Sophia @princesinhamt
Tecnologia

FIFA 23 — Até logo mais, velho amigo!

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A minha paixão pelos jogos de futebol produzidos pela EA Sports é antiga, remetendo a 1994 e o FIFA International Soccer. Embora eu tenha deixado a série de lado durante a quinta e a sexta geração de consoles, ela voltou a ser a minha preferida na época do Xbox 360 e desde então tenho jogado todos os lançamentos. Por tudo isso, saber que o FIFA 23 seria o último a carregar o nome da entidade máxima do esporte me causou uma certa tristeza.

Sim, após quase três décadas, terminou a parceria entre a Electronic Arts e Federação Internacional de Futebol, fazendo com que a partir da próxima temporada o simulador passe a ser conhecido como EA Sports FC. Nós ainda não sabemos o impacto que isso terá nos futuros jogos, mas o que podemos dizer é que essa despedida aconteceu em grande estilo.

Ao iniciar o FIFA 23, nossa primeira ação será escolher quem nos guiará por um extenso tutorial: Kylian Mbappé ou Samantha Kerr. Com os ensinamentos indo desde como realizar passes até a melhor maneira de atacar ou defender, esta é uma novidade que deveria ter sido implementada há muitos anos.

Embora os jogos da franquia trouxessem pequenas introduções para nos mostrar algumas novidades na jogabilidade, agora o tutorial é muito mais abrangente, sendo uma ótima porta de entrada para quem não está familiarizado com o jogo. E por se tratar de um simulador repleto de nuances, mesmo os jogadores de longa data poderão aprender uma coisinha ou outra assistindo e participando dessas aulas.

Um jogo de ritmo e precisão

No campo, a principal mudança do FIFA 23 em relação à edição anterior está na velocidade. Com os jogadores se movendo num ritmo mais lento, isso se deve a uma tecnologia que a EA Sports chama de HyperMotion2. Usando uma mistura de inteligência artificial, machine learning e captura de movimentos, a empresa chegou a mais de seis mil animações para os atletas, fazendo com que as partidas pareçam mais reais do que nunca.

Com as fraquezas e virtudes dos jogadores sendo mais evidentes, ainda temos aqueles que se movem muito mais rápido que a maioria, sendo bastante difícil pará-los. Porém, exceto por poucos craques, toda essa explosão cobrará um preço alto no controle da bola, tornando mais difícil realizar dribles ou acertar um cruzamento.

Assim como nos campos do mundo real, a mudança de velocidade imposta pelos atletas virtuais é o que fará das partidas algo mágico. Essa oscilação no ritmo poderá funcionar como uma arma letal para os atacantes, com a imprevisibilidade nos movimentos tendo potencial para deixar os zagueiros completamente perdidos, mas com o FIFA 23 a EA Sports conseguiu melhorar consideravelmente o ato de defender.

Após vários anos sofrendo para evitar as investidas dos adversários, agora esse aspecto do jogo está um pouco menos traumático. Em parte isso se deve a própria velocidade reduzida dos atacantes, mas também a um recurso (que pode ser desligado) que controla automaticamente a velocidade dos defensores. Diminuindo a chance de aproximações afoitas, ainda estaremos suscetíveis a tomarmos dribles desconcertantes, mas com um pouco de paciência e treino, agora os zagueiros parecem mais sob o nosso controle.

E por falar nisso, me sinto seguro em afirmar que nunca um jogo de futebol me passou uma sensação tão forte de controle do que o FIFA 23. Mesmo vez ou outra errando um passe ou não conseguindo concluir uma jogada, sempre tive a impressão de que o culpado não era o jogo, mas sim a minha falta de habilidade ou as circunstâncias.

Do posicionamento dos jogadores até a velocidade em que eles estão no momento de passar a bola ou arrematar ao gol, tudo influenciará no resultado. Assim, não espere acertar um chute forte ao estar de costas para a meta ou caminhando lentamente em direção à bola. Da mesma forma, a chance de isolar um disparo passa a ser muito maior quando nos aproximamos da bola em grande velocidade.

Aqui novamente vemos o HyperMotion2 e a física implementada pela desenvolvedora atuando diretamente na jogabilidade. Mesmo não sendo uma simulação perfeita, com, por exemplo, os goleiros reagindo de maneira sobre-humana algumas vezes, é possível notar melhorias na movimentação dos jogadores e principalmente, na maneira como eles se comportam quando os estamos controlando.

Mas a grande vantagem trazida pelo melhor controle dos zagueiros e menor velocidade dos atacantes é a maneira mais natural como tenho disputado as partidas. Se antes era um adepto da ideia de que “a melhor defesa é o ataque”, quase sempre explorando a velocidade, agora tenho jogado de maneira mais cadenciada, variando a estratégia de acordo com os adversários.

Ainda não posso dizer que encontrei o equilíbrio ideal, pois continuo investindo principalmente em jogadores velozes no modo Carreira por achar que eles levam muita vantagem. Contudo, essa é uma tendência que carrego comigo há muito tempo e que certamente não abandonaria de uma hora para outra.

Porém, se há algo que continua me incomodando não só na série da EA Sports, mas nos jogos de futebol em geral, é a quantidade de gols. Raramente participamos de uma partida em que não ocorram vários gols e embora eu esteja longe de ser um “retranqueiro”, acredito que essa fartura do “grande momento do futebol” acaba pesando contra a imersão.

Aventurando-se pelo FIFA Ultimate Team

Apesar ter estreado no FIFA 09, o FIFA Ultimate Team (ou simplesmente FUT) nunca conseguiu me prender. Nele temos que montar uma equipe usando cartas que serão obtidas com dinheiro real ou virtual, com elas disponíveis no que pode ser comparada a pacotes de figurinhas.

Tendo se tornado o modo mais popular da franquia, muitas pessoas adquirem a versão mais recente do FIFA apenas para se dedicar a essa “coleção” de cartas e assim poder disputar torneios online ou offline. A adoração pelo FUT é tão grande que diversos sites se dedicam a organizar informações sobre as cartinhas, que servem inclusive para nos dar acesso a estádios, escudos, uniformes e todos os detalhes relacionados a montagem de clubes.

Por diversas vezes tentei entender o que leva as pessoas a gostarem tanto desse modo e embora eu perceba o fascínio que o colecionismo desperta em alguns, sempre esbarrei em dois detalhes importantes: os jogadores que adquirimos só estarem disponíveis por algumas partidas e a própria complexidade do modo.

Com uma quantidade enorme de informações para serem administradas, sempre achei o FUT desnecessariamente complicado, com a química entre os jogadores interferindo na qualidade da equipe, os “aluguéis” de atletas precisando ser considerado e a sorte pesando muito na hora de obtermos novas cartas ao adquirir pacotes — que é uma forma carinhosa de chamar as loot boxes.

No fundo, tudo isso é a maneira que a desenvolvedora utiliza para incentivar as microtransações, já que o FUT é uma das principais fonte de renda da EA. Como não me vejo gastando dinheiro na aquisição dessas cartas, sempre preferi me dedicar ao modo Carreira, pois com ele consigo ter a experiência de administrar um clube, mas sem precisar me preocupar com um modelo de monetização que costuma ser tão criticado.

Mesmo assim, neste ano decidi dar uma nova chance ao Ultimate Team e ao entrar nele, a primeira impressão não foi das melhores. Para um novato, a quantidade de informações apresentadas assusta e embora o FIFA 23 se esforce para explicar tudo o que está sendo mostrado no menu, confesso que tive uma certa dificuldade em absorver tudo aquilo.

Isso me fez deixar a experiência para outra oportunidade, quando estiver com mais tempos disponível e assim pulei para segunda divisão italiana, onde se encontra a minha carreira como técnico. Talvez eu nem volte às cartas do FUT e continue me sentindo culpado por não aproveitar um modo que tantas pessoas adoram. Porém, essa capacidade de entregar algo para todos é justamente uma das qualidades que mais gosto na franquia da EA.

Novidades pontuais, mas bem-vindas

Mesmo não sendo um jogo revolucionário, FIFA 23 trouxe algumas novidades muito interessantes para a jogabilidade, como, por exemplo, o Power Shot (R1/RT+L1/LT+chute), que poderá render belos gols a longa distância e inclusive são cercados de uma carga dramática, com a câmera dando um zoom no atleta (efeito visual que também pode ser desativado).

No entanto, está no controle mais preciso dado aos jogadores o maior mérito desta edição do jogo da EA Sports. A sensação de estarmos participando de uma partida de futebol melhorou muito desde o jogo anterior e por mais que algumas pessoas critiquem a desenvolvedora por não implementar diferenças de um capítulo para o outro da série, é possível notar muitos avanços dessa vez.

A partir do ano que vem e com um novo nome, talvez as supostas amarras impostas pela FIFA de fato permitam que a Electronic Arts ouse mais. Parte disso já pode ser visto na possibilidade de jogarmos apenas momentos chaves das partidas no modo Carreira, nas muito bem-vindas partidas entre plataformas ou na maior atenção ao futebol feminino, com as ligas inglesas e francesas estando disponíveis e o HyperMotion2 fazendo com que jogar com as mulheres seja sensivelmente diferente.

Mas enquanto a nova era não começa, seguirei tentando levar o time criei ao topo do mundo, talvez me renda de vez ao “jogo de cartinhas” da EA Sports e quando elas forem disponibilizadas, disputarei a última Copa do Mundo presente um jogo da empresa. E pensar que tudo começou lá no Mega Drive, com aquele que fez eu me apaixonar por jogos de futebol, o inesquecível FIFA International Soccer.

FIFA 23 — Até logo mais, velho amigo!

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