Não é de hoje que Need for Speed está em busca de uma identidade, que ficou pelo caminho após hits avassaladores algumas gerações de consoles atrás. Lançado sem muito alarde no começo de dezembro, NFS Unbound tenta resgatar alguns dos elementos que deram à franquia da EA uma vaga cativa no coração dos fãs de velocidade – e, em geral, consegue.
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Visual diferentão e boas corridas
Primeiro Need for Speed para os atuais PlayStation 5 e Xbox Series X/S, Unbound traz um novo estilo artístico, combinando cenários realistas e carros licenciados com personagens customizáveis desenhados em cell-shading, aquele traço de desenho animado, que também está presente em efeitos ao redor dos veículos, com rabiscos de grafite saltando pela tela quando o jogador derrapa, salta uma rampa ou faz alguma outra manobra radical. É estiloso, mas basicamente, é isso.
É um NFS com história, e ela nao poderia ser mais simples: após conhecer algumas personalidades do circuito de corridas ilegais de Lakeshore em um prólogo relativamente longo, o jogador deve ganhar dinheiro ao longo de quatro semanas (em tempo do jogo), seja participando de eventos ou realizando pequenos ‘corres’ para outros personagens.
Os eventos incluem modalidades como corridas de ponta a ponta, circuitos de rua e desafios de drift, que não são obrigatórios. Há algumas provas diferentes, como um encontro em que é preciso quebrar placas e latas enquanto realiza manobras.
Assim como em Need for Speed Heat, há um ciclo de dia e noite, com viaturas policiais sempre em busca de corredores ilegais em qualquer horário. O jogador sempre começa o dia com um nível Zero de procurado, por isso é importante voltar para a garagem e ‘salvar’ o dinheiro ganho nos eventos.
Cada evento de corrida tem um custo de entrada e um prêmio maior em dinheiro, dependendo da posição em que o jogador termina a prova. É possível fazer apostas por fora para aumentar os ganhos. Corridas com prêmios melhores tem um custo maior de admissão e é preciso equilibrar os investimentos entre novos eventos e melhorias (cosméticas) para os carros e personagens – até porque as corridas são bem desafiadoras.
Leva um tempo para dominar o volante e se tornar o rei ou rainha das corridas de rua de Lakeshore. Há uma quantidade limitada de vezes em que se pode repetir uma prova para tentar um resultado melhor. E se você chegar nos eventos de fim de semana sem dinheiro o bastante ou sem um carro apropriado para competir, o jogo mantém seu progresso, mas é preciso ‘rejogar’ a sexta-feira para atender aos requisitos e prosseguir.
O uso de Nitro durante as corridas é feito de duas maneiras: com um ‘boost’ rápido, que queima uma linha azul sobre a barra amarela, que demora mais tempo para carregar e permite longas arrancadas… mas pode ser perdida em um instante com uma colisão.
As perseguições policiais são divertidas, principalmente quando rolam acidentes: a Criterion sempre mandou bem em sequências de colisão em alta velocidade e em Unbound não é diferente. Mas, infelizmente, muitos elementos do cenário parecem feitos de papel, mesmo árvores de tamanho médio e postes. Isso torna fácil escapar das perseguições de nível baixo, mas também dificulta bastante a vida ao fugir de viaturas mais obstinadas e agressivas.
Essa falta de impacto dos objetos é estranha, assim como a presença de pedestres que, basicamente, servem para saltar para os lados quando um carro acidentalmente vai na direção deles.
Cenário genérico
Lakeshore, a cidade fictícia que serve de cenário para as corridas, é bem genérica e um tanto desprovida de vida, o que acaba sendo o maior defeito do jogo. Há colecionáveis espalhados pelo mundo aberto, como estátuas de urso, outdoors e peças de ‘street art’, e encontrá-las desbloqueia novos carros e itens de modificação para comprar na garagem, mas é isso. Sem a opção de viagem rápida, percorrer as ruas da cidade, sempre desviando das viaturas no mini-mapa, não é nem de longe tão legal quanto poderia ser, por falta de personalidade do cenário e de atividades que poderiam dar uma vida extra ao mapa.
A campanha rola em uma versão offline do mapa de Lakeshore, que continua aberta depois que a história termina, para que o jogador possa continuar ganhando dinheiro e comprando carros. Há também uma outra versão desse mapa, separada, que é dedicada ao multiplayer online – mas que serve apenas para correr contra outros jogadores sem a presença da polícia para perseguir os pilotos!
Considerações
Need for Speed Unbound mostra que a franquia de corrida de rua da EA tem potencial para voltar a ser uma referência no gênero, ainda mais com gráficos consistentes em resolução 4K e 60 quadros de animação por segundo.
É um jogo bem feito e divertido, uma boa largada para Need for Speed, em busca de um lugar na disputada corrida dos games de automobilismo da nova geração de consoles. Só faltou mesmo um cenário mais interessante e ‘vivo’ como palco para suas corridas.
Need for Speed Unbound está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
*Esta análise foi feita no Xbox Series X, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela EA.
Fonte: terra.com.br/gameon