Do terror à ação, passando por novelizações, spin-offs e quadrinhos, a franquia Dead Space é como um retrato da evolução do gênero, só que de forma condensada e em uma única geração. O caminho que Resident Evil trilhou ao longo de 13 anos, por exemplo, foi seguido pela EA em apenas quatro, com uma passagem do horror para a ação que resultou em seu sumiço. Agora, é hora de mudar as coisas.
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Com o remake do primeiro jogo da série, cujo lançamento está marcado para 2023, a ideia é retornar às origens. Com um pé no passado e outro nos dias atuais, a desenvolvedora Motive deseja usar o que há de melhor em tecnologias atuais para trazer de volta a sensação de terror e tensão do antigo passeio de Isaac Clarke pelos corredores da nave Ishimura, tomada por criaturas violentíssimas. Um sentimento que ficou no passado e que, agora, retorna em grande estilo.
“[Ao longo da série original], o Survival Horror se tornou um nicho, então Dead Space 3 trouxe mais ação e aventura. Foi um ótimo jogo, mas que levou a franquia para longe de suas raízes no terror”, explicou Roman Campos-Oriola, em prévia liberada para a imprensa e vista pelo Canaltech. “Agora, estamos de volta e melhores do que nunca.”
Quem tem acompanhado o desenvolvimento sabe que é bem por aí, com as imagens apresentadas fortalecendo essa ideia ainda mais. O primeiro Dead Space já era um game atmosférico e aterrador por si só, parecendo ainda mais quando se adiciona a ele novos efeitos de iluminação, mais elementos no cenário e, principalmente, uma taxa maior de quadros por segundo, o que faz com que os inimigos necromorfos pareçam ainda mais ferozes e assustadores.
Com isso, os desmembramentos que já eram parte integrante da jogabilidade ganham nova cor. Oriola fala em uma carnificina estratégica, na qual o jogador deve usar bem sua munição para incapacitar os inimigos, em vez de desferir os disparos na cabeça que são a peça central da maior parte dos jogos com mortos-vivos. Headshots, aqui, não são tão importantes quanto um raio bem direcionado em uma junta no joelho.
Caminha ao lado disso um sistema sonoro aprimorado e também um recurso batizado pelos desenvolvedores como “Intensity Director”, ou “diretor de intensidade” em tradução direta. É como uma espécie de dificuldade adaptativa, mas que vai além apenas de sistemas ligados à dificuldade, resistência e entrega de itens, modificando também a forma como os necromorfos atacam e até a quantidade deles que aparecem na tela.
Deu para notar, nas imagens, que existem momentos lotados de oponentes e circunstâncias em que o protagonista pena para derrubar apenas um. É essa mecânica em funcionamento, também alterando a iluminação dinâmica e até as partículas que se espalham pelo cenário. Segundo Oriola, o resultado é uma experiência mais dinâmica e que mantém o jogador vidrado.
Criatividade e um uso estratégico dos recursos também se misturam às melhorias visuais, com ataques que se tornaram anatomicamente realistas e, com isso, bem mais satisfatórios em relação ao original. “Essa nova camada de precisão conversa com o combate e cria novas oportunidades para a jogabilidade, além de maior sinergia entre armas, inimigos e elementos do ambiente”, explica o diretor criativo.
Há ainda mais história sendo contada pelos cenários e, enquanto as bases ainda seguem as do primeiro, a Motive promete novos enredos, quebra-cabeças e aspectos para tornar a experiência mais rica e de acordo com a maneira pela qual o lore geral de Dead Space seguiu. Ainda é cedo para falar em um novo universo, mas entre a dúvida quanto a um reboot ou reimaginação, o que percebemos é que há um cuidado com a trama, ainda que as novidades não tenham sido apresentadas diretamente.
Moldado pelos jogadores e vice-versa
Oriola deixa algo claro: o jogador é o centro da experiência e isso se aplica a todos os aspectos do remake de Dead Space. Na hora que os usuários colocarem as mãos no jogo, eles ficarão aterrorizados, mas antes disso, o feedback dos fãs fez com que a Motive fosse capaz de realizar mudanças e aceitar sugestões durante o processo, fruto de uma abordagem aberta e que fez questão de exibir o game desde seus primeiros momentos até o grande lançamento.
“Sempre fizemos questão de mostrar o que tem de novo e aquilo que é semelhante ao original. Exibir onde estão as expansões e melhorias e os aspectos clássicos”, explicou o diretor criativo. O retorno, aponta ele, foi surpreendente, e o resultado, ainda mais. “Temos uma experiência final que é tão fresca para os novatos quanto para os veteranos da franquia.”
Para criar a nova versão, a equipe da Motive se voltou aos elementos fundamentais do original, que também dialogam diretamente com as bases do Survival Horror. No Dead Space de 2008, eram três — imersão, um cenário icônico e elementos de terror sci-fi —; no remake, um quarto foi adicionado, justamente a fidelidade ao jogo original.
Segundo o diretor criativo, são diferentes aspectos que transparecem o conjunto destes elementos, muitos deles perceptíveis, apenas, quando os jogadores efetivamente colocarem as mãos no título. É o caso, por exemplo, do Isaac muito mais humano e realista colocado no jogo, exibindo seu estado físico, mas principalmente emocional e psicológico, por meio da respiração, movimentação e postura diante dos desafios que estão adiante.
Dead Space, por exemplo, se desenrola em um único plano sequência, sem cortes nem telas de carregamento. Todos os cantos da Ishimura poderão ser explorados e o jogador não terá descanso, já que sempre existirá algo acontecendo ou um oponente atacando. Dá para voar mais livremente agora, enquanto os momentos de controle de oxigênio adicionam um peso à mais à sensação de opressão.
Falta pouco para o desastre na Ishimura recomeçar. Dead Space chega em 23 de janeiro para PC, PlayStation 5, Xbox Series X e Xbox Series S.
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