Para alguns ele é um gênio, para outros não passa de um falastrão com liberdade para criar algumas histórias mirabolantes e mecânicas heterodoxas. De qualquer, Hideo Kojima é um dos games designers mais cultuados do mundo e após se desvencilhar das guarras da Konami, o criador da franquia Metal Gear só quer manter a sua Kojima Productions sem vínculos com grandes companhias.
Fundado em Tóquio após um divórcio conturbado entre o japonês e a editora, muitos acreditaram que a independência não duraria muito. Até pelas várias aquisições que ocorreram nos últimos anos, as especulações sobre uma possível venda da Kojima Productions tem surgido frequentemente, mas durante a gravação do podcast Brain Structure que mantêm no Spotify, ele garantiu que não tem a menor intenção de vender a desenvolvedora.
Num mercado em que as afirmações costumam ser tão sólidas quanto uma nuvem, alguém poderá dizer que o game designer está apenas blefando, que sua convicção só durará até ele ser apresentado a um cheque com a quantidade certa de zeros. Talvez isso realmente aconteça, mas o comentário não surgiu do nada, sendo motivado pela conversa que estava tendo com o jornalista Geoff Keighley.
Durante o programa, o apresentador do The Game Awards pediu para Kojima falar sobre a cultura dos rumores que ronda a indústria, especialmente nas redes sociais. Após um longo debate, o convidado (que por um momento assumiu o papel de entrevistador) mencionou o recente anúncio sobre a Kojima Productions estar trabalhando em um jogo em parceria com o Xbox Game Studios, algo de certa forma inesperado, já que o projeto inicial do estúdio (o Death Stranding) foi criado com a colaboração da Sony Interactive Entertainment.
“Acho que as pessoas têm um mal-entendido sobre a Kojima Productions,” disse Hideo. “Eu criei essa companhia em dezembro de 2015 após deixar a Konami. Saiu 100% do meu bolso — sem financiamento de ninguém. Nós somos indies, não temos afiliação e não somos apoiados por ninguém, e temos boas relações com todos na indústria.”
Kojima-san ainda afirmou que as tentativas de comprar o seu estúdio são constantes, sendo que “algumas dessas ofertas são de preços ridiculamente altos.” Porém, ele garantiu que dinheiro não é o que tem buscado e que o seu objetivo é apenas criar aquilo que quiser. “É por isso que criei esse estúdio,” declarou. “Enquanto eu estiver vivo, acho que nunca aceitarei essas ofertas.”
Segundo o próprio game designer, algo que talvez faça com que as pessoas associem seu estúdio à Sony seja a proximidade física entre as empresas. No entanto, até por se tratar de um profissional que está sempre buscando entregar jogos pouco habituais, não há como deixar de ver como positiva essa sua resistência em voltar a trabalhar sob o guarda-chuva de uma grande editora.
Isso ficou claro no anúncio do seu novo projeto, cujo título ainda nem foi revelado. Na ocasião, Hideo Kojima voltou a vender sua uma das suas ideias como algo revolucionário, prometendo um jogo que deverá surpreender muita gente. Ele disse:
“Existe um jogo que eu sempre quis fazer. É um jogo completamente novo que ninguém viu ou experimentou. Eu esperei bastante até o dia em que poderia começar a criá-lo. Com a tecnologia da nuvem da Microsoft e a mudança de tendência na indústria, agora é possível me desafiar a fazer esse conceito nunca-antes-visto. Poderá levar algum tempo, mas estou ansioso para me juntar ao Xbox Game Studios e espero trazer algumas notícias interessantes no futuro.”
E já que estamos falando de rumores e jogos pela nuvem… O que vinha sendo especulado na internet era que a Kojima Productions estava trabalhando numa continuação para o Death Stranding, com o jogo explorando o serviço de streaming do Google, o Stadia. Porém, o japonês tratou de negá-lo.
“O rumor sobre o Death Stranding, mais que isso — uma continuação — que estava em andamento para ser um título exclusivo do Google, é infundado, E [o chefe do Stadia] Phil Harrison, em última análise, ter rejeitado isso é bastante impossível. Eu nunca disse nada ao Phil sobre querer fazer uma continuação para o Death Stranding.”
Contudo, há alguns meses o ator Norman Reedus afirmou que o desenvolvimento de uma continuação para aquele jogo já havia começado, deixando a dúvida se Kojima estaria escondendo o projeto — atitude que não seria inédita. Quanto a trabalhar na criação de novos capítulos para títulos que ele produziu enquanto estava na Konami, sua negação parece mais crível.
Segundo Kojima, as pessoas vivem lhe pedindo para fazer “um novo Metal Gear, ou P.T., ou Boktai, ou Zone of the Enders“, mas mesmo vendo esse clamor como algo positivo, ele tratou de afirmar que “como adultos, todo mundo deveria saber que isso não acontecerá.”
Enfim, por mais que algumas pessoas “amem odiar” tudo o que Hideo Kojima faz e principalmente, o que ele diz, sempre defenderei sua importância para os videogames. Eu entendo as críticas feitas aos seus roteiros, também acho que às vezes ele erra na dose ao propor situações absurdas, mas se no cinema ou na literatura temos vários profissionais sendo cultuados pelas maluquices que entrega, por que o mesmo não pode acontecer nos jogos eletrônicos?
PS: no início de novembro começou a circular um vídeo em que um sujeito mostra o que supostamente seria um novo jogo da Kojima Productions. Intitulado Overdose, ele traria a atriz Margaret Qualley como protagonista e seria um jogo de terror, batendo com o rumor levantado em junho deste ano pelo jornalista Tom Henderson.
Fonte: terra.com.br/gameon