O Dreamcast foi um videogame fantástico, estando a frente de seu tempo em vários aspectos. Entre os pontos em que o último console da Sega tentou inovar estava o seu memory card, um dispositivo conhecido como Visual Memory Unit (VMU) e que chamava a atenção de todos.
Sem contar com as unidades de armazenamento que temos atualmente, na época do Dreamcast os consoles precisavam armazenar o nosso progresso nos jogos nesses cartões de memória, mas a fabricante viu ali uma oportunidade de levar a experiência de jogo a outro nível. Ao adicionar uma tela e alguns botões ao VMU, a Sega transformaria a peça em muito mais do que um memory card, fazendo dele um portátil.
Embora contasse com uma simples tela monocromática com resolução de 48×32 pontos e baixa capacidade de processamento, o acessório podia oferecer alguns minigames e até se conectar a outros para a realização de partidas multiplayer. Além disso, como ele ficava acoplado ao controle do Dreamcast, alguns títulos aproveitavam a segunda tela para tornar a experiência mais imersiva, como, por exemplo, mostrando o nível de energia do personagem no Resident Evil: Code Veronica ou jogadas secretas no NFL 2K2.
Porém, mesmo com os memory cards tendo sido abandonados nas gerações seguintes, uma empresa grega chamada Dreamware Enterprises achou que o VMU merecia ser revisitado e principalmente, que ele poderia ser melhorado. Assim ela deu início a uma campanha de financiamento coletivo para tornar esse sonho realidade.
De acordo com a descrição na página do projeto, apesar de o VMU ter sido um dos maiores trunfos do Dreamcast, ele possuía algumas falhas de design e o objetivo do VM2 será justamente corrigir esses problemas. Entre as novidades prometidas para essa nova versão, teremos o seguinte:
- Nova tela monocromática com backlight, que pode ser desligada para poupar bateria.
- Maior resolução para a tela, com a opção de alternamos entre o original (48×32) e o melhorado (96×64).
- Entrada para cartão MicroSD, o que dará ao VMU uma capacidade praticamente ilimitada de armazenamento.
- Uma bateria LiPo de alta capacidade, o que fará com que a unidade aguente muito mais tempo entre as recargas.
- Possibilidade de carregar a bateria mesmo sem um controle, já que o VM2 contará com um conector micro-USB.
- Conexão com o PC, permitindo assim que os minigames sejam aproveitados em um computador. Também será possível gerenciar os saves no PC usando uma interface customizada.
Por fim, também é importante dizer que na época do Dreamcast foram criados memory cards que contavam com quatro vezes a capacidade de um VMU normal, com os arquivos ficando divididos em páginas. Porém, essas unidades não contavam com uma tela e o VM2 resolverá isso, nos permitindo escolher entre o modo simples (200 blocos) ou 4x (800 blocos).
Para qualquer pessoa que ainda tenha um Dreamcast e continua se divertindo com esse ótimo videogame, algo como o VM2 certamente se tornará um sonho de consumo. O problema é que garantir uma unidade não será muito fácil. Com estimativa de envio apenas para agosto de 2023, será preciso investir 115 euros para termos direito a um desses memory card, o que significa algo próximo de R$ 600!
Este é um valor que afastará muitos interessados, mas a julgar pelos trabalhos anteriores do idealizador do VM2, Chris Diaoglou, qualidade não deverá ser um problema neste projeto. Foi ele o responsável pelo DreamConn e pelo DreamPort PSU, modificações que permitem ao controle do Dreamcast funcionar através de uma conexão Bluetooth.
Para ser sincero, eu não teria coragem de investir tanto dinheiro em um VMU, mas o que considero impressionante em relação ao VM2 é pensar no quão querido o Dreamcast continua sendo. Lá se vão quase duas décadas e meia desde o lançamento daquele videogame e mesmo com a maior parte dos jogos criados para ele tendo aparecido em outras plataformas, as pessoas continuam o idolatrando.
Isso me leva a crer que se um dia a Sega decidir ressuscitar o saudoso console, o interesse do público deverá ser imenso, com todas as unidades esgotando rapidamente. Obviamente eles precisariam fazer algumas mudanças e sei que um projeto como esse exigiria um investimento pesado. Mesmo assim, eu sou um apaixonado que faria o possível para comprar uma unidade, mesmo que fosse uma miniatura como aquelas do Mega Drive.
Enquanto esse retorno parece longe de acontecer, sigo por aqui torcendo para que um dia um Dreamcast em boas condições caia na minha mão. E pensar no eterno arrependimento que carregarei sempre comigo por ter sido dono de três Dreamcast e me livrado de todos.