Alguns dos super-heróis mais clássicos como Homem-Aranha, Batman e Superman estão há décadas ganhando histórias inéditas, e não existe o menor sinal de que isso vá mudar em um futuro próximo. Comentando sobre essa realidade, Alan Moore tentou dar uma justificativa a esse fenômeno.
Durante uma entrevista para o ScreenRant, o autor disse que super-heróis são “sinistros” e “viciantes“, a ponto de parecer causar uma espécie de dependência nos leitores de quadrinhos, que quase nunca se sentem satisfeitos com as histórias que recebem.
Ainda segundo Moore, o mercado vez ou outra busca criar quadrinhos “para os adultos viciados que se formaram como leitores nos anos 60, 70, 80 e 90″.
“Passei a sentir que os super-heróis são sinistros por uma série de razões… Eu não acho que essas pessoas que são viciadas nessas coisas parecem satisfeitas com o que estão recebendo, mas essa é uma queixa comum entre as pessoas viciadas, sabe? Há uma espécie de retornos decrescentes, particularmente se o material em si não é tão bom quanto costumava ser.” Disse Moore.
Durante a entrevista, o autor ainda acusou as histórias atuais de super-heróis de serem vazias, bem como de serem ativamente prejudiciais à cultura.
Segundo Moore, a influência delas tem se manifestado de maneiras cada vez mais perigosas hoje em dia, espalhando a ideia de que problemas grandes só podem ser resolvidos pela intervenção de indivíduos superpoderosos.
O autor observou que, seguindo isso, figuras como Elon Musk e Donald Trump se promoveram como super-heróis da vida real, e que a filosofia subjacente de “anseio por uma solução rápida” é em parte responsável pela ascensão da extrema-direita nos EUA.
“Quando você tem isso realmente interferindo no pensamento político das pessoas, então você tem algo como o QAnon [teoria da conspiração de extrema-direita, criada nos Estados Unido]. Você tem uma ameaça imaginária completamente inventada da qual só podemos ser salvos por um herói imaginário completamente inventado. É quando você tem o pensamento de que permeia os quadrinhos de super-heróis de terceira categoria, realmente sendo autorizados a governar a realidade de consenso, aquela em que todos nós temos que viver, é quando você vai ter coisas como a Invasão do Capitólio de 6 de janeiro, sabe?” Disse Moore.
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Alan Moore escreveu A Saga do Monstro do Pântano da edição 20 até a 64, se consagrando como o maior escritor do título, que virou um clássico dos quadrinhos.
De 1983 a 1987, um jovem escritor britânico chamado Alan Moore revolucionou os quadrinhos dos Estados Unidos. Sua ousada abordagem na série do Monstro do Pântano, da DC Comics, definiu novos padrões para a narrativa gráfica e desencadeou uma revolução na nona arte que repercute até os dias de hoje.
Partindo das premissas de horror gótico do título e construindo um marcante e intuitivo estilo narrativo e uma profundidade de caracterização sem precedentes, a visão de Moore foi traduzida assombrosamente em belos desenhos de colaboradores como Stephen Bissette, John Totleben, Shawn McManus e Rick Veitch. O resultado é uma das mais duradouras obras-primas dos quadrinhos.
Fonte: terra gameon