Se desconsiderarmos uma coletânea lançada em 2021, lá se vão oito anos desde o lançamento do Yaiba: Ninja Gaiden Z, último capítulo da lendária série da Koei Tecmo. Como os fãs não gostaram muito daquele spin-off, a pergunta que muitos continuam se fazendo é: quando veremos a chegada de um novo jogo? Pois para a tristeza de todos, a resposta não é das mais esperançosas.
Quem falou sobre o assunto foi Fumihiko Yasuda, que trabalhou como diretor no Nioh e ao lado de Masaaki Yamagiwa é o produtor do novo projeto do Team Ninja, o promissor souslike Wo Long: Fallen Dynasty. Ao ser questionado pelo pessoal do Video Games Chronicle se eles cogitam deixar o desenvolvimento nas mãos de um estúdio externo ou passá-lo a uma equipe mais jovem, o game designer respondeu:
“Nós não estamos anunciando nada, mas ambas as ideias soam como ótimos planos e ambas são possibilidades em certo sentido. Essas ideias são muito, muito razoáveis para uma potencial sequência em qualquer série, não apenas a Ninja Gaiden. Mas o que quero dizer é que, se teoricamente trabalhássemos com outra companhia em um novo Ninja Gaiden, precisaríamos ter certeza de que seria um título que os fãs realmente gostariam e que superaria suas expectativas.”
Ainda segundo Yasuda, todas as peças teriam que se encaixar, com o projeto sendo dado para a equipe certa, um grupo que ele classificou como que “realmente tivesse o pedigree do Ninja Gaiden.” Mas quais estúdios poderiam se encaixar nesta descrição?
Pois ao pensar nessa pergunta, dois nomes imediatamente vieram à minha cabeça. O primeiro deles seria a PlatinumGames, desenvolvedora fundada por Shinji Mikami e Hideki Kamiya, e que tem no seu portfólio algumas ótimas criações cuja jogabilidades pendem bastante para o lado dos Ninja Gaiden em 3D, como a série Bayonetta ou o Metal Gear Rising: Revengeance. Com um pouco de boa vontade, até o aclamado Nier: Automata pode servir de exemplo.
Já o outro estúdio que acredito ser capaz de fazer um bom trabalho com o universo de Ryu Hayabusa — e não só devido ao nome — é a Ninja Theory. Embora suas criações contem com sistemas de combates um pouco mais simples, eu me diverti muito lutando no Heavenly Sword, no Enslaved: Odyssey to the West ou no DmC: Devil May Cry. Além disso, sempre gostei muito das histórias que eles contam, algo que está longe de ser o ponto forte da série da Koei Tecmo.
Outro que considero uma boa pedida, mas aí admito que seria uma aposta bastante ousada, seria o Sloclap. Recentemente os franceses ganharam destaque pelo divertidíssimo (e bastante difícil) Sifu e embora o jogo funcione mais como um Beat ’em up, vale lembrar que o primeiro Ninja Gaiden era justamente nesse estilo. Logo, será que uma volta às raízes não poderia ser uma boa?
E já que estamos falando do passado mais distante, por que não fazer um novo Ninja Gaiden como aqueles que nos encantaram no Nintendinho? Se fosse seguir por este caminho, o projeto poderia ser dado para o estúdio LizardCube, que já mostrou ser extremamente competente em trabalhar com gráficos 2D recriados a mão, como no Streets of Rage 4 ou Wonder Boy: The Dragon’s Trap.
Mas independentemente de quem fosse escolhido, a tarefa de resgatar uma franquia tão pesada quanto esta não seria fácil. Seja com uma jogabilidade em duas dimensões, seja com o estilo implementado por Tomonobu Itagaki naquele fantástico jogo lançado para o primeiro Xbox, replicar a sensação de estarmos na pele de um ninja e principalmente, matendo a dificuldade alta, mas não injusta, seria um desafio imenso.
Por tudo isso, pode ser que o Ninja Gaiden nunca acabe nas mãos de outro estúdio, com a Tecmo preferindo manter a marca dormente até que surja um profissional da equipe interna com talento suficiente para tocar o projeto. Ou… até que uma gigante apareça com um cofre abarrotado de dinheiro e os convença de que “as peças se encaixar”.
O interessante é ver profissionais do Team Ninja falando em terceirizar a franquia que inclusive gerou seu nome, sendo que nos últimos anos eles se dedicaram a criar diversos títulos de outras empresas. Foi assim que a Nintendo se arriscou com os musou, com o Hyrule Warriors e Fire Emblem Warriors; a Square Enix se aproximou dos soulslikes com o Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin; ou o Switch recebeu o Marvel Ultimate Alliance 3: The Black Order.
No fundo, sempre tenho um pouco de receio quando uma franquia é deixada sob a responsabilidade de outra empresa, mas os tempos mudaram e hoje essa é uma prática relativamente comum. O importante é o que o título em questão não seja visto apenas como um caça-níqueis e que as pessoas envolvidas no projeto conheçam a essência da marca e a respeite.
Quando todos esses requisitos são preenchidos, existe uma boa chance dessa mudança de mãos dar uma oxigenada em propriedades intelectuais que estão por aí há décadas e que em muitos casos foram bastante maltratadas por aqueles que as criaram. A própria Ninja Gaiden é uma cuja qualidade caiu com os últimos lançamentos. Então, será que não está na hora da Tecmo deixar mentes mais frescas cuidarem dela?