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Tecnologia

The Callisto Protocol é melhor ‘survival horror’ de 2022

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2320. Depois de um acidente quase fatal naquele que seria o último trabalho de sua vida, Jacob Lee se torna o prisioneiro 532-521 na prisão Ferro Negro, um verdadeiro inferno localizado em Calisto, a lua morta de Júpiter. 

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Esse é apenas o início do pesadelo contado em The Callisto Protocol. A estreia do Striking Distance, estúdio de desenvolvimento formado por veteranos de Dead Space e liderado por Glen Schofield, produtor executivo do jogo da EA lançado em 2018, é muito mais do que um sucessor espiritual da jornada de Isaac Clarke a bordo da USG Ishimura, e representa uma evolução no gênero survival horror.

Narrativa e ambientação 

Através de uma narrativa cercada de mistérios, que mantêm o jogador preso durante as pouco mais de 12 horas de campanha, The Callisto Protocol não mergulha em um enredo complexo. Pelo contrário, a história se mantém simples e é contada com a ajuda de pequenos fragmentos de áudio e hologramas, que estão espalhados ou escondidos pelos cenários, adotando um ritmo mais dinâmico apenas quando Dani Nakamura, peça-chave no incidente mostrado logo no início do jogo, assume certo protagonismo em sua busca por respostas, levando a dupla à desfechos que vão muito além da superfície da lua morta.

Mesmo com um enredo simples, as atuações impressionam. Por mais que lutem por um objetivo em comum – sobrevivência -, os personagens interpretados de maneira brilhante por Josh Duhamel (Transformers) e Karen Fukuhara (The Boys) têm poucas semelhanças, e revelam camadas profundas e sensíveis de culpa e redenção. A humanidade e o desamparo mostrados por eles são quase palpáveis, e permitem que o jogador realmente compartilhe suas vulnerabilidades e lute por um final feliz em um lugar desesperançoso.

Além disso, os coadjuvantes não raramente roubam a cena, em especial Sam Witwer, velho conhecido dos fãs de Days Gone e Star Wars: The Force Unleashed. Infelizmente, não há dublagem em português brasileiro, mas o jogo possui menus localizados e legendas que cumprem bem seu papel na maior parte do tempo. 

The Callisto Protocol tem mais uma personagem importante: a própria prisão Ferro Negro. Tanto nas áreas abertas que mostram a superfície tempestuosa de Calisto como nos corredores mais estreitos e claustrofóbicos da prisão de segurança máxima, o ambiente não só mergulha o jogador no sentimento de solidão, como praticamente conversa com ele, fazendo-o se perguntar constantemente o que aconteceu em cada sala e em cada cela – além de ser repugnante em diversas passagens, mesmo que também mostre suas belezas. Somado ao ambiente, a câmera posicionada sobre o ombro de Jacob aumenta a imersão e a tensão, criando pontos cegos que deixam o jogador com uma sensação inquietante de exposição ao desconhecido.

Tudo isso é ilustrado por gráficos nada menos do que perfeitos. Desenvolvido na Unreal Engine 4, Callisto Protocol tem os gráficos mais bonitos e realistas da geração atual, além de efeitos de iluminação impressionantes. No entanto, a qualidade gráfica obriga o jogo a adotar uma linearidade por vezes muito restritiva, o que incomoda quando voltar e explorar novamente algum cenário é impossível.

Os efeitos sonoros e a música também exercem papéis essenciais na execução do survival horror. The Callisto Protocol abusa de sons grotescos e metálicos em meio ao vazio da prisão, fazendo com que o jogador sempre calcule seu próximo passo e sinta receio de abrir alguma porta ou entrar em algum corredor. A trilha lembra constantemente de que existem ameaças por todo lado, escondidas ou não, e cria uma atmosfera opressiva por toda a narrativa.

Combate brutal

A qualidade técnica também se reflete no combate de The Callisto Protocol, um de seus grandes diferenciais e onde o jogo mais se afasta de Dead Space. Além de cinco armas de fogo tradicionais em seu arsenal, como uma pistola e uma pequena escopeta, e de um bastão eletrificado, Jacob tem uma luva capaz de manipular a gravidade, chamada GAR. Antes usada pelos guardas da prisão, a luva ganha usos mais criativos nas mãos do jogador, que pode não só puxar e arremessar objetos, mas também atrair instantaneamente alguns inimigos para sua frente, usá-los como escudo ou jogá-los em ‘armadilhas’ do cenário, resultando em mortes brutais. É preciso ter cuidado para não descarregar completamente a luva e ficar exposto aos ataques em momentos mais intensos. 

Outras mecânicas importantes são as de esquiva e bloqueio: contra inimigos mais fortes, Jacob sempre está em desvantagem e precisa dominar essas técnicas para ter alguma chance de sobreviver – por sorte, elas funcionam de maneira orgânica e se incorporam à memória muscular rapidamente. Por último, aprender os padrões dos inimigos e saber esquivar antes de contra-atacar com o bastão, abre brechas para combos salvadores com as armas de fogo.

É preciso ter em mente que Jacob se move de forma lenta e pesada, tanto para golpear os inimigos como para correr. Isso aumenta a sensação de perigo (ainda mais com o DualSense do PlayStation 5, que realmente faz jus às suas funcionalidades) e não permite que o jogador apenas siga em frente sabendo que poderá lidar com qualquer ameaça. 

Um último recurso que entra em ação é a furtividade. Embora o jogo priorize a mistura de combate corpo-a-corpo com tiros, em alguns momentos será necessário ter paciência e discrição, principalmente contra os robôs-seguranças da Ferro Negro ou contra biófagos cegos adaptados à escuridão, mas sensíveis ao som. A furtividade abre espaço para execuções instantâneas, que muitas vezes podem impedir que hordas de inimigos se formem e rapidamente decretem a morte de Jacob.

Faltou variedade?

Falando em inimigos, a variedade deles é pequena. Os biófagos são bastante numerosos, mas pouco diferentes uns dos outros. Embora esse detalhe pouco comprometa a experiência, é fácil memorizar como cada um deles ataca e em quais deles é possível usar a GAR. As batalhas contra chefes também são poucas, mas levam a dificuldade para um nível ainda mais extremo.

Certos biófagos sofrem mutações após alguns ataques, se tornandomuito mais poderosos e agressivos. Esses inimigos mostram alguns tentáculos no dorso, e é preciso atirar rapidamente para evitar a transformação. Além disso, para se ter certeza de que um biófago não vai se levantar, Jacob pode finalizá-los com pisões, o que também garante recursos valiosos como itens que recuperam vida ou as Moedas de Calisto.

Essas moedas podem ser usadas para comprar munições, injeções de vida ou aprimorar todos os itens que o prisioneiro 532-521 têm à sua disposição. Através de um Reforjador, uma espécie de impressora 3D futurista, o jogador pode melhorar suas armas, aumentando por exemplo sua capacidade e poder de fogo da munição, sua luva, aprimorando a capacidade de carga e velocidade de recarga, e até mesmo seu bastão, tornando-o uma arma poderosa o suficiente para dilacerar membros. Esses aprimoramentos dão uma boa sensação de progressão e se tornam indispensáveis conforme o jogo avança, uma vez que os inimigos também ficam mais poderosos e, principalmente, mais numerosos. 

Considerações

A prisão Ferro Negro é um lugar onde os fãs de Dead Space se sentirão em casa. The Callisto Protocol é um jogo tecnicamente perfeito, que consegue apontar novos rumos para a ação e mostra o potencial dos consoles atuais para um dos gêneros mais adorados dos games.

O jogo só deixa a desejar pela linearidade e pouca variedade de inimigos, mas não de uma forma que comprometa a melhor experiência survival horror de 2022. 

The Callisto Protocol está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S.

*Esta análise foi feita no PlayStation 5 com uma cópia gentilmente cedida pela Krafton.

Fonte: terra.com.br/gameon

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