Sophia @princesinhamt
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SD Gundam Battle Alliance — Um multiverso para fãs

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Robôs gigantes, mudanças na linha do tempo e batalhas entre vários personagens importantes. Essas eram as promessas para o SD Gundam Battle Alliance e quando soube que o jogo faria um apanhado de uma das franquias mais adoradas do Japão, vi nele uma boa oportunidade para conhecê-la melhor.

Mesmo sabendo que corro o risco de perder minha carteirinha nerd ao admitir isso, a verdade é que nunca me interessei muito por animes. Tirando uma chance dada aqui ou outra ali, raros foram os desenhos produzidos no Japão que conseguiram chamar minha atenção e o Mobile Suit Gundam não está entre eles.

Embora esteja por aí desde 1979, o máximo que conheço da criação de Yoshiyuki Tomino se resume a comentários que ouço dos fãs ou as ilustrações e miniaturas dos belos robôs que estrelam a série. Por isso imaginei que um jogo que abordasse diversas passagens dessa história poderia ser uma excelente porta de entrada, mas infelizmente não seria o caso com o SD Gundam Battle Alliance.

Nele seremos um comandante que atuava na Guerra de Um Ano e que é misteriosamente transportado para um lugar conhecido como G: Universe. Será lá que diversas linhas do tempo do universo Gundam colidirão, com o nosso objetivo sendo corrigir as mudanças que estão acontecendo na história ao participarmos das Missões de Ruptura, além de outras chamadas Verdadeiras e que recriam pontos-chave da saga.

Para isso teremos à nossa disposição diversos robôs, assim como a ajuda de dois pilotos que poderão ser escolhidos antes de cada incursão e que serão controlados pelo computador ou por duas pessoas se estivermos no modo online. Abordando passagens importantes de 26 arcos da franquia, o jogo traz uma quantidade absurda de conteúdo, mas a maneira como ele é entregue favorecerá apenas quem já possui um maior conhecimento do assunto.

Durante boa parte do tempo eu não fazia muita ideia de tudo o que estava sendo citado nos diálogos entre os personagens, muito menos quem eram aqueles personagens. Também não ajudou o fato de várias conversas (com dublagem apenas em japonês) acontecerem nos campos de batalhas e com tantas ameaças me rondando, tornou-se difícil acompanhar (e principalmente, absorver) tanta informação. O que ameniza um pouco o problema é o fato de as legendas estarem disponíveis em português.

Assim, depois de um determinado ponto me dei conta de que não conseguiria compreender o enredo sem ter uma boa bagagem de Mobile Suit Gundam e passei a me preocupar mais com a jogabilidade, o que me levou a outro problema.

Da simplicidade à repetição

Quando se trata da maneira como os combates de SD Gundam Battle Alliance funcionam, a maioria dos jogadores não terá dificuldade para dominar o seu sistema. Com o jogo sempre nos incentivando a realizar os maiores combos possíveis, é bastante prazeroso encadear uma sequência de golpes nos inimigos, dando uma boa sensação do quão poderosas são aquelas máquinas de combate.

Outro aspecto que me agradou foram as várias classes disponíveis para as Mobile Suit que podemos controlar ou que estarão nas mãos dos nossos parceiros de combate. Há aquelas voltadas para as batalhas a curta distância, aquelas que privilegiam armas de fogo ou as mais equilibradas. Isso permite que o jogador encontre robôs que melhor se encaixem no seu estilo de jogo e quanto mais as usarmos, mais fortes elas se tornarão.

E além de um sistema de upgrade em que escolheremos quais estatísticas das máquinas melhorar, há ainda a possibilidade de as equiparmos com peças que darão efeitos diversos, como uma maior quantidade de energia ou a possibilidade de nos defendermos automaticamente dos ataques inimigos.

Já durante as batalhas, conforme atacarmos ou formos atingidos, veremos uma barra ser preenchida, o que nos dará direito a realizar um golpe especial. Isso vale também para os pilotos que nos acompanham, cabendo ao jogador decidir quando eles devem executar esses poderosos disparos.

O grande problema aqui está na maneira repetitiva como tudo acontece. Embora as batalhas se tornem gradativamente mais difíceis e complexas, não demorará até ficarmos cansados devido as missões não apresentarem muitas variações. Basicamente, elas se resumirão a termos que avançar por uma série de “corredores” até chegar num espaço que funcionará como uma arena. Lá enfrentaremos vários robôs, até que um chefe apareça.

Sim, os confrontos contra essas Mobile Suit mais fortes são o ponto alto das fases, com a dificuldade escalando consideravelmente e exigindo alguma estratégia e habilidade por parte do jogador. Some a isso toda a destruição que tais batalhas podem causar aos cenários e é neste momento em que o SD Gundam Battle Alliance mais brilha.

Mesmo assim, confesso que por várias vezes me peguei pensando que talvez o jogo funcionaria melhor como um RPG com batalhas por turno. Se a Artdink o tivesse desenvolvido como um Final Fantasy Tactics, ou ainda melhor, um Front Mission, acredito que eu teria gostado ainda mais das batalhas — e digo isso como alguém que adora RPGs mais voltados para a ação.

Porém, se tivesse optado por seguir por uma jogabilidade mais estratégica, o estúdio inevitavelmente acabaria com um produto mais sério e se considerarmos o estilo visual adotado por eles, essa mistura poderia não sendo bem aceita pelo público.

Robôs deformados (e bastante detalhados)

Caso não saiba, o SD presente no título diz respeito ao termo Super Deformed, que em outras palavras significa personagens com características físicas bastante desproporcionais. É por isso que as cabeças dos robôs são tão grandes, enquanto os membros fazem com que as Mobile Suit pareçam crianças.

Particularmente prefiro um estilo mais realista, mas isso não significa que eu não consiga enxergar graça nesse padrão. Também tenho que reconhecer que o nível de detalhes empregado em cada unidade ficou acima do que esperava, com os robôs apresentando até sujeira e marcas de desgaste devido às lutas que enfrentaram.

No entanto, quando se trata dos cenários produzidos pela desenvolvedora, é difícil não notar a disparidade em relação aos personagens. Com uma quantidade muito baixa de polígonos, as fases parecem ter sido criadas para um console de algumas gerações atrás e mesmo com algumas construções podendo ser destruídas, os efeitos passam longe do que já vimos nos últimos anos.

Para piorar, essa baixa qualidade visual não impediu o SD Gundam Battle Alliance de contar com dois modos de exibição no PlayStation 5, com um privilegiando a qualidade e o outro focando no desempenho. É uma pena, mas um jogo assim deveria rodar em 4K, com ray-tracing e segurando 60 FPS a todo momento.

Outra adaptação feita para fãs

Jogos baseados em animes são normalmente voltados para os fãs e com e o SD Gundam Battle Alliance não é diferente. Para aqueles que vem acompanhando a franquia há muito tempo, poder revisitar algumas passagens marcantes certamente será uma experiência divertidas, já para os demais, tudo dependerá do quanto a sua jogabilidade conseguir lhe conquistar e o visual infantil não incomodar.

Ver a nossa “garagem” de robôs crescendo conforme avançamos pela história — o que em determinados casos exige muito grind — ou os confrontos com os chefes serão motivações que algumas pessoas considerarão suficiente. Porém, ter que revisitar algumas fases contribui para a sensação de estarmos andando em círculos, mesmo ao desbloquearmos as Missões Verdadeiras.

Mas apesar dos problemas que enfrentei, eu não diria que o SD Gundam Battle Alliance é um jogo ruim. Talvez ele apenas não tenha sido feito para um público ao qual pertenço. Além disso, o título conseguiu despertar em mim algo que eu não imaginava, que é passar a sentir vontade de assistir à criação de Yoshiyuki Tomino. O desafio agora será descobrir por onde devo começar.

SD Gundam Battle Alliance — Um multiverso para fãs

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