Há poucos dias, estava com um grupo de crianças de cerca de 8 anos, conversando sobre dinheiro. Elas estavam vendo e manuseando algumas cédulas de moedas brasileiras antigas, como as de cruzeiro, cruzado e afins, quando uma criança perguntou: quem inventou o dinheiro?
Eu estava no melhor cenário para isso – eu podia incentivá-las a pesquisar e a refletir sobre como as mercadorias passavam de mão em mão antes da invenção do dinheiro. Mas você, na sua casa, como responderia? Certamente deve ter se preparado para questionamentos do tipo “de onde vêm os bebês”, porque sabe que essas perguntas vão chegar. Da mesma forma, aquelas sobre o dinheiro também vão chegar e como você pretende responder? O modo como você encara o assunto vai ter um grande impacto no futuro das crianças. Por isso, é legal se preparar para essas perguntas também.
Minha sugestão é conversar sobre como era a sociedade antes de o dinheiro ser inventado. Gosto muito de uma dinâmica simples, que pode funcionar por aí. Peça para a criança imaginar um grupo de pessoas. Uma delas é dona de uma vaca leiteira. Outra é proprietária de algumas galinhas. Uma terceira possui um pedaço de terra e planta trigo. Outra não tem nada, mora de favor na fazenda do agricultor e trabalha ajudando na plantação e na colheita. Todas essas pessoas precisam se alimentar e querem preparar pão, por exemplo. O dono das galinhas encontra o plantador de trigo e o dono da vaca. Quantos ovos ele vai dar em troca de um saco de trigo? E quantos ovos em troca de um litro de leite?
Nesse cenário, o bacana é mostrar como é difícil fazer as trocas (depois você pode contar que o nome disso é escambo). É muito bacana ir problematizando. “E se o dono da plantação de trigo já tiver leite e não precisar de mais?” ou “e se em vez de mais leite ele quiser carne?”. O papel do adulto é bacana para mostrar que atribuir um valor para os produtos e usar metais raros como “dinheiro” facilitou muito a vida das pessoas.
Como moeda, podemos dizer que as primeiras das quais se tem notícia no mundo foram inventadas na região onde hoje é a Turquia, sete séculos antes do nascimento de Cristo. Mas isso é o menos importante. Uma boa explicação gera interesse por um assunto que é do nosso cotidiano. Afasta o tabu. Por isso é tão lindo.
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Fonte: gazzconecta
