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Serial Cleaners — É hora da “faxina”

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Serial Cleaners é a sequência e soft reboot de Serial Cleaner (2017), da desenvolvedora indie polonesa Draw Distance (Ritual: Crown of Thorns). Como seu antecessor, este é um game com jogabilidade stealth, em que você é um “faxineiro” da Máfia, especializado em limpar cenas de crime e sumir com evidências.

Serial Cleaners se distancia de Serial Cleaner ao apresentar gráficos melhores, e oferecer 4 protagonistas diferentes para controlar, cada um com habilidades próprias, e uma história que pega carona no estilo cult do cineasta Quentin Tarantino.

“Não se esqueça do aspirador de pó”

A história de Serial Cleaners se passa durante os anos 1990, em uma sequência de eventos contados através das histórias dos quatro protagonistas: a artista aspirante Lati, a hacker Erin, ou Vip3r, o lunático Hal, aka Psycho, e o rabugento Bob, o original de Serial Cleaner.

Na virada do ano 1999/2000, os quatro estão reunidos para passar o Réveillon, e começam a contar suas histórias de vida, como começaram a agir como faxineiros da Máfia, e em que circunstâncias cada um dos novatos conheceu Bob, que age como um mentor dos demais, mas sempre de saco cheio de tudo.

Cada história é uma fase de Serial Cleaners, em que cada personagem possui habilidades distintas. Lati pode pular grades e usar sua lata de spray para grafitar o chão, de modo a chamar a atenção da polícia, enquanto Vip3r pode hackear computadores para afetar o cenário, como desligar luzes e abrir portas, e pode se esgueirar através do sistema de ventilação.

Psycho tem a jogabilidade mais diferente e agressiva: munido de uma serra elétrica, ele consegue esquartejar cadáveres, facilitando o transporte dos pedaços, embora crie o revés de ter mais itens para carregar. Já Bob age quase da mesma maneira vista em Serial Cleaner, sendo o único que embrulha os corpos, para não deixarem rastros de sangue e chamarem atenção. A novidade, ele pode usar o sangue no chão para deslizar e derrubar policiais.

De resto, a mecânica é a mesma de Serial Cleaner. Cada fase é uma cena de crime que o “faxineiro” precisa limpar, com objetivos simples: usar o aspirador para sugar o sangue (não pergunte), recolher os corpos e as provas, enquanto evita a todo custo ser visto pelos policiais e transeuntes, presentes nos cenários urbanos.

A primeira grande mudança em relação ao game de 2017 é obviamente a apresentação. Os gráficos simples e visualização top-down deram lugar a uma caracterização isométrica mais estilizada e urbana. A trilha sonora, inspirada no estilo kitsch dos anos 1970, foi substituída pelo grunge dos anos 1990, para compor a atmosfera.

Serial Cleaners: Ótima história, jogabilidade OK

A jogabilidade central de Serial Cleaners é bem simples, e não difere muito da vista em Serial Cleaner, para o bem e para o mal. Em cada fase, você possui uma cota de sangue para aspirar, e uma quantidade de provas e corpos para recolher. Os cenários são amplos, cheios de policiais com campos de visão bem visíveis, e fáceis de evitar.

O jogador precisa ficar atento aos movimentos dos inimigos, evitar ser visto, não fazer muito barulho (o aspirador chama muita atenção) e terminar a limpeza, no que a CPU é limitada de propósito. Os policiais notarão coisas faltando de tempos em tempos, e entrarão em alerta, mas voltarão ao normal, em pouco tempo, não importando se o que você removeu da cena foi uma mochila, uma poça de sangue, ou um cadáver.

Esta é talvez o principal ponto negativo de Serial Cleaners, compartilhado com o jogo anterior: as punições são poucas e não perduram. Com um pouco de insistência, ou nem isso, é possível tapear os policiais usando qualquer coisa à mão, desde jogar itens neles e usar as portas para nocauteá-los, no melhor estilo Scooby-Doo.

Isso faz de Bob, o protagonista original, o personagem mais básico dos quatro em termos de jogabilidade, o que contrasta com sua história pessoal, a mais interessante da trupe. A narrativa é conduzida como um filme do Tarantino, com idas e vindas de cenas de flashback para os dias atuais, onde cada conto vai tecendo uma trama maior, interligando os faxineiros em um panorama maior.

E claro que há um plot twist, mas entregá-lo estraga a experiência.

Quentin Tarantino não é a única referência a filmes em Serial Cleaners. Hal “Psycho”, por exemplo, é igualzinho a Gaear Grimsrud, personagem de Peter Stormare em Fargo, e tão (ou mais) maluco quanto; já Erin/Vip3r lembra bastante Kate Libby/Acid Burn, vivida por Angelina Jolie em Hackers: Piratas de Computador. Há referências escancaradas tanto a este filme, quanto ao clássico Clerks, de Kevin Smith.

A ambientação e a narrativa impulsionam o jogador a continuar, compensando uma jogabilidade que não mudou muito em relação ao jogo anterior, apesar das doses comedidas de novidades.

Conclusão

Serial Cleaners possui algumas falhas em relação à jogabilidade, como uma mecânica stealth que pega leve demais, mas oferece uma série de novas adições para um jogo que era bastante simples. No entanto, a grande evolução está na narrativa, que desenrola as histórias de vida de 4 personagens que não poderiam ser mais diferentes.

A ambientação do game da Draw Distance, agora focada nos anos 1990, permitiu explorar clichês e elementos desse período, com um tom de acidez e sarcasmo que deixam o game divertido.

O jogo peca por não oferecer muita variação entre as fases, e ele poderia ter extraído mais do fator diversão se tivesse implementado um modo cooperativo; seria legal ter fases onde a combinação das habilidades de mais de um faxineiro fosse necessária para vencer.

De resto, Serial Cleaners é um game para quem está procurando algo diferente dos títulos mais celebrados do mercado de games, e principalmente, dão valor a uma história bem contada e com reviravoltas interessantes.

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Serial Cleaners — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS5, Xbox Series X|S, PS4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows (analisado no Xbox Series X, com cópia cedida pela 505 Games);
  • Desenvolvedora — Draw Distance;
  • Distribuidora — 505 Games;
  • Classificação Indicativa — 16 anos.

Pontos fortes:

  • Design de cenários e fases variado;
  • 4 novos protagonistas, com histórias e habilidades próprias;
  • Narrativa bem conduzida, ao estilo de filmes cult dos anos 1990.

Pontos fracos:

  • Jogabilidade stealth é pouco punitiva;
  • Um modo co-op cairia bem;
  • Baixo fator replay.

Serial Cleaners — É hora da “faxina”

Fonte: terra.com.br/gameon

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