Sophia @princesinhamt
Tecnologia

Gestão de tempo é gestão de dor

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Assisti a um vídeo do Nir Eyal hoje e resolvi compartilhar essa perspectiva com você.

“Gestão de tempo é gestão de dor.”

Aquilo que nos coloca em um estado de procrastinação inevitavelmente passará pela nossa capacidade de administrar desconforto e, por sua vez, a dor.

Isso acontece porque sempre que estamos buscando sair do estado de tédio, vamos atrás de algo para nos distrair. Em geral, essa busca acaba nos levando para qualquer coisa que satisfaça com o mínimo de esforço possível esse desejo.

Por isso, coisas como conferir redes sociais, fumar cigarro, olhar o email e outros são ações fáceis e rápidas que cumprem esse papel de alívio.

Ouso dizer que todos nós, de uma forma ou de outra, queremos melhorar na vida e fazer aquilo que tanto desejamos. Em geral coisas que não são tão fáceis e rápidas.

Nosso problema não é não desejar melhorar a vida e ser produtivo, mas sim como direcionamos nossa energia de busca de acabar com o tédio.

O tédio é que nos motiva para cair nas armadilhas que mencionei. Então administrar a forma como lidamos com esse tédio é que é o grande lance.

E mais do que isso, estamos numa geração que não tem mais a desculpa de: “Eu não sei como fazer”. Uma rápida pesquisa na internet ou mesmo uma rolada no seu feed de notícias aqui no Facebook já te dará as informações que precisa para ser bem sucedido em quase tudo que deseja.

Sabemos que se quisermos emagrecer é melhor comer salada do que frituras. Sabemos que se quisermos ter relações melhores com os outros precisamos estar completamente presentes no momento.

Os caminhos estão ao nosso alcance.

No entanto, a habilidade que ainda não temos ou não desenvolvemos muito é a de evitar as distrações. É saber gerenciar a dor e o desconforto que sentimos quando estamos fazendo aquilo que não é fácil.

E aí a questão se torna: Como evitar as distrações, não é?

E para isso a resposta está na própria pergunta:

Evitar elas.

Me lembro também do livro Hábitos Atômicos, em que o autor diz que quem é melhor em não procrastinar não é quem tem um “músculo” da força de vontade mais desenvolvido, mas sim quem evita por completo ter que usá-lo.

Se a gente organiza nossa vida para não termos a opção de procrastinar, fica muito mais fácil ir diretamente para o que importa.

No meu caso, meu treino tem sido não cair na tentação de falar:

“Vou fazer aquilo que é importante…mas antes vou só conferir meu e-mail, WhatsApp, Facebook, etc, etc…”

O ideal é não precisar tomar essa decisão e ir direto para o que importa.

É interessante também que não é a tecnologia que é perversa ou que está nos deixando viciados. Tudo aquilo que alivia dor e nos dá um sentimento de alívio pode nos ‘viciar’ se for nesse sentido. E é claro que algumas pessoas sim ficam viciadas por isso, mas não é a premissa.

O que vicia na fundo é esse mesmo desejo por evitar dor e desconforto e a busca por qualquer coisa que nos tire do estado de tédio.

Por fim, um último ponto legal é que a estratégia de dizer “não” completamente e insistentemente também não é boa.

Imagina um elástico e toda vez que você fala “não” para aquilo que está querendo evitar você puxa ele um pouquinho. Vai chegar um momento que não vai conseguir mais e aí solta o elástico, se deixando fazer a ação que está tão desesperadamente evitando.

“não, não, não, não, não, AHHH vou fazer!”

Observe algo que você faz e que é viciante e lembra das vezes que já tentou dizer não. Fumar cigarro, ficar em redes sociais, pornografia, comer saudavelmente, procrastinação, etc.

Quando fazemos essa ação, há dois pontos interessantes:

  1. O elástico não volta para o ponto inicial. Ele vai além um pouco. Isto é, além de fazer o que já fazíamos, exageramos ainda mais. É quando estamos querendo emagrecer e aí chega um belo dia que desistimos e aí comemos muito mais do que mesmo antes comíamos. Tipo “agora vou comer tudo mesmo!”
  2. Temos uma sensação de alívio porque estamos nos deixando sair do desconforto de ter que falar “não” o tempo inteiro.

E com a união desses dois pontos, acabamos, com o tempo, reforçando em nossa cabeça que sempre que sentimos um grande sentimento de desconforto, basta nos deixar aceitar a ação ruim que vamos ter um alívio imenso.

Veja se não aconteceu exatamente esse processo. Comigo posso dizer que não sei quantas vezes já entrei nesse ciclo e, naturalmente, perdi.

Uma estratégia interessante para combater isso – e realmente evitar o tédio – é usar a regra dos 10 minutos.

A ideia é o seguinte:

Você diz para você mesmo que pode ceder sem problemas ao vício ou distração, mas só após 10 minutos. Nesses 10 minutos, temos o tempo necessário para processar nossos sentimentos e vontades.

Imagine que você começou seu dia de trabalho. Iniciou aquela tarefa difícil e logo bateu a vontade de conferir seu e-mail. Nesse momento, você para e diz para si mesmo(a): “Em 10 minutos eu posso olhar o e-mail, não há problemas. No entanto, deixa eu tentar me entender agora”.

Então você pode conversar consigo mesmo. Mas a ideia é você se explorar com carinho, com curiosidade, com humildade e com respeito.

Digo isso pois o que acontece muitas vezes é que você caia em um dos dois tipos:

  1. culpe os outros e as coisas ao seu redor (“Ah, não estou conseguindo concentrar porque meu celular que está me atrapalhando!”)
  2. ou então se culpe (“Ah, tem algo errado comigo! Não tenho força de vontade! Não nasci pra isso!”).

Então nos explorar com essa curiosidade e, quem sabe, voltar à tarefa difícil que está fazendo – sabendo que pode desistir depois de 10 minutos – vai te dar exatamente o tempo que precisa para transformar dentro de si essa dor e essa necessidade.

Quanto mais fazemos isso e vencemos nesses 10 minutos, mais fácil é evitar as distrações e os vícios ruins e nos colocar em um estado de avançar naquilo que realmente importa.

Recapitulando então:

Grande parte de nós quer melhorar e se desenvolver na vida fazendo as coisas difíceis que vão gerar os resultados importantes. No entanto, tendemos a nos distrair com coisas menos importantes sempre que iniciamos algo que nos gera desconforto porque são fáceis e nos dão um sentimento de alívio.

Gerir melhor nosso tempo e nossas prioridades, então, significa entender como evitar realizar as coisas que nos distraem e, para isso, a melhor estratégia não é simplesmente falar NÃO e pronto. Fazer isso vai ser muito difícil e frequentemente vamos desistir.

O ideal é sempre que bater a vontade de distração e de rápido alívio do desconforto, nos damos 10 minutos para pensar antes. Caso depois dos 10 minutos refletindo ainda quisermos fazer a ação de alívio e procrastinação, podemos a realizar. No entanto, o que acontece frequentemente é que nesses 10 minutos transformamos a forma como entendemo nossas emoções naquele momento e vamos resinificando nossa forma de encarar esse alívio momentâneo.

Queria comentar hoje com você esse ponto pois é algo que estou diretamente lidando atualmente para vencer alguns vícios e realmente progredir naquilo que preciso fazer para alcançar meus objetivos.

Eu compreendo que é um tanto quanto complexo o tema e sugiro também que assista ao vídeo pois pode impactar diretamente na forma como você gerencia sua dor para alcançar aquilo que deseja.

Divirta-se!

Fonte: andrelug

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