Você já ouviu falar de multiplayer assimétrico? Esse tipo de jogo coloca vários jogadores jogando contra um único adversário, geralmente bem mais forte, e faz sucesso há alguns anos, especialmente no PC, e tem como principal representante o popular Dead By Daylight.
Trocando as arenas inspiradas em filmes de terror pelo colorido universo dos animes, Dragon Ball: The Breakers é o mais novo representante desse gênero e o Terra Game On foi convidado para testar essa experiência bem diferente para fãs do universo de Goku e seus amigos. Será que vai bombar?
Vilão contra sobreviventes
Em Dragon Ball: The Breakers os jogadores podem incorporar dois papeis distintos: vilão ou sobrevivente. Os sobreviventes são personagens únicos criados com um editor pelo próprio jogador, onde é possível escolher altura, musculatura e, claro, um cabelo estiloso como os do anime. Já o vilão terá apenas três escolhas, por enquanto, os lendários Cell, Freeza e Majin Boo.
Durante uma partida são sete sobreviventes tentando escapar contra um vilão que tentará de tudo para impedi-los. Daí vem o nome multiplayer assimétrico, que tem como característica colocar um time com mais jogadores contra um único vilão super poderoso.
Os sobreviventes na maior parte do tempo são frágeis e precisam trabalhar em grupo para conseguir escapar. O objetivo é encontrar chaves em cinco setores do mapa, nomeados de ‘A’ a ‘E’. Esses itens ativam a máquina do tempo no centro do mapa, que salva os coitados e garante a vitória.
Já o vilão pode vencer de duas maneiras: atrapalhar os jogadores até acabar o tempo ou simplesmente eliminar todo mundo. Jogadores executados, bem como civis em áreas povoadas, garantem poder para o vilão, que pode se transformar nas formas mais poderosas de Freeza e Cell. Isso desbloqueia habilidades brutais, como destruir toda uma área do mapa, matando quem quer que esteja escondido por lá. Se serve de consolo para os sobreviventes, ao menos é possível ressuscitar os companheiros uma vez.
Há vários itens para ajudar os sobreviventes nessa jornada ingrata, como um Radar do Dragão que indica onde estão as tais chaves e veículos que aumentam a velocidade de locomoção. Tudo depende da exploração bem feita do cenário, que é até bem grande, embora quase sempre com algumas paredes invisíveis para limitar as margens. No entanto, o maior barato é juntar cubos de energia que permitem incorporar o espírito de um dos guerreiros Z, dando as habilidades de heróis lendários como Goku, Gohan e Kuririn. Só que aí vem a parte chata, o guerreiro que seu personagem encarna é escolhido antes da partida e é adquirido através da lojinha do jogo em um sistema de Gacha.
Ao se transformar, um sobrevivente fica forte o suficiente para encarar o vilão por alguns segundos, o que garante tempo para ativar a máquina do tempo ou salvar um companheiro, por exemplo. Com o tempo, se o vilão não se cuidar, ele pode acabar até derrotado por conta do dano recebido por essas transformações.
Falta polimento
Ao disputar partidas, os jogadores vão acumulando moedinhas que podem ser utilizadas na loja do jogo. Obviamente também há uma moeda premium que pode ser comprada com dinheiro real. Os itens vendidos são diversos e vão desde roupinhas legais e acessórios com personagens da saga até os espíritos de guerreiros que são equipados ingame. Alguns deles, infelizmente, só podem ser comprados com a moeda premium.
Minha impressão é de que a quantidade de moedas ganhas por jogo é bem mais limitada do que deveria, especialmente em um jogo que não será gratuito para jogar. Os melhores itens são bastante caros e o sistema de gacha não ajuda a conseguir as transformações desejadas de forma rápida, já que há até um sistema de raridades por trás diminuindo as chances das melhores.
O tempo de espera para formar partidas neste beta fechado foi bem grande, muitas vezes passando de dez minutos por partida. Isso será minimizado com mais jogadores no lançamento, mas vale lembrar que o jogo não conta com crossplay e, segundo os desenvolvedores, não há planos para implementar no momento. Isso significa uma base de jogadores bem mais restrita por plataforma e que em algumas delas a comunidade deve acabar “morrendo” mais rápido do que deveria.
Na parte jogável há vários pontos que ainda causam estranheza. As animações dos personagens são bem simples e abaixo da crítica, principalmente nos combates. A movimentação é pouco responsiva, com a impressão de sempre estar deslizando. Os gráficos não chamam a atenção e estão bem abaixo dos jogos mais recentes da franquia. Por fim, mesmo com o tutorial, vários pontos das regras são confusos e só podem ser aprendidos errando bastante em jogo ou lendo um monte de texto no lobby, o que é garantia de afastar vários novatos do gênero.
É definitivamente uma aposta bem arriscada da Bandai Namco e, no estado atual em que testamos, não parece ser um hit que vai conquistar o coração dos jogadores, principalmente dos fãs de longa data deste universo. A questão da monetização, aliás, pode até mesmo provocar a ira de alguns.
Dragon Ball: The Breakers chega em 14 de outubro para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S.