Os países de alfabeto latino (o nosso) costumam usar o layout QWERTY, que faz referência às primeiras seis letras do teclado. Há pequenas variações dependendo do país, como os layouts AZERTY e QWERTZ, ou a inclusão de acentos e sinais. Mas eles não mudam muito.
Muitos teclados em outros alfabetos também se baseiam no QWERTY. É o caso do grego: esse alfabeto possui algumas letras correspondentes no latino, então cada caractere grego ocupa o lugar de um latino parecido. Na Rússia, que utiliza letras cirílicas, o padrão é o ЙЦУКЕН, o equivalente a JCUKEN na versão latinizada. Essa regra se aplica a alfabetos em que cada caractere representa um fonema (vogais e consoantes). Outros exemplos são o georgiano e o armeno.
A coisa complica em sistemas de escrita mais alienígenas ao nosso, como os silábicos. O japonês usa as escritas hiragana e katakana (esse último é usado principalmente na transcrição de palavras estrangeiras ao japonês). Ambos são kanas, em que cada caractere é uma sílaba, como ka (か, カ) ou na (な, ナ). Os teclados japoneses têm o layout QWERTY com letras latinas e os kanas logo abaixo. Outra opção é escrever as palavras em japonês com as letras latinas mesmo, da forma como são pronunciadas (o nome dessa “conversão” é romaji). Daí, o computador identifica e transforma elas em hiragana, katakana ou kanji (ideogramas).
Já o árabe usa o sistema abjad, em que cada caractere é uma consoante. As vogais são adicionadas como se fossem acentos, em cima ou em baixo da consoante. O teclado possui as letras árabes logo abaixo das letras latinizadas, em layout QWERTY. Alguns sinais linguísticos ficam nos espaços em que nós colocaríamos acentos, acessíveis pela tecla Shift. Quando o usuário muda a configuração do computador para árabe, ele passa a digitar da direita para a esquerda. O hebraico funciona de forma semelhante.
O mais bizarro é o teclado chinês. O sistema de escrita é logográfico, em que cada ideograma representa uma palavra ou conceito. O chinês, então, tem milhares de “letras” que jamais caberiam em um teclado. assim como os japoneses, eles desenvolveram um sistema de latinização do chinês chamado pinyin, em que a pronúncia em chinês pode ser escrita com as nossas letras. O computador identifica e transforma a escrita latina em ideogramas. Por isso, o teclado usado na China continental do método pinyin é idêntico ao nosso.
No final dos anos 1980, a China desenvolveu um algoritmo de predição de ideogramas, que mostra sugestões assim que você começa a digitar uma palavra. É tipo a predição de texto do Google: você digita “Albert” e recebe a sugestão “Einstein”. Para nós, é uma comodidade. Para os chineses, tornou a digitação de ideogramas muito mais rápida e eficiente, sendo essencial para a inserção no mundo digital.
pergunta de Lívia Maria, de São Paulo, via e-mail
Fonte: abril