Lançado em outubro de 1997, Fallout: A Post Nuclear Role Playing Game foi um marco na indústria. Tendo como base o sistema do GURPS, ele nos colocava num mundo devastado por uma guerra nuclear, onde tínhamos que tomar diversas decisões moralmente ambíguas. Contudo, se mesmo com sua visão isométrica a criação da Interplay já era capaz de nos fazer imergir naquele universo, imagine se o jogo fosse em primeira pessoa?
Pois foi pensando nisso que Alexander “Saur X” Berezin começou a trabalhar numa animação que transformava o clássico RPG em algo no estilo de um FPS. Então, após passar alguns anos aperfeiçoando a técnica, o autor divulgou o que seria o teaser do que ele batizou como Fallout: Bakersfield.
Usando a engine , Saur X criou um pequeno vídeo em que podemos ver o protagonista enfrentando ghouls nas ruas da cidade, com o personagem alternando entre uma pistola, um soco-inglês e uma escopeta. Além da animação muito fluida, impressiona a semelhança visual com o jogo original, numa demonstração do conhecimento do artista em relação ao material que o inspirou.
O que também ajuda a aproximar a recriação do jogo da Interplay é a interface, que reaproveita elementos característicos como a barra de energia, a quantidade de munição e até mesmo um texto descrevendo as ações que estão sendo realizadas. Ponto também para o porta-retrato do nosso personagem, que assim como no Doom, traz expressões em tempo real.
Com o criador do Fallout: Bakersfield fazendo algum mistério em relação a quando teremos a oportunidade de colocar as mãos no jogo, uma mensagem que aparece no final do trailer tem deixado os fãs ansiosos pelas próximas semanas. Ela diz:
“Em 23 de outubro de 2077 a população de Bakersfield soube que as outras Vaults haviam sido seladas. Em desespero, eles foram para o abrigo local, forçando o caminho para proteger a si e seus familiares. A porta funcionou como planejado: a radiação inundou; aqueles que sobreviveram sofreram da ghoulificação. No verão de 2083 os sobreviventes puderam deixar o abrigo. Aqueles que optaram por ficar fundaram a cidade de Necropolis.”
Como um lançamento tão próximo parece improvável, será que a data mencionada no trailer seria um indicativo de que maiores detalhes sobre o Fallout: Bakersfield serão divulgados em 23 de outubro? E mais importante, será que a modificação realmente conseguirá ver a luz do dia?
Infelizmente, não é raro vermos ideias como a de Berezin não chegarem a ser terminadas e como nos foi mostrado pouco, talvez o autor só tenha desejado chamar a atenção. Tendo trabalhado em projetos como o Fallout Sonora e Olympus 2207, atualmente ele tem se dedicado a um CRPG inspirado no Fallout e cujo lançamento ainda não tem data para acontecer.
Outro fator que poderá atrapalhar a criação do Fallout: Bakersfield é a Bethesda, já que a editora pode não gostar muito de ver sua marca sendo explorada pelos fãs. Por enquanto ela tem feito vista grossa para iniciativas assim, como, por exemplo, uma que sugere remasterizar os personagens do jogo usando inteligência artificial, mas considerando a maneira como as editoras costumam se comportar em relação às suas propriedades intelectuais, essa indiferença pode mudar subitamente.
Curiosamente, o momento atual poderia ser uma ótima oportunidade para a editora incentivar o projeto, afinal eles estão comemorando 25 anos da franquia. Com eventos que irão desde a adição de missões ao Fallout Shelter até a realização de promoções e a liberação por alguns dias do Fallout 76*, acredito que adotar a criação de Alexander Berezin e torná-la oficial poderia ser um belo presente aos fãs. Bancar um projeto como esse seria relativamente barato e com a ajuda de alguns profissionais da Bethesda, não tenho dúvida de que o jogo poderia ficar sensacional!
Mas como isso não passa de um sonho improvável de ser realizado, resta torcer para que um dia possamos visitar as ruas de Bakersfield enquanto nos preocupamos com todas as ameaças que nos cercam. Se executada da maneira como vimos no trailer, essa poderia ser uma das modificações mais legais já criadas para o Doom. Não superaria o espetacular CRPG idealizado por Tim Cain há duas décadas e meia, mas seria uma ótima maneira de revisitá-lo.
*Se você ainda não possui o Fallout 76 e é assinante do Amazon Prime, saiba que durante o mês de outubro será possível resgatar uma cópia do MMO e que ela poderá ser ativada na Microsoft Store. Embora o jogo tenha sido muito criticado no início, ele recebeu várias atualizações e melhorias desde então, passando a ser admirado por muitas pessoas. Para quem sempre sonhou com um capítulo multiplayer, está aí uma ótima oportunidade de experimentá-lo.