joel mostrando a Ellie como ela deve fazer para sobreviver e também ensinando a ela, mais por insistência dela, como era o mundo antes dele ter acabado. Vale lembrar aqui que a jovem tem 14 anos, ou seja, ela nasceu seis anos após o prólogo do game, e não teve a oportunidade de conhecer como o mundo era antes dos eventos do cordyceps.

Exatamente aqui é que vemos por que The Last of Us Part 1 foi refeito pela Naughty Dog. A atuação durante as cutscenes do jogo está num nível que poucos jogos já ofereceram até hoje. No lançamento original e no remaster, apesar de atuadas, todas as animações faciais não eram capturadas, e sim feitas por computador, e mesmo assim elas já eram muito bem feitas.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

Agora, com os atores colocando suas expressões de fato no jogo, é possível ver ainda mais peso que algumas cenas do jogo têm, e o resultado é simplesmente incrível.

A apresentação de The Last of Us Part 1 e seus gráficos são alguns dos melhores já mostrados até hoje, e dá pra entender por que a Naughty Dog decidiu recriar o jogo. Ele finalmente está como os seus criadores gostariam que ele fosse, mas aqui também vale uma ressalva: por melhor e mais bonitos que eles estejam, essa não é uma mudança que “estrague” a experiência do jogo seja em sua versão de PS3, seja em sua versão mais recente lançada para o PS4 em 2014.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

Outra novidade da apresentação do jogo é o som 3d que foi adicionado ao jogo. Aqui é preciso comentar pontos: quando ele funciona, é muito legal, muito mesmo. Dá pra saber exatamente onde os estaladores estão, por exemplo, ou os inimigos que estão tentando te flanquear, e isso ajuda muito no modo Punitivo do jogo, já que não a mecânica de escuta não está disponível. Mas também é preciso ressaltar que o som 3d ainda precisa ser melhor calibrado em atualizações futuras do jogo.

Em alguns momentos, e isso aconteceu bastante no começo do jogo, naquela conversa inicial do Joel e da Tess sobre o Robert, ouvimos vozes com eco com os personagens em locais completamente abertos, quando isso deveria acontecer em locais fechados, ou então a voz do personagem mudando completamente de com para sem eco (e vice versa) com dois ou três passos de diferença do personagem.
Ainda sobre novidades, o jogo ganhou algumas funções novas para o Dualsense, como gatilhos adaptativos e feedback haptico, mas sinceramente, eu esperava que mais fosse feito nesse sentido. Há poucas adições aqui, e o que foi vendido como o controle se comportando de formas diferentes dependendo da arma que você está usando, no meio da correria que o combate do jogo costuma ser pouco pode ser sentido de fato.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

A jogabilidade de The Last of Us Part 1 permanece muito semelhante a como ela era no primeiro jogo, ou seja, recursos de esquiva e até mesmo a possibilidade de correr agachado (algo que ajudaria bastante no jogo já que todo mundo consegue correr agachado menos o Joel) não foram adicionados ao jogo.

Um ponto que mudou foi a inteligência artificial de Ellie durante o game. Nas versões de PS3 e de PS4 do jogo, a IA da personagem era bem fraca, e as vezes era possível ver os inimigos chocando-se contra ela em situações em que Joel estava escondido e nada acontecendo. Agora, a personagem faz um trabalho muito melhor para manter-se oculta dos inimigos. Ainda há alguns momentos em que inimigos deveriam enxergá-la, mas eles são quase inexistentes no jogo.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

No mais, a impressão que ficou é que alguns sistemas foram refinados no combate do jogo, principalmente no desarmado, com as brigas sendo mais fáceis de você acertar os adversários e poucos bugs de ataques não conectando acontecendo, e também estando bem mais fácil de executar inimigos no stealth. Aqui vale ressaltar que o stealth de The Last of Us Part 1 ainda é bem rudimentar em comparação a outros jogos do gênero, ou seja, inimigos não chamam os outros quando identificam um corpo de um dos companheiros dele no chão, por exemplo.

Ao que tudo indica, a Naughty Dog não quis mexer muito nessa parte do jogo, o que é uma pena, pois se The Last of Us Part 1 tivesse o combate do segundo jogo exceto pela parte da esquiva, já que os cenários originais não foram concebidos com ela em mente, seria mais um ponto que tornaria esse jogo mais necessário, mas infelizmente não foi o caso. Dessa forma, o que podemos dizer é que o combate de The Last of Us Part 1 é bom e felizmente envelheceu bem, mas tem outros muito melhores por aí, inclusive feitos pela própria Naughty Dog nesses quase 10 anos desde o primeiro jogo.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

Para completar as adições do jogo, The Last of Us Part 1 ainda conta com alguns extras bem legais como um modo de speedrun para você testar as suas habilidades e muitas artes conceituais para os jogadores apreciarem, sejam elas da versão original de 2013, sejam elas desse relançamento.

Outra novidade legal é a possibilidade de jogar o jogo com modos de renderização diferente, dando até pra jogar The Last of Us Part 1 num modo pseudo 8-bit ou com luzes neon, além de a possibilidade de explorar modelos em alta definição dos personagens em diferentes momentos do jogo. Para completar, ainda é possível trocar skins de armas e personagens durante o jogo e também a possibilidade de assistir aos documentários sobre The Last of Us que já foram lançados e também jogar o jogo com comentários do diretor feitos por Neil Druckmann, Troy Baker e Ashley Johnson.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

Todos esses extras custam pontos dentro do jogo, que são obtidos por você ir completando o game em diferentes dificuldades. Esses pontos também podem ser gastos para você comprar cheats, como munição infinita, socos que matam inimigos num golpe, flechas explosivas e assim por diante.

Ainda na parte dos extras, vale ressaltar e saudar The Last of Us Part 1 pela quantidade de opções de acessibilidade que o jogo ganhou. Salvo engano, esse é o primeiro jogo da história com audiodescrição, por exemplo, dando a oportunidade de pessoas que não conseguiriam ter acesso ao jogo jogá-lo pela primeira vez. Isso é algo muito positivo e que torcemos para que vire um padrão na indústria futuramente.
Dito tudo isso, The Last of Us Part 1 é um jogo necessário pelas novidades gráficas? E a resposta é não.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

Como The Last of Us original já era um jogo à frente do seu tempo quando foi lançado, a impressão que dá, com o perdão da comparação, é que a versão original de PS3 seria como se fosse um filme daqueles de marcar época, como “O Poderoso Chefão” em VHS, e a versão refeita no PS5 fosse a versão em Bluray, ou seja, é claro que eu vou querer reassistir à ascensão de Michael Corleone com todos os detalhes possíveis mais evidentes ainda, mas quem assistiu ao filme em VHS não perdeu praticamente nada em relação a essa versão, e o mesmo vale para os jogos.

Dessa forma, quem se apaixonou pelo jogo original e já não o joga há muito tempo, provavelmente vai gostar de jogá-lo nessa nova apresentação, e talvez tire algo de novo dessa experiência, mas não por algo novo trazido dentro do jogo, e sim pelo tempo que passou entre o seu lançamento original e agora. Caso você não tenha gostado da versão original, entretanto, é muito difícil que vá gostar dela, já que fora a apresentação visual do game, quase nada mudou.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

Por mais que todo um esforço tenha sido feito pela Naughty Dog em recriar tudo o que estava no jogo original, agora com gráficos de PS5, por eles terem feito um trabalho tão bom originalmente, a diferença não transforma essa nova versão do jogo em algo que todo mundo que jogou o original precise jogar pra ontem.

É claro que é muito bom poder revisitar as histórias de Joel e Ellie e que o que eu senti o jogo agora, quase 10 anos depois da primeira vez que eu joguei ele, foram sentimentos diferentes do que eu senti quando joguei da primeira vez, afinal de contas, nesse meio tempo eu tive duas filhas e a cena inicial do jogo, com Joel perdendo Sarah bateu de uma forma bem diferente em mim do que naquela época, mas como o resto do jogo permaneceu intocado, essas mudanças na apresentação do jogo e na performance dele não tornam este lançamento obrigatório.

Reprodução: Sony/Naughty Dog

É inegável o carinho que a Naughty Dog colocou em The Last of Us Part 1. O jogo é a versão definitiva de um dos melhores jogos de todos os tempos e possivelmente o melhor jogo da geração do PlayStation 3. O jogo original era tão à frente do seu tempo em termos de apresentação que o que foi melhorado aqui, exatamente essa apresentação, não torna o jogo imperdível. A experiência é como ter assistido a um clássico do cinema em VHS há anos e agora assistir ao mesmo filme em Bluray, é muito legal, mas é o mesmo filme de anos atrás.

Mas e aí, The Last of Us Part 1 vale a pena?

Reprodução: Sony/Naughty Dog

É inegável o carinho que a Naughty Dog colocou em The Last of Us Part 1. O jogo é a versão definitiva de um dos melhores jogos de todos os tempos e possivelmente o melhor jogo da geração do PlayStation 3. O jogo original era tão à frente do seu tempo em termos de apresentação que o que foi melhorado aqui, exatamente essa apresentação, não torna o jogo imperdível. A experiência é como ter assistido a um clássico do cinema em VHS há anos e agora assistir ao mesmo filme em Bluray, é muito legal, mas é o mesmo filme de anos atrás.

Review elaborado com uma cópia do jogo para o PS5 fornecida pela Publisher.

Resumo para os preguiçosos

É inegável o carinho que a Naughty Dog colocou em The Last of Us Parte 1. O jogo é a versão definitiva de um dos melhores jogos de todos os tempos e possivelmente o melhor jogo da geração do PlayStation 3. O jogo original era tão à frente do seu tempo em termos de apresentação que o que foi melhorado aqui, exatamente essa apresentação, não torna o jogo imperdível. A experiência é como ter assistido a um clássico do cinema em VHS há anos e agora assistir ao mesmo filme em Bluray, é muito legal, mas é o mesmo filme de anos atrás.

Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Alguns dos melhores gráficos dessa geração de consoles
  • Personagens carismáticos e realistas
  • Atuações, diálogos e história incríveis
  • Opções de acessibilidade inéditas que dão a oportunidade de novos públicos jogarem essa história

Contras

  • Por mais que o jogo tenha ganho diversas melhorias em sua apresentação, esses ganhos não tornam esse jogo obrigatório
  • Mais mudanças poderiam ter sido feitas na jogabilidade do jogo, apenas bugs foram resolvidos

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