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Tecnologia

Qual a diferença entre remake, remaster, reboot e rebuild?

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A tecnologia dos videogames atuais avança tão rápido, que não precisa de muito tempo para que um jogo fique ultrapassado e possa ser modernizado por uma remasterização ou até refeito por meio de um remake ou reboot. 

Aproveitando o apelo financeiro que produtos do mundo do entretenimento ganham com a nostalgia do público, desenvolvedoras de videogames apostam cada vez mais rápido em reconstruir ou remodelar produtos que já existem e têm uma enorme gama de fãs. Entre 2022 e 2023, os jogadores podem marcar um reencontro na agenda com velhos conhecidos, como o remake de Resident Evil 4, a remasterização de Klonoa, o reboot de Saints Row e o rebuilt do primeiro The Last of Us

 

Escolher pelo relançamento de um jogo, não só é uma aposta segura na maioria dos casos, como também economiza tempo e dinheiro no desenvolvimento de uma aventura totalmente inédita. Se por um lado a tecnologia de desenvolvimento anda cada vez mais depressa, o tempo de produção de jogos eletrônicos também aumentou. Fato que justifica a alternativa de empresas apostarem em produtos que estão nas prateleiras, mas precisam de uma recauchutada. 

Os termos “remake”, “reboot”, “remaster” e “rebuilt” não são apenas escolhas dos estúdios, mas dizem ao jogador o que esperar do velho novo amigo que será jogado. Mas, afinal de contas, qual a diferença entre eles?

 

O que é remaster?

Remaster ou remasterizações são como uma reforma. Nesse tipo de técnica, os estúdios modernizam aspectos visuais e sonoros de um jogo, sem necessariamente criar algo do zero, refazendo linhas de código e alterando a jogabilidade.

O jogo “remaster” ainda é o mesmo, mas recauchutado. A remasterização é uma técnica para fazer um jogo antigo adaptar-se melhor a processadores, telas e reprodutores de áudio modernos. Na grande maioria dos casos, as remasterizações aplicam retexturização de alta definição nos gráficos e ampliam o número de canais de áudio. Tudo feito a partir do jogo original.  

Alguns remasters também trabalham conteúdo. Essas alterações podem ser correções técnicas, como as feitas em erros de tradução, ou para remover conteúdos sensíveis da história. O processo de adaptação da história é chamado de “rescripting” e indica que o jogo é o mesmo, mas passou por atualização de aspectos narrativos. 

Geralmente, isso significa uma recondução melhor da progressão do enredo ou inclusão de um novo recurso — jogos com diálogos apenas escritos no original passaram a ter uma dublagem na nova versão, por exemplo.

The Legend of Zelda: Skyward Sword HD e Mass Effect: Legendary Edition não possuem o indicativo de “remaster” na capa, mas passaram pelo processo que modernizou a jogabilidade. 

A coletânea Mass Effect inclui o conteúdo base para um jogador e mais de 40 DLCs dos jogos Mass Effect, Mass Effect 2 e Mass Effect 3. O conteúdo extra também apresenta armas promocionais, armaduras e gráficos otimizados para 4K Ultra HD. 

Skyward Sword HD adaptou os controles do Wii para o Nintendo Switch, habilitando uma opção de jogo com os Joy-Con.

 

O que é remake?

Um remake enuncia que uma aventura dos videogames bases dos personagens, inspiração na história, ambientação, localidades, nomes e gênero, mas em um jogo totalmente novo, reconstruído do zero. 

Para simplificar, pense em um remake da seguinte forma: imagine que uma produtora está “desenvolvendo um título pela primeira vez de novo”. Esse “de novo” é o ponto-chave. A proposta geral é a mesma e, geralmente, um remake mantém a base da história e seus personagens, mas pode trazer uma nova visão ou abordage. O jogo também pode mudar de perspectiva, seja saindo da visão isométrica para um esquema de ação ou alterando o enredo ao trazer elementos que expandem a história original. 

Novos esquemas de controle inseridos, novos recursos visuais e outras adições acontecem a fim de trazer o jogo para a contemporaneidade e consoles mais modernos. Pense nos remakes de Pokémon, como a dupla Omega Ruby & Alpha Sapphire ou então no excelente remake de Resident Evil 2

Final Fantasy VII Remake está entre os melhores exemplos de remake dos últimos tempos.  A Square Enix expandiu o mundo de 1997, lançado em três discos no primeiro Playstation, para uma série de lançamentos em caráter episódico no PlayStation 4, PlayStation 5 e PC. A primeira parte do Remake, lançada em 2019, utiliza cinco horas da campanha original, para criar um enredo parrudo, com mais de 25 horas de jogabilidade recheadas de acontecimentos e mecânicas novas. 

Demake

Vale guardar também o termo “demake”, que classifica o processo de imaginar como um jogo atual seria, caso ele fosse lançado para plataformas com menos capacidade de hardware. Demakes são projetos experimentais, que pretendem divertir jogadores e reimaginar um título de máquinas modernas, como o PlayStation 5, para o PlayStation One, por exemplo. 

 

O que é reboot?

Reboot é o aproveitamento do conceito mais básico de um jogo original, jogando todo o resto pela janela. Isso significa não “reconstruir” um título do zero, mas recomeçar uma franquia, aproveitando uma ideia e uma marca, com o objetivo de alavancar uma aventura totalmente inédita. O processo ajuda a revitalizar franquias que estão desgastadas e apresentar uma longa história para novos públicos, apontando o ponteiro da bússola para nortes diferentes. 

DmC, de 2013, é o reboot de Devil May Cry que levou os conceitos da franquia para um título inédito dentro do gênero hack and slash. O jogo ainda pertence à franquia da Capcom, mas com enredo, ambientação, vilões e visuais sob novas direções. Em suma, é um outro jogo, que tirou proveito apenas do protagonista e da marca. 

 

Outro exemplo que tentou seguir esse caminho foi Castlevania, quando a KONAMI lançou Lords of Shadow em outubro de 2010. Nesse jogo, as únicas similaridades da longeva franquia vampiresca com a nova produção eram o sobrenome do protagonista e elementos de plataforma aplicados em algumas fases. De resto, tudo inédito: combate em ação de terceira pessoa em câmera ampla e aberta, uma narrativa cheia de reviravoltas e elementos de RPG. 

Os jogos reboot costumam zerar a numeração de uma franquia, também como estratégia para atrair o público que não embarcou na marca antes. Saints Row, de 2022, é o sucessor do alucinado Saints Row 4, servindo como um reboot que pretende voltar às origens da franquia e manter o tom um pouco mais sóbrio. 

 

Soft reboot

Enquanto o reboot solta as duas mãos de jogos antigos de uma franquia, o soft reboot fica no meio do caminho, com um pezinho no passado. O soft reboot quer levar uma franquia para novos caminhos, mas sem descartar os jogos originais. Doom (2016) e Doom Eternal são casos claros: embora a Bethesda tenha divulgado ambos como uma nova releitura do universo criado por John Romero, a produtora acabou revelando pouco depois que os jogos seriam sequências não diretas. Os dois jogos aproveitaram a mesma pegada dos jogos antigos, trazendo enredos antigos, com novas roupagens. 

O que é rebuilt?

Rebuilt fica no meio do caminho entre uma remasterização e um remake. O termo foi empregado pela primeira vez em um grande jogo com The Last of Us Part I, que resolveu adotar preço de lançamento. O jogo apresenta mais do que os processos de texturização e melhorias de um remaster, mas não chega a reconstruir a experiência do zero, como um remake. 

Os jogadores podem esperar de um rebuilt melhorias gráficas, como a troca de modelos de personagens e a reconstrução de cenários inteiros com motores gráficos mais modernos. As novidades, no entanto, ficam mais escassas quando o assunto é jogabilidade. 

A ausência de novas mecânicas e jogabilidade criados do zero, são características que vão diferenciar um rebuilt de um remake. O “novo” The Last of Us pode renderizar imagens a 4K nativo em 30 FPS, além de usar a resposta háptica do DualSense, efeitos de gatilho e áudio 3D. Entretanto, os controles de Ellie e Joel não são refeitos com base em The Last of Us Part II, passando apenas por melhorias adaptativas dignas de remaster. 

*Texto com contribuições de Rafael Arbulu

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