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Tecnologia

Tartarugas Ninja e o apelo à nostalgia

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O ano de 2022 foi excelente para as Tartarugas Ninja, ao menos no que diz respeito a games. Os clássicos personagens dos anos 1980 receberam tratamento VIP com dois lançamentos distintos, o inédito Shredder’s Revenge e a recém-chegada coletânea The Cowabunga Collection, que oferecem horas e horas de aventuras à moda antiga, mas com novos recursos, cada um a seu modo.

Ao invés de competir entre si, o título da Tribute Games e a coletânea da Konami são um combo indefensável de nostalgia, sentimento que muitas desenvolvedoras capitalizam quando as ideias rareiam. A diferença é que em ambos os casos, a execução foi excelente.

The Cowabunga Collection, o velho de nova

Primeiro, vamos tirar o bode da sala de uma vez: a melhor coisa que a Konami pôde fazer, em prol de suas coletâneas, foi tirar o desenvolvimento das mãos da M2 e o repassar para a Digital Eclipse. O estúdio de Frank Cifaldi é hoje referência em desenvolver compilações que não só respeitam o material original, mas também oferecem novas formas de jogo.

Tal qual o primeiro Mega Man Legacy Collection e Street Fighter 30th Anniversary Collection, TMNT: The Cowabunga Collection oferece uma seleção de 13 títulos, lançados entre 1989 e 1994 (sim, tudo isso em apenas 6 anos. Outros tempos), para Arcade, Super NES, Mega Drive, NES e Game Boy.

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Isto é o que você levará para casa com a coletânea:

  • Teenage Mutant Ninja Turtles (Arcade, 1989);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time (Arcade, 1991);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles (NES, 1989);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game (NES, 1990);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles III: The Manhattan Project (NES, 1991);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (NES, 1994);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles IV: Turtles in Time (SNES, 1992);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (SNES, 1993);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: The Hyperstone Heist (Mega Drive, 1992);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (Mega Drive, 1993);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Fall of The Foot Clan (Game Boy, 1990);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles II: Back From The Sewers (Game Boy, 1991);
  • Teenage Mutant Ninja Turtles III: Radical Rescue (Game Boy, 1993).

Destes, 4 possuem suporte a partidas online, sendo os 2 games para Arcade, o Tournament Fighters para Super NES, e o The Hyperstone Heist. Fora isso, há o clássico suporte a filtros de tela e frames, e a opção de ajustar o zoom, para o original, expandido, ou tela cheia, que distorce os pixels.

Se você conhece o trabalho da Digital Eclipse, sabe que a qualidade da emulação é sólida como uma rocha. Tudo dos games originais foi portado nos mínimos detalhes, até mesmo seus bugs irritantes e a jogabilidade insuportável do primeiro TMNT para o NES. Porém, é na parte técnica que as Tartarugas Ninja receberam um merecido banho de loja.

Cada game possui um menu de opções personalizado, de acordo com suas características individuais. Os três Tournament Fighters, por exemplo, oferecem agora a opção de controlar os chefes, enquanto em The Hyperstone Heist você pode ligar ou desligar o “fogo amigo”, em que você pode bater no seu amiguinho durante uma jogatina co-op.

As mais úteis são as presentes nos jogos do NES, que desligam o flickering (pixels piscando, um truque para contornar as limitações do console), reduzem a lentidão, e oferecem melhor nos saltos. Há também um modo assistido, em que a CPU assume o controle e você pode passar a jogar em qualquer ponto, ideal para quem empacou em partes do primeiro TMNT do NES, ou para quem quer ver um walktrough sem ter que abrir o YouTube.

Outra parte que merece atenção são os extras. A Digital Eclipse, que não esconde seu amor pela emulação, voltou a incluir opções para visualizar as caixas originais dos games, escaneadas pelo estúdio, e chegou ao cúmulo de criar guias que emulam os “detonados” de revistas de games do passado, com toda a identidade gráfica da época.

Há também galerias que reúnem capas das diversas séries em , incluindo a primeira (e violenta) de 1984, criada por Kevin Eastman e Peter Laird, capturas das animações, um player de música, reproduções de manuais, guias de animação durante as fases de desenvolvimento dos jogos, e até anúncios em revistas de games e guias para varejistas.

Fica evidente que TMNT: The Cowabunga Collection não mira nos jogadores mais novos, e sim na minha , os que já passaram dos 35 anos e viveram a era de ouro das Tartarugas Ninja na TV, quadrinhos e games, entre o fim dos anos 1980 e a primeira metade dos anos 1990.

Ainda assim, como Jogador N.º 1 já deixou claro, o sentimento de nostalgia por aquilo que não vivemos é real, e pode (deve) ser capitalizado. E nisso os mais novos, assim como os velhacos, também foram bem-servidos em 2022.

Shredder’s Revenge, um novo que respeita o velho

Sendo bem sincero, a coletânea da Konami é mais uma resposta a TMNT: Shredder’s Revenge do que um presente para os fãs. O título da Tribute Games (Ninja Senki, Mercenary Kings, Curses ‘N Chaos) publicado pela Dotemu (Another World – 20th Anniversary Edition, Streets of Rage 4) é uma ode aos velhos tempos, quando passávamos horas a fio nos Arcades, gastando fichas nas máquinas de beat ’em up.

O primeiro game das Tartarugas Ninja para as casas de jogos foi um estrondo e é reverenciado até hoje, Shredder’s Revenge bebe da fórmula da Konami sem pudor, mas a atualiza e expande.

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O game oferece dois modos de jogo principais: o Arcade, que é direto ao ponto mas não oferece continuações, e o História, que trabalha com uma progressão de mapa e backtracking, na forma de missões que rendem pontos para evoluir os personagens.

Aqui, além de Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatello, o jogador pode controlar o Mestre Splinter, Casey Jones (desbloqueável) e até a repórter April O’Neil, que cansou de ser uma donzela em perigo e aprendeu a lutar com os melhores brigões de rua do mundo.

Cada tartaruga ninja possui um set de ataques diferentes, para adicionar variedade, e todos contam com estatísticas divididas entre força, velocidade e alcance dos golpes. Os estágios e chefes remetem diretamente à primeira série animada, com locações do Channel 6 e o subúrbio de Nova Iorque, aos esgotos e a Dimensão X.

Todos os inimigos são clássicos, de Bebop e Rocksteady a Baxter Stockman, Leatherhead, Krang e claro, o “esta noite vou jantar sopa de tartaruga” Destruidor, entre vários outros. Os cenários, no entanto, têm pouca variação de jogabilidade, senti falta de pilotar os veículos das tartarugas.

O suporte a online é total, você pode curtir os modos Arcade e História com seus amigos, mas o cross-play está disponível apenas para Windows e consoles Xbox; quem joga nos sistemas PlayStation ou no Nintendo Switch está restrito a suas respectivas plataformas, embora a Dotemu tenha declarado que estuda habilitar a conexão entre todos no futuro.

2022, o Ano das Tartarugas Ninja

Fato: TMNT: The Cowabunga Collection foi uma forma da Konami de surfar no sucesso de Shredder’s Revenge, considerado por público e crítica como um dos melhores beat ’em ups lançados nos últimos anos, e um dos melhores do gênero, o que é a mais pura verdade.

Depois que os estúdios descobriram que nostalgia vende, e muito, diversos projetos para recuperar franquias antigas pipocaram por todos os lados, mas nem sempre a execução foi ideal, seja em jogos novos, seja em coletâneas. Para a nossa sorte, as Tartarugas Ninja foram muito bem-tratadas pela Tribute Games e Digital Eclipse.

TMNT: The Cowabunga Collection é talvez a melhor compilação de games antigos lançada pela Konami, ao dar opções que melhoram a experiência original dos títulos e oferecem toneladas de extras e curiosidades, enquanto TMNT: Shredder’s Revenge é uma carta de amor ao beat ’em up e aos mais famosos devoradores de pizza dos quadrinhos, TV e games.

No fim todo mundo saiu ganhando, os jogadores mais velhos e os mais novos, com dois lançamentos de alta qualidade.

TMNT: The Cowabunga Collection — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS5, Xbox Series X, PS4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows (analisado no Xbox Series X, com cópia cedida pela Konami);
  • Desenvolvedora — Konami, Digital Eclipse;
  • Distribuidora — Konami;
  • Classificação Indicativa — 12 anos.

Pontos fortes:

  • 13 jogos que marcaram a infância de muita gente;
  • Inúmeros extras, de quadrinhos a caixas, manuais e guias de referência;
  • Opções permitem desligar bugs;
  • Suporte online em títulos selecionados;
  • Modo assistido torna o 1.º game do NES tolerável.

Ponto fraco:

  • Coletânea tem pouco apelo para jogadores mais novos.

TMNT: Shredder’s Revenge — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows (cópia do Xbox One analisada no Xbox Series X);
  • Desenvolvedora — Tribute Games;
  • Distribuidora — Dotemu;
  • Classificação Indicativa — 10 anos.

Pontos fortes:

  • Título respeita e atualiza o legado de games antigos;
  • Suporte a online garante a farra com amigos;
  • Modo História incrementa a pancadaria desenfreada;
  • April O’Neil enfim controlável em um beat ’em up.

Ponto fraco:

  • Não dá para controlar a van, nem o dirigível. Baita vacilo.

Tartarugas Ninja e o apelo à nostalgia

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