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Tecnologia

BGS 2022: Para influenciadoras, ainda falta representatividade

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Após quase três anos, a Brasil Game Show, maior feira de jogos digitais da América , está de volta em formato presencial, com dezenas de visitantes passando diariamente pelos pavilhões do Expocenter Norte, em São Paulo (SP). Em sua imensa maioria, homens, o que é um retrato bem diferente do perfil gamer apontado por pesquisas sobre o mercado brasileiro.

Para entender um pouco essa diferença – que mostra que o público que visita a BGS ainda é o gamer ‘hardcore’, um dos principais perfis vistos na Pesquisa Game Brasil, por exemplo – o Game On conversou com as influenciadoras e criadoras de conteúdo Ana Xisdê e Diana Zambrozuski, veteranas consolidadas entre os fãs de jogos digitais, seja em lives ou nas redes sociais.

Mesmo com o cansaço de sete dias de feira, ambas comemoravam o retorno da BGS. “Fez muita falta todo esse tempo sem ver a galera, a gente fica em casa criando conteúdo e só vê fotos e números, não tem a dimensão de quantas pessoas são, da vida real“, conta Diana. “Estar na feira permite sentir o carinho da galera e lembrar porque fazemos conteúdo“, explica a streamer, que faz lives no Facebook Gaming. “Esse ano tá todo mundo com o gás acumulado desses 2 anos sem eventos, todo mundo com uma vibe muito pra cima”.

A narradora e apresentadora Ana Xisdê já foi caster de jogos como Overwatch e Free Fire, e concorda que o evento presencial faz muita diferença. “Poder encontrar os jogadores, tirar foto, essa conexão se perde quando tudo é online, estar de volta é muito bom“, diz a criadora de conteúdo, que elogiou também a duração estendida da BGS em 2022: “Sete dias de feira abrange muito mais gente“.

Questão de representatividade

Falando sobre a ausência de mais jogadoras e mulheres fãs de games entre os milhares de visitantes, Ana acredita que existe receio da jogadora em comparecer, mas que esse não é o único motivo. “Faltam iniciativas que abraçam as pessoas que são negras, que são mulheres, que jogam no celular. Essa representatividade ainda falta nos eventos e a gente precisa abraçar essas pessoas“, explica.

A apresentadora conta que no passado, teve a postura de “vir na e na coragem, mas não é todo mundo que é assim. Ninguém precisa se forçar a ser o que não é para ficar a vontade num ambiente que deveria abraça-la de outra forma“.

BGS 2022: Veja os estandes e atrações da feira de games:
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Diana também aponta que há muita diversidade no meio gamer. “O que falta é representatividade“, diz a streamer. “Dificilmente as marcas chamam para trabalhar, só em meses específicos, da Mulher, mês da Consciência Negra, LGBT, mas está faltando chamar para o ano inteiro“.

Para ela, a representatividade é fundamental. “A diversidade muda o meio como um todo, não é só para ser bem visto. No momento que você só tem o Clube do Bolinha jogando games, qualquer pessoa diferente é escorraçada. É legal que cada vez mais as marcas estão abraçando a galera, muitas por pressão, mas que bom que está melhorando um pouquinho!

Referências para outras mulheres

Para Diana, encontrar fãs na Brasil Game Show e ouvir das meninas que é uma é muito tocante. “Quando tudo era mato, era ainda mais complicado“, diz a streamer, lembrando-se de quando ela começou a fazer lives em um ambiente muito menos diversificado. Porém, ela acredita que ainda há muito o que pode ser feito: “Por mais que hoje tenha muito mais mulheres, quando sai a lista de top streamers de qualquer plataforma, nunca tem uma mulher. Precisamos de mais representatividade feminina!

Ana Xisdê acredita que hoje é mais fácil para as mulheres que sonham em ser criadoras de conteúdo de games seguir essa carreira. “Mas ser mais fácil não significa que é fácil“, avisa. “Eu comecei por não ter mulheres nos campeonatos que eu assistia. Eu gostava muito mas não me sentia representada, ‘será que não tem nenhuma mulher com a capacidade de me representar? Então eu vou lá’.”

A apresentadora explica que existe muita pressão sobre quem não é homem ou branco neste meio. “Tem essa preocupação de será que a mulher está preparada? será que o negro está preparado?‘. Eu sempre me preparei muito para não ser contestada e mostrar que as mulheres podem sim ser profissionais“. Xisdê acredita que com iniciativas como a dela e de tantas outras mulheres o cenário melhorou, mas ainda não é 100% melhor. “A gente como público cobra muito das empresas grandes por representação, mas falta o meio do caminho para criar essas oportunidades“.

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