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Cult of the Lamb vale a pena? Análise – Review

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Existem dois tipos de jogos indie atualmente, os que inovam e os que copiam. Cult of the Lamb, desenvolvido pela Massive Monster e publicado pela Devolver, é um exemplo magnífico de como criar algo incrível baseado em outros títulos de sucesso.

Não dá pra saber ao certo do que o jogo se trata logo no início, mas já da pra ter noção de como o game trata alguns temas “pesados” de forma cômica, leve e até mesmo cartunesca. Mesmo após ver algumas imagens do jogo, não sabia o que esperar. Afinal, trata-se de um jogo roguelite, de gerenciamento ou de “fazendinha”?

Reprodução: Devolver Digital

A verdade e que tem um pouco de tudo. Calma ai que vamos te explicar.

A história começa com um pequeno carneiro sendo levado para sacrifício, por um culto antigo e místico. Após ser sacrificado, o carneiro vai para algum lugar e conhece uma entidade que promete faze-lo voltar a vida, desde que concorde em ser seu receptáculo. Só ai você já percebe que Cult of the Lamb não é um jogo para crianças, apesar do visual parecer tentar dar essa impressão.

Depois de voltar a vida, é só alegria! O jogador descobre que sendo receptáculo dessa entidade esquisita, tem força para derrotar seus oponentes e criar seu próprio culto de adoração. As coisas vão acontecendo aos poucos, mas logo você consegue seus primeiros seguidores e descobre que além de lutar contra o culto, precisará gerenciar sua prole de adoradores para tornar-se mais forte a cada dia.

Reprodução: Devolver Digital

Apesar de parece algo meio batido, Cult of the Lamb diverte por trazer muita coisa nova ao mesmo tempo para te manter interessado em avançar na sua jornada. As vezes senti que era uma jovem criança novamente, sentado à frente da Televisão e maravilhado com o que via, tamanha a quantidade de estímulos que Cult of the Lamb te dá o tempo todo.

Faça uma cozinha, desbrave o mapa para coletar mais recursos, construa sua igreja, colete sua fé… tudo isso acontece em pouco menos de dez minutos! E quando o jogador se dá conta, já tem alguns seguidores e uma pequena estrutura para gerenciar.

A jornada do carneirinho possuído se divide em duas partes: explorar o mapa atrás de recursos e administrar seu próprio culto.

Reprodução: Devolver Digital

Ao sair para explorar o mapa, o jogador descobre que existem quatro áreas distintas controladas por aqueles que ordenaram seu sacrifício. O objetivo é derrotar os quatro maiores sacerdotes que funcionam como chefões de cada uma das áreas, ao mesmo tempo em que descobre novas habilidades, maldições, armas, recursos e muito mais.

Quando digo muito, é muito mais mesmo! Quando você acha que o jogo já te apresentou tudo que precisa para seguir adiante, uma nova mecânica aparece e você descobre que pode “ministrar” reuniões dentro do seu templo, para angariar a fé de seus seguidores e tornar-se mais forte.

Além disso, você também precisará ordenar as funções de seus seguidores, mantendo um certo balanceamento entre elas. É preciso decidir quem coletará o que, quem servirá como fonte de fé, além de tomar cuidado para não deixar ninguém passar fome, desconforto, perder a fé ou até mesmo morrer de cansaço.

Reprodução: Devolver Digital

Para encontrar novos seguidores é preciso explorar o mapa. A cada novo adorador, o jogador pode personaliza-lo da forma como achar mais conveniente. Com mais seguidores é possível coletar mais recursos e ampliar seus domínios mais rapidamente.

É realmente impressionante como Cult of the Lamb consegue manter o jogador imerso e interessado na jogatina, mesmo apresentado uma série de temas esquisitos e até pesados para algumas pessoas. Você literalmente usa a vida de seus seguidores para crescer, quase os mantendo num regime de alienação total e trabalho sem descanso. Tudo isso num cenário totalmente fofo e lúdico! Uma belezinha.

Com o tempo, o carneirinho satânico também libera algumas maldições, que permitem ataques a distância. Toda dinâmica do combate é bastante simples: atacar, desviar e aproveitar as oportunidades para amaldiçoar seus oponentes sempre que possível. Porém, a cada nova maldição desbloqueada, o combate ganha um novo fôlego. O mesmo acontece com novas armas, que potencialmente alteram todo a forma como você enfrenta seus oponentes.

Reprodução: Devolver Digital

Ao invés de pura e simples experiência, o jogador vai coletando os recursos pelo mapa, o que inclui, até mesmo, os ossos quebrados dos seus inimigos, que servirão como matéria-prima para novos itens do seu culto. A mecânica de coleta não é necessariamente nova, mas dá uma impressão de novidade ao trazer essa camada de crueldade sádica.

Conforme fica mais forte, o carneirinho agrada à entidade que toma seu corpo e lhe dá mais poder. Mais poder significa que você consegue ir mais longe nos mapas e enfrentar chefões mais fortes, significando novas construções e possibilidades para o seu culto. É é ai que Cult of the Lamb impressiona: o jogo pega algo simples e batido e repagina de uma forma que é quase impossível parar de jogar.

Os combates divertidos e toda a temática do culto té dá a sensação de estar jogando uma mistura de Doom com Stardew Valley, mesmo que Cult of the Lamb não possua visão em primeira pessoa. O que agrada é justamente esta mistura de gêneros e conteúdos inusitados, transformando o profano em algo que funciona e diverte.

Reprodução: Devolver Digital

O sistema roguelite também é divertido e desafiador no ponto certo – pelo menos na dificuldade normal. O jogador deve explorar uma série de mapas e fazer escolhas dos caminhos por onde passará. Cada escolha resultará em algo diferente, que pode variar desde em encontrar mais comida para alimentar seu bando, até um nova arma, maldição ou característica, ou até mesmo um novo seguidor.

Jogos de fazendinha ou de gerenciamento também costumam apelar para a aparência e personalização do seu espaço. Não a toa, jogos como Stardew Valley nos contemplam até hoje com uma série de criações incríveis, que jogadores levaram muito tempo para conceber.

A personalização do espaço do seu culto em Cult of the Lamb não chega a ser a característica mais forte do jogo. É óbvio que o jogador ainda terá controle sobre o que será construído e aonde, mas não espere algo muito elaborado ou arrojado neste quesito.

Reprodução: Devolver Digital

A maioria dos objetos é pensado por sua finalidade no espaço, e não necessariamente por sua aparência. Claro que os jogadores mais criativos ainda conseguirão criar culto magníficos – disso não duvido. Mas pelo menos a versão a que tivemos acesso para review não foi possível personalizar cor, tamanho e outras características dos itens.

Neste quesito, Cult of the Lamb se assemelha muito à Don’t Starve, tanto na aparência como na forma de distribuir os objetos pelo espaço disponível. É perceptível como os desenvolvedores também beberam desta fonte de inspiração, sem a ameaça do escuro – já que o jogador é a própria encarnação da escuridão.

Outro detalhe que me chamou a atenção é como diferentemente de outros jogos do estilo, o jogador não acaba criando vínculos com os seus seguidores. Na verdade, é como se o jogo não fizesse nada para que você se importe com aqueles que lhe prestam serviço de forma tão devota. Num primeiro momento, encarei isso como uma falha. Mas depois, pensando melhor, notei que pode ter sido proposital, já que afinal de contas, seus seguidores são mostrados como uma espécie de ferramenta para se chegar em um objetivo.

Reprodução: Devolver Digital

Isso não significa que o jogador não vá sentir quando perder um de seus seguidores. Mas provável que lamente mais por ter perdido uma ferramenta, do que por perder um membro do seu culto.

O que eu acredito ser o maior trunfo de Cult of the Lamb, é a capacidade que o jogo tem de usar estímulos contínuos ao seu favor, para manter o jogador interessado. “Corra em até este lugar e colete este objeto”. “Construa isso”. “Avance no mapa e enfrente este oponente”. Todos estes objetivos são desafiadores, mas relativamente rápidos de se conquistar, fazendo com que o jogador entre em um ciclo quase permanente de desafio e recompensa.

Reprodução: Devolver Digital

Cult of the Lamb também merece ser destacado pela forma como apresenta o profano e o medonho. É um dos títulos mais divertidos que joguei neste ano, com um dos visuais mais interessantes. Se você quer se surpreender com algo divertido e que vai sugar algumas horas da sua vida, pode apostar em Cult of the Lamb sem medo de ser feliz.

Análise do jogo elaborada com uma cópia fornecida pela Devolver Digital.

Resumo para os preguiçosos

Cult of the Lamb é um das melhores coisas que joguei neste ano. Além de apresentar uma mistura inusitada entre gêneros diferentes, o game aborda o profano de forma cômica, ao mesmo tempo em que abusa dos estímulos e da sensação de que você não para de avançar e crescer para te manter preso ao jogo.

Divertido ao extremo e com uma temática pra lá de interessante, Cult of the Lamb é absolutamente magnífico!

Nota final

90
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Sistema roguelite desafiador e balanceado;
  • Gerenciamento imersivo do seu próprio culto;
  • Estímulos constantes que renovam a sensação de novidade a cada novo mapa;
  • Visual interessante e gráficos chamativos;

Contras

  • Sistema de personalização limitado

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