Vou ser direta e reta neste texto: Overwatch 2 é um jogão. É uma pena que para ele existir, a Blizzard teve que deixar de lado toda uma comunidade que ainda jogava apaixonadamente o primeiro game da franquia, mesmo que quase às traças.
Vamos começar do início para que eu possa construir esse argumento para você, caro leitor. Primeiro de tudo, OW2 continua sua essência como um “hero shooter”, ou seja, um subgênero dos jogos de tiro no qual os personagens possuem habilidades e armas únicas que podem variar em sua habilidade.
O que há de novo?
O jogo ao primeiro olhar não está muito diferente: enquanto eu jogava algumas partidas em mapas antigos, eu tive a mesma sensação de quando eu jogava o primeiro game – mas não se engane: do mesmo jeito que as semelhanças são muito próximas à experiência bem conhecida pelos jogadores do Overwatch original, a sequência traz uma evolução clara na engine do jogo.
Os personagens possuem diversas melhorias gráficas, os mapas estão mais detalhados e alguém pode até perguntar qual é a real necessidade dessa mudança, mas sabemos que os aspectos deste desenvolvimento vão muito além da imagem. A Blizzard fez essa mudança – além, é claro, de novas mecânicas de física nas roupas, efeitos sonoros, trilha, menu e tantas outras novas adições – justamente para adicionar mais elementos e trabalhar na implementação de sistemas PvE que a equipe sempre quis e o próprio público pediu inúmeras vezes.
Eu vi algo relacionado a isso no jogo? Não, mas a possibilidade de criar partidas personalizadas continua lá, para deleite da comunidade modder. Logo no menu inicial, é possível ver a seção “Arcade” vazia, esperando por novidades, e admito que pensando nisso, já quero algo novo além do Terror de Halloween durante outubro e fico pensando se trarão algo diferente do Lucioball durante a Copa do Mundo de futebol.
Mas voltando ao game (ou pelo menos à versão gratuita dele, já que, diferente do jogo original, Overwatch 2 adotou um modelo ‘free to play’ para suas modalidades multiplayer), a fluidez é clara e não falo aqui somente em relação ao visual mais polido: as partidas estão muito mais frenéticas.
Assim como grande parte do cardápio da Blizzard, o primeiro jogo seguia a boa e velha máxima: fácil de começar, difícil se masterizar. Agora o buraco é um pouco mais embaixo, com uma jogatina que vai exigir mais dos jogadores para uma boa compreensão de um metagame mais pegado – principalmente no competitivo. Não espere também por uma maior compreensão na hora de assistir aos jogos: visualmente a bagunça está um pouco mais difícil para alguém que não é um grande especialista em esport.
Aqui já quero agradecer ao Neves, narrador que conversou comigo sobre as mudanças que já poderemos ver no jogo em si. Essas disputas mais pegadas são basicamente o resultado de uma composição que está menos parruda e que pune por mau posicionamento – exigência de um maior reflexo por parte dos jogadores. A consulta que a própria Blizzard fez com os jogadores da Overwatch League resultou em uma cadência que recompensa mais quem é bom no jogo e dá espaço para um player só fazer a diferença caso mande bem na habilidade, o que não se via muito no game anterior pela composição segura com dois tanks no time.
Agora será necessário o raciocínio na hora de entrar em partida. A maneira de jogar mudou e quem está acostumado pode até estranhar por alguns dias – o game, que antes era muito mais resumido à equipe, hoje pode ser definido pela habilidade individual. Os mapas novos estão maiores e se antes os times asseguravam seu espaço com composições que somente andavam grudadas em espaços pequenos, hoje os escudos levaram nerfs e os suportes precisam se esconder e exigem uma estratégia para punir mais seus adversários.
Mais heróis
Isso seria um empecilho para trazer novos fãs? Talvez. A Kiriko por exemplo, nova personagem inserida no game, possui um modelo de herói que exige um alto conhecimento de reposicionamento na batalha por ser uma suporte com muita mobilidade e que exige um alto nível de treino.
A Junker Queen é muito mais uma anti-tank do que uma tank em si para abrir espaço para seus colegas de time e que serve bem para retirar o escudo dos oponentes. A Overwatch League – que aconteceu antes de todos poderem jogar – foi recheada de picks da rainha de Junkertown – tanto que ela já foi nerfada justamente por ser uma grande aliada anti-defesa e anti-cura!
Por fim, a Sojourn (minha nova main, me perdoe Zenyatta) é muito forte e foi criada pensada justamente no competitivo. Ela exige mira por conseguir eliminar inimigos com pouco HP base a qualquer distância com um headshot em seu botão direito, além de ter uma grande mobilidade com sua habilidade no Shift – acho que agora não dá para esconder, mas admito que joguei o game no PC!
A complexidade destas novas heroínas faz um contraponto com os personagens já lançados, que são menos dependentes de reflexo e timing corretos. Mas no final das contas, é bom lembrar mais uma vez que o Overwatch 2 é um hero shooter – ou seja, não há exatamente uma problemática para novos jogadores já que existem inúmeras maneiras distintas de jogar. Não manda bem com tiros? Sem problemas, você ainda pode ajudar com o Reinhardt, que é completamente melee.
Itens cosméticos e passe de batalha
De outras novidades, também temos desafios que são definidos diariamente, semanalmente, por temporadas, competitivamente, desde o começo e definidos por heróis. Antes essas recompensas eram um pouco mais tímidas, no máximo um spray, agora teremos até títulos para alguns feitos. Completar esses desafios diários e semanais, assim como jogar com seus amigos, estão entre as maneiras mais fáceis de conquistar belos visuais gratuitamente com o novo sistema de recompensas do jogo. Como? Já explico.
Como Overwatch 2 será gratuito para jogar, agora a monetização será outra: teremos o fim das lootboxes, substituídas por um modelo de passe bem parecido com o de Fortnite. O Passe de Batalha tem duas versões, uma comum e outra premium. As duas são recheadas com cosméticos épicos, amuletos, poses de vitória e mais, sendo que a premium dará algumas regalias extras, como acesso imediato à Kiriko. Um adendo importante é que Sojourn e Junker Queen já estarão disponíveis gratuitamente.
Ah, é claro: caso queira, você pode comprar tudo… Boa sorte gastando mais de 15 mil moedas para isso.
Importante notar que, para jogadores novos, existirá a necessidade de desbloquear os heróis clássicos – de acordo com a própria Blizzard, a dedicação exigirá cerca de 100 partidas para desbloquear a lista completa de personagens originais de Overwatch. Já para os veteranos de guerra que já tinham o outro game, a empresa deixou um presente: o Pacote de Fundador, que oferece itens como skins bem estilosas que eu pude já experimentar e também acesso à Kiriko.
A própria Blizzard já revelou um plano para manter o game atualizado, com novos lançamentos por temporada que envolvem o battle pass e novas levas de itens, skins e outros extras. A segunda temporada inicia dia 6 de dezembro e marcará a estreia de um tank ainda não revelado e, depois, novos heróis chegarão a cada duas seasons em Overwatch 2.
Considerações
Espero que este suporte para Overwatch 2 seja mais do que uma promessa e continue por muitos anos para oferecer uma segurança à comunidade quanto às atualizações e continuação do jogo, que tem muito para oferecer tanto na esfera casual quanto (e principalmente) na competitiva.
Veremos se este será mesmo o futuro da amada franquia, que levou o prêmio de jogo do ano do The Game Awards 2016: uma nova força no cenário de esports para ficarmos de olho.
Gratuito para jogar, Overwatch 2 está disponível para PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S.