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Aventura, muito texto e um tiquinho de non-sense. Essa é a receita perfeita para um típico jogo point and click dos anos 90. E é exatamente isso que Return to the Monkey Island, desenvolvido pela Terrible Toybox e publicado pela Devolver Digital, tenta ser.
E não é qualquer tentativa desesperada de reavivar um jogo clássico! Na verdade, esse novo título tem como roteirista o criador da série original, Ron Gilbert. Se você nasceu nos anos 80/90, era fã de jogos do gênero, com certeza foi afetado pela genialidade de Ron Gilbert, mesmo que não saiba disso.
Return to the Monkey Island é um jogo esquisito. Uma obra que consegue entreter os fãs de point-n-click por trazer novidades interessantes, ao mesmo tempo em que soa datado. Dessa forma, acho interessante deixar claro dois pontos essenciais para qualquer amigo leitor que desfrutará dessa análise. O primeiro deles diz respeito à natureza do próprio gênero, que nasceu numa época totalmente diferente da atual e por isso conta com seus méritos e suas limitações.
Já o segundo ponto tem a ver com o fator “nostalgia”. Afirmo com certeza que sua experiência será muito mais agradável e divertida caso você já tenha jogador point-and-click antes – principalmente se tiver sido algum jogo da finada LucasArts.
O grande ponto de Return to the Monkey Island é funcionar como uma sequência direta de todos os jogos da série já lançados – e acredite, não foram poucos! Além disso, ele tenta resgatar o prestígio da série já que de uns tempos pra cá ela perdeu boa parte do encanto de antigamente.
Tudo começa muitos anos depois do último confronto entre o protagonista, Guybrush Threepwood e seu arqui-inimigo pirata-morto-vivo, LeChuck. Na verdade, o jogador começa controlando o descendente de Guybrush, e assim tem a oportunidade de aprender ou relembrar como esse tipo de jogo funciona.
Após realizar algumas tarefas, você finalmente entra na estória principal e descobre como Guybrush se meteu em mais uma enrascada na Ilha dos Macacos.
É aqui que a maioria dos jogadores pode acabar decidindo se o jogo serve, ou não. Se você procura por algo com mais ação, a passada mais lenta e lúdica de Return to the Monkey Island pode acabar não te prendendo. Já os fãs de longa data, mesmo que interessados pela nova aventura, provavelmente vão estranhar uma característica polêmica que tem desagradado bastante quando o assunto são os jogos da série: os gráficos.
Não é novidade que Monkey Island não conseguiu encontrar um estilo visual que lhe fizesse ser tão interessante quanto nos tempos áureos da série. Foram inúmeras incursões em visuais diferentes, que passaram por estilos 3D, desenhados à mão e até mesmo uma esquisitíssima versão repaginada lançada na década passada, que fazia qualquer jogador aprender na marra o que é o famoso uncanny valley.
Dessa vez a escolha parece ter se baseado num livro de histórias infantis. Os cenários, personagens e toda construção de cena parecem obedecer os mesmos conceitos clássicos de sempre, mas ainda assim o estilo visual não parece combinar muito bem.
Algumas cenas são realmente lindas e podem facilmente ocupar o papel de parede do seu computador. O problema é quando as coisas começam a se mexer! E assim, do nada, a bela construção de cena passa a ter o visual de um daqueles antigos jogos feitos em Flash.
Mesmo que não tenha percebido isso acontecendo na maior parte do jogo, confesso que o visual de Return to the Monkey Island foi o principal desafio a ser vencido. Sinto que a escolha artística não me desceu muito bem e sinceramente não sei se não preferia que o novo jogo fosse produzido com um estilo mais pixelado como antigamente. Parece estranho, eu sei! Mas naquela época as animações tinham uma “magia” que hoje parece ter se perdido no tempo.
Em termos de enredo, Return to the Monkey Island tem tudo que você pode esperar de um jogo dessa série. Sendo bem direito, afirmo que esse é o melhor jogo da série lançado desde Monkey Island 2: LeChuck’s Revenge, lá de 1991.
Mesmo tentando ser algo baseado nos jogos de antigamente, Return to Monkey Island também traz algumas novidades interessantes em termos de gameplay. A primeira delas diz respeito à exploração, já que agora o jogador pode explorar o cenário livremente em diferentes partes do dia.
Ir à taverna durante a manhã será totalmente diferente de visitar o mesmo lugar durante a noite. Com isso, o jogador precisará prestar atenção na passagem do tempo para poder extrair o máximo da sua aventura.
Os textos continuam maravilhosos como sempre. Explorar a Ilha dos Macacos não é só motivada pela resolução do mistério envolvendo os personagens da série, mas também para se deliciar com textos e situações recheadas de humor que acabaram se tornado uma característica importante da franquia e que estão mais presentes do que nunca nesse novo jogo.
Também é preciso mencionar que a voz de Guybrush Threepwood continua sendo a do ator Dominic Armato, o que traz mais uma camada de nostalgia nesse novo título.
Return to the Monkey Island tem tudo que a franquia tem de melhor. As vozes, as músicas, os cenários, os personagens e o desenrolar de sempre. Apesar do estilo visual não ter me agradado tanto, confesso que me diverti muito fazendo essa análise, principalmente por conseguir lembrar de momentos específicos dos dois primeiros jogos, que me são tão queridos até hoje.
Além disso, caso você seja um jovem senil como este que vos escreve e não tem mais tanta disposição para ficar sentado por horas na frente do PC, saiba que Return to the Monkey Island tem total compatibilidade com o controle e está disponível também para o Nintendo Switch, caso você queira algo ainda mais portátil.
A única coisa que posso esperar a partir de agora, é que Monkey Island continue tendo novos jogos daqui pra frente – de preferência com um estilo visual mais interessante e apelativo.
Resumo para os preguiçosos
Return to the Monkey Island é literalmente o retorno à uma das franquias mais marcantes da década de 90. O novo jogo da série conta com o mesmo roteirista original e inova ao trazer algumas mecânicas inéditas de gameplay. Contudo, mais uma vez o visual deixa a desejar e acaba sendo o ponto mais baixo do jogo.
Prós
- Diálogos recheados de humor
- Nostalgia
- Novas mecânicas de gameplay interessantes
Contras
- Estilo visual não agradável