Sophia @princesinhamt
Política

Uma conversa com o deputado falsamente acusado de exaltar Hitler

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Nesta semana, o deputado estadual João Henrique Catan (PL-MS) se tornou alvo de assassinato de reputação. O motivo? Segundo veículos da grande imprensa, o parlamentar teria exaltado um livro do nazista Adolf Hitler, em discurso na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems).

A história não passa de fake news. Na tribuna da Alems, Catan mencionou o livro Mein Kampf — mas não exaltou seu conteúdo. Pelo contrário, disse que as expostas na obra jamais deveriam ser seguidas.

Em virtude da repercussão do assunto, Catan sofreu ofensas e pressões políticas. O deputado estadual Leonel Radde (PT-RS), por exemplo, acionou o Ministério Público Federal (MPF) contra o parlamentar sul-mato-grossense.

Nenhum veículo de comunicação se retratou até o momento — o que provocou descontentamento em Catan. “A mesma imprensa que divulgou fake news sobre esse episódio tentou encontrar, durante os últimos quatro anos, fake news divulgadas pelo público de direita”, disse o parlamentar, em entrevista a Oeste. “A imprensa prejudicou de maneira severa a minha imagem.”

Catan também rechaçou o nazismo, explicou o propósito de seu discurso na Alems e criticou a militância política em setores da imprensa. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como o senhor vê a distorção que setores da imprensa fizeram sobre sua declaração na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul?

Vejo com muita decepção. A mesma imprensa que divulgou fake news sobre esse episódio tentou encontrar, durante os últimos quatro anos, supostas fake news divulgadas pelo público de direita. A imprensa entrou em contradição, portanto. Essas pessoas prejudicaram de maneira severa a minha imagem. O que me deixa mais decepcionado é o fato de os veículos de imprensa se aglutinarem em um consórcio que prestigia a velocidade da informação, e não a credibilidade. Antigamente, os brasileiros entendiam que as notícias veiculadas pela Globo e pela Veja eram verdadeiras. Hoje, todos têm motivos para desconfiar da veracidade da informação divulgada por essas empresas. Alguns veículos de imprensa perderam sua capacidade de checar, de produzir matérias érias, independentes e investigativas.

Quando o senhor percebeu a repercussão do assunto?

Comecei a receber matérias publicadas na internet — todas cópias umas das outras. Proliferaram uma notícia com título mentiroso, falso. Quando percebi isso, tive de tomar medidas judiciais. O mais interessante para destacar é que, para esses veículos de imprensa, o mais importante é encontrar alguém de direita que defenda ditaduras. Mas nenhum de nós defende um regime perverso como o nazista, que perseguiu e matou milhões de pessoas. O objetivo é pôr na mesma esteira a direita e a esquerda. Mas é a esquerda que apoia publicamente o regime ditatorial da Nicarágua, por exemplo. Esse regime persegue cristãos, mata pessoas, viola garantias e liberdades individuais. Daniel Ortega é um ditador aprendiz de Adolf Hitler. Ele, sim, deveria ler o Mein Kampf e aprender que todo o conteúdo do livro não deu certo em lugar nenhum.

Qual é o contexto da declaração do senhor?

Dezesseis políticos da Assembleia de Mato Grosso do Sul votaram contra meu requerimento que cobrava informações do Estado. Em menos de 30 dias, o governo nomeou 2,5 mil pessoas. E aprovou um projeto de lei para conseguir contratar mais 500 cidadãos. Meu objetivo é saber quem são os funcionários, como trabalham e quanto ganham. Gostaria de saber o impacto financeiro dessas contratações para o Estado. Isso deveria ser o básico. Em meu discurso, afirmei: “Olha, o governador está impedindo o parlamentar de trabalhar. Ele está jogando fogo nas funções institucionais do Parlamento”. Não precisaram nem jogar fogo de fato no Parlamento, como fizeram os nazistas. Depois da vitória dos Aliados, quem recolocou a Alemanha nos eixos e alçou o país a voos mais altos foi exatamente o Parlamento. São políticos eleitos no regime parlamentarista que reergueram a Alemanha. É com esse livro que quero dizer aos que talvez eles estejam renunciando ao seu papel.

Quais medidas o senhor adotou contra esses veículos de imprensa?

Utilizei a jurisprudência atual sobre fake news. Notifiquei pelo menos 50 sites. Pedi direito de retratação e ajuizei ações de indenização. Alguns veículos covardes estão apagando os links de suas matérias. Não estão fazendo menção ao erro que cometeram. Não houve pedido de desculpas. Espero que essas empresas reconheçam que o jornalismo “copia e cola” é raso, baixo. Isso não representa a imprensa brasileira, que já teve grandes repórteres e articulistas. Alguém que se limita a republicar links não merece credibilidade.

O deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) acionou o MPF contra o senhor. Qual sua posição sobre o assunto?

Esse parlamentar precisa estudar, porque o Ministério Público Federal não tem competência para processar deputado estadual. O objetivo desses parlamentares e dos advogados do Grupo Prerrogativas é transformar o MPF e o Supremo Tribunal Federal em órgãos de exceção. Isso é proibido pela Magna. No Brasil, ainda há o devido processo legal. Falta conhecimento jurídico, gramatical e contextual ao deputado petista.

E o que o senhor pensa do nazismo?

Tenho ojeriza, ódio.

Leia mais: , reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 150 da Revista Oeste

Fonte: revistaoeste

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