A nostalgia está em alta no mercado de videogames. Anúncios de remakes de Resident Evil 4, Silent Hill 2, Dead Space, além de remasters vários (como o de Suikoden I e II, por exemplo), tiveram grande destaque no noticiário recente de videogames.
Além desses pesos-pesados, a Crystal Dynamics, responsável pela franquia Tomb Raider, publicou recentemente um questionário público com o objetivo de saber como os jogadores querem que o próximo Legacy of Kain seja. Destaque do PlayStation, o clássico de ação e fantasia é um game que terminou esquecido nas areias do tempo, o que suscita as questões: qual o legado de Kain? O que um novo game desta série traria de interessante no universo gamer de hoje?
Fantasia sombria
Lançado em 1996 para o PlayStation, e posteriormente convertido para PC, Blood Omen: Legacy of Kain se diferenciou por ir contra a tendência infanto-juvenil da maioria dos games da época e se concentrar em uma trama sombria e mais profunda, que contava uma história de traição e vingança, protagonizada pelo vampiro Kain. O game foi bem sucedido em sua tarefa de capturar uma audiência disposta a jogar games mais maduros, o que garantiu uma sequência, também para PlayStation.
Lançado três anos depois, em agosto de 1999, Legacy of Kain: Soul Reaver ainda é o game mais famoso e influente da série. Apesar de ter saído em uma época com forte concorrência, meses depois de clássicos como The Legend of Zelda: Ocarina of Time e Metal Gear Solid (só para citar alguns), Soul Reaver foi brilhantemente desenvolvido e possui qualidades que o fizeram se destacar mesmo diante dos títulos de calibre já mencionados.
Do ponto de vista técnico, além de apresentar gráficos e ambientação acima da média para o PlayStation, anos antes de games como The Legend of Zelda: Breath of the Wild e The Witcher 3: Wild Hunt, Soul Reaver implementou uma técnica de “data streaming”, ou seja, enquanto o jogador está em uma sala, o jogo transmite para o console os dados da sala seguinte, de modo a evitar longas telas de loading. Outro recurso incomum para a época, é o sistema dinâmico de música, em que o jogo aumenta ou diminui a intensidade de uma trilha sonora em função do que ocorre na tela.
Do lado artístico, Soul Reaver novamente apresentou uma trama sombria e bem trabalhada, abrilhantada por uma dublagem bem melhor que a de outros games daquele tempo. Bastante diferente da canastrice de um Resident Evil, a trama do protagonista Raziel, que busca se vingar do agora antagonista Kain, foi muito bem representada em cenas intensas, mas na medida certa.
Novamente um sucesso, Soul Reaver foi posteriormente convertido para PC e Dreamcast, ainda hoje considerado como a melhor versão do jogo. Curiosamente, o final corrido e inconclusivo de Soul Reaver, mais que apontado como um defeito, foi um grande chamariz para o game seguinte, Soul Reaver 2, de 2001. Ainda que não tenha tido o impacto de seu antecessor, Soul Reaver 2 foi um dos grandes sucessos do PlayStation 2.
O legado de Kain
Infelizmente, a série perdeu fôlego a partir daí. Blood Omen 2, lançado apenas seis meses depois de Soul Reaver 2, teve um ciclo de desenvolvimento apressado e isso ficou refletido na versão final, que não apresentou as mesmas inovações e o mesmo nível de produção dos games anteriores. Em 2003 a Crystal Dynamics desenvolveu e lançou o último game da série, Legacy of Kain: Defiance. Apesar de apresentar tanto Kain como Raziel como personagens jogáveis, além de uma densa trama que mergulha no passado de Nosgoth (o mundo onde todos os games se desenrolam), LK: Defiance não teve o mesmo desempenho comercial dos títulos anteriores, levando a Crystal Dynamics a deixar a série na geladeira até hoje.
Idas e vindas em questões de direitos autorais dos games da Crystal Dynamics também complicaram qualquer tentativa de reviver os games da série Legacy of Kain, que quase recebeu um novo título na forma de Nosgoth, um projeto de multiplayer online cancelado em 2016. Porém, agora que a Crystal Dynamics, que pertencia à Square Enix, foi vendida ao grupo Embracer, operação que além de envolver Tomb Raider também envolveu a franquia Legacy of Kain, a tradicional produtora americana se mostra mais interessada que nunca em continuar a saga de Kain e Raziel.
Se nos anos 1990, histórias mais maduras e bem escritas eram exceção, hoje o mercado de games é muito mais receptivo a esse tipo de conteúdo (o já mencionado The Witcher é um exemplo), o que explica o interesse da Crystal Dynamics em saber o que tanto o público de hoje quanto o dos anos 1990 acham da série. Dada a evolução sofrida pelos games até hoje, mesmo um remake de um game Legacy of Kain teria bastante espaço para ser uma experiência distinta daquela proposta pelos primeiros games de PlayStation (vide Resident Evil 4).
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Fonte: terra.com.br/gameon