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Política

Vereador Carlos Portinho revela despreocupação com a disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro

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Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Carlos Portinho (PL-RJ) assumiu o mandato de senador pelo Estado em 2020, depois da morte do então senador Arolde de Oliveira. Na ocasião, Portinho era candidato a vereador da cidade, mas viu os rumos mudarem quando teve de ocupar o gabinete 19 no Senado.

No início deste ano, o se posicionou como pré-candidato à Prefeitura do Rio pelo PL. A ação ocorreu depois que o governador do Estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), passou a defender outro nome que não era do partido.

Contudo, no fim de outubro, o ex-presidente Jair Bolsonaro — maior cabo eleitoral da direita — Apesar de o nome de Ramagem ter ganhado força, algumas alas do PL, como a representada pelo senador Flávio Bolsonaro (RJ), defendem um alinhamento maior antes de “bater o martelo” sobre o postulante à prefeitura da capital fluminense.

“Nunca criei problema algum, e nem é um cavalo-de-batalha para mim ser candidato a prefeito”, contou Portinho, em entrevista a Oeste. “Jogo para dentro do partido que estou. Enquanto estiver no PL, vou jogar para dentro da decisão que for tomada pelo presidente Valdemar Costa Neto e pelo presidente Jair Bolsonaro. Nunca foi um cavalo-de-batalha para mim, mas quero discutir a cidade.”

Conforme o líder do PL no Senado, o candidato ao posto deve ser capaz de discutir os temas da cidade.

Durante a entrevista, Carlos Portinho ainda comentou as recentes ações do Senado, em relação ao Supremo Tribunal (STF), .

Portinho acredita que Senado “ficou muito pequeno”, e isso “recai sobre a presidência do Senado” — .

“Há um senso comum de que o Senado perdeu…parece até que o presidente do Congresso é o Arthur Lira [presidente da Câmara dos Deputados], quando, na verdade, é o senador Rodrigo Pacheco”, disse o parlamentar. “Talvez isso tenha apertado o calo dele também.”

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O Senador Carlos Portinho (Pl-Rj) Durante Sessão No Plenário Do Senado | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

A Oeste, Carlos Portinho comentou a situação interna da bancada do PL no Senado, os avanços do Senado em pautas relacionadas ao STF, a PEC da Defesa, a disputa pela Prefeitura do Rio e muito mais. Confira os principais trechos:

Durante a votação da PEC da reforma tributária, o senador do Eduardo Gomes (PL-TO) votou a favor da matéria, apesar de o partido ser publicamente contrário à proposta. Na Câmara, alguns deputados do PL votam com o governo, mas qual é o cenário no Senado?

Temos no partido praticamente uma hegemonia de oposição. Pode ter acontecido na eleição para a presidência do Senado, do senador Rogério Marinho, assim como aconteceu na reforma tributária. Foi uma pena. Se tinha uma oportunidade de a gente vencer o governo, realmente, a mais concreta era a reforma tributária. É um tema muito caro para o brasileiro, que vai pagar essa conta. Muito se perguntou o motivo de não termos fechado questão contra a reforma. Como líder do PL, não tenho poder de fechar questão. Quem faz isso é o diretório executivo nacional do partido. O diretório fez um jantar com os senadores e entendi que não houve necessidade de o diretório fechar questão. O único que não estava presente era o senador Eduardo Gomes. Percebemos no jantar que tínhamos ampla adesão dos parlamentares do nosso partido e, além disso, a manifestação do presidente Bolsonaro foi clara. Quem votou contra a manifestação dele e contra a orientação do partido votou por si.

Fechar questão sobre uma matéria pode ser uma opção para as próximas votações?

O maior escrutínio é do povo. Pessoalmente, votei e orientei contra o arcabouço fiscal e contra a reforma tributária. Fechar questão, além de não ser da minha alçada, não significa muita coisa. O que podemos fazer, como consequência para quem não seguir, é perder um senador. Tudo que a oposição não precisa nesse momento é perder senadores. Estamos em uma conta de 32 senadores de oposição. Por isso que, em temas como uma PEC, temos mais facilidade em criar dificuldades para o governo, em barrar. Em outros temas, realmente, não. Se for um projeto de decreto legislativo ou um projeto de lei, com 32 senadores dentro de 81, quando o governo precisa da maioria, ele sabe que tem. É lógico que vão ter temas sobre agronegócio ou economia, que conseguimos pegar votos na base do governo — em partidos de centro, como o União Brasil e o Podemos. Aí, contamos para aumentar os nossos 32 votos, buscando alguns senadores que são aliados. Fechar questão não é garantia. Pode nos fazer perder um senador, e não parece democrático, porque o senador tem de prestar contas da sua atuação junto ao seu eleitor e ao seu Estado.

Nesses últimos meses, algumas propostas que visam a regulamentar a atuação do STF tiveram celeridade no Senado, como a PEC 8/2021. Qual a avaliação do sobre a atuação do presidente Pacheco ou de Davi Alcolumbre?

Na reunião de líderes, esses assuntos são colocados. Algumas dessas pautas, principalmente a PEC 8, foram consequência de uma obstrução exitosa que fizemos no Senado. Mostramos que a nossa pauta é essa. O Senado, por outro lado, ficou muito pequeno e isso recai sobre a presidência do Senado. Há um senso comum de que o Senado perdeu…parece até que o presidente do Congresso é o Arthur Lira [presidente da Câmara dos Deputados], quando, na verdade, é o senador Rodrigo Pacheco. Talvez isso tenha apertado o calo dele também. Temos de incentivar todas as vezes em que o Senado quiser recuperar o seu tamanho, seja qual for o presidente. Caso contrário, fica um desequilíbrio entre os Poderes da República, e isso percebemos que foi muito ruim no início desse novo governo. O Senado se apequenou e, agora, começa buscar um caminho para recuperar o seu tamanho. Tomara que seja para valer, não um jogo de cena.

O PL pretende filiar senadores para aumentar a bancada?

Tem as eleições municipais, que mexem na configuração dos partidos. Temos senadores bem alinhados com a direita. Reforçar a oposição é positivo. Trazer esses senadores, que possuem uma afinidade maior com as nossas pautas e valores, nos dá força e tamanho.

O senhor é autor de uma PEC que garante que o orçamento de defesa do Brasil seja igual ou superior a 2% do PIB. Qual a importancia dessa proposta?

Essa PEC está sendo gestada desde o meu querido falecido senador Arolde de Oliveira. Faço a análise do texto desde o ano passado, quando as Forças Armadas tiveram o maior orçamento, de 1,45% do PIB. De lá para cá, veio reduzindo. Hoje, são 1,05%, um porcentual muito abaixo do que recomenda a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Devemos compreender que esse é um projeto de Estado, não de governo. Até porque o governo de Dilma Rousseff participou do processo de redução de orçamento das Forças Armadas, tanto quanto o governo Bolsonaro. Recuperar esse porcentual de capacidade de investimento dá previsibilidade, e não devemos olhar apenas para a Defesa, que já seria muito importante. A defesa das nossas fronteiras, a atualização dos nossos equipamentos militares… até a atuação interna dos órgãos das Forças Armadas, como no Rio de Janeiro, com as GLOs, nas tragédias climáticas, de chuvas e desmoronamentos. Devemos entender que esses investimentos incentivam a indústria de defesa, que gera milhões de empregos. As Forças Armadas também são um braço importante nos investimentos de ciência e tecnologia.

O senhor conversou com o governo sobre o tema?

Sim. Primeiro, era importante termos as assinaturas para que a PEC existisse. Protocolamos a proposta, porque alcançamos um número até acima do . Ou seja, há uma adesão de muitos senadores a essa proposta. Conversei com o líder do PT no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que foi ministro da Defesa, assim como tenho mantido conversas com o ministro da Defesa, José Múcio. Ambos me confirmaram que é de interesse do governo também essa proposta, o que é muito bom. Isso é uma proposta de Estado, não de governo.

Sobre Prefeitura do Rio. O senhor é um nome que se colocou à disposição do PL para o posto, mas o ex-presidente Jair Bolsonaro sinalizou um apoio ao deputado Ramagem. Como está essa situação?

Temos de voltar um pouco para o Carnaval deste ano e entender que lanço a minha pré-candidatura no mesmo momento em que o governador do Rio de Janeiro [Cláudio Castro] anuncia que o seu candidato para a prefeitura seria de outro partido. Entendi que o PL, e sempre jogo para dentro do partido, sendo o maior partido, com maior fundo e com maior tempo de TV, não teria cabimento não ter um candidato. Ao mesmo tempo, tive uma experiência como de Habitação por duas vezes. Conheço a máquina da prefeitura, conheço meu adversário, sou uma pessoa que mora e vive o Rio de Janeiro intensamente e conheço as dificuldades da nossa cidade. Sempre estive disposto a . É o momento de discutir a cidade do Rio, que foi muito maltratada na gestão Eduardo Paes [atual prefeito]. Sempre disse que o partido tem excelentes quadros, como o general Braga Netto, o general Pazuello e, agora, o delegado Ramagem. Sem dúvida alguma, um quadro maravilhoso. O Rio vive um problema de segurança. Ele pode trazer luz para um . Fui líder do governo Bolsonaro, fiel ao exercício da liderança. Aprovamos tudo, não perdi uma votação enquanto líder do governo e sempre estive à disposição de contribuir. Tenho um ótimo relacionamento com o Ramagem. Inclusive, já iniciei uma conversa com ele, mas não avançou. Ele viajou para Washington [EUA], mas devemos retomar essa semana, para eu entender como ele quer construir a candidatura dele. Preciso conversar com as minhas bases. Tive uma experiência de fazer campanha para o Delegado Veloso a deputado federal e vi algumas dificuldades, principalmente, em algumas áreas de territórios dominados no Rio. Mas, certamente, se é a vontade do presidente, assim será.

O senhor pode mudar de partido, caso o PL decida apoiar o Ramagem?

Nunca criei problema algum, nem é um cavalo-de-batalha para mim ser candidato a prefeito. Jogo para dentro do partido que estou. Enquanto estiver no PL, vou jogar para dentro da decisão que for tomada pelo presidente Valdemar Costa Neto e pelo presidente Jair Bolsonaro. Nunca foi um cavalo-de-batalha para mim, mas quero discutir a cidade. O nome deve ter a capacidade de discutir os temas da cidade. Os temas nacionais são muito importantes e, certamente, vão correr em paralelo, mas o tema central de uma campanha municipal deve ser discutir os problemas da cidade do Rio de Janeiro.

Fonte: revistaoeste

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