Entrevistado pelo programa Primeira Página, da Centro América FM, o governador Mauro Mendes (União) afirmou que a questão envolvendo o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) já está resolvida e que não haverá continuidade do modal. Recentemente, o chefe do Executivo decidiu retomar o projeto do Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), por ser uma opção mais barata para construção e com um preço de passagem mais acessível. Ele ainda aproveitou para cutucar o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), dizendo que a culpa por as obras não terem iniciado é dele.
“O governo já resolveu este assunto. Contratamos um técnico. Aprofundamos nesta história. Fizemos um detalhamento com muitos técnicos e eles concluíram, como era desde o início, que para Cuiabá e Várzea Grande a modalidade correta era o BRT. A diferença de um para o outro é que um roda sobre trilhos e outro sobre pneus. Todos são muito bons, elétricos, possuem conforto”, explicou Mauro.
Segundo o governador, seriam necessários mais de R$ 1 bilhão para terminar o VLT. “A empresa que vendeu o VLT cometeu corrupção. Está comprovado isto. O BRT custa muito menos. Fizemos a licitação, ganhou um consórcio, quando íamos começar a obra, o senhor Emanuel Pinheiro, entrou com uma ação no TCU. Esta obra é 100% com recursos do governo de Mato Grosso. Vamos derrubar isto na Justiça, iniciar a obra, porque o contrato foi acionado. O senhor prefeito de Cuiabá é quem está paralisando a obra”.
Mauro comenta que o VLT é inviável em Cuiabá, já que teria poucos quilômetros e Cuiabá e Várzea Grande não possuem uma densidade que valha a pena implantar o modal. “Você quer pagar R$ 1 bilhão para terminar e pagar R$ 5 o bilhete? O outro custará muito menos e a passagem será R$ 3 reais”.
“Quem está dizendo isto, não sou eu. É um estudo feito por vários especialistas. Tem um relatório de mais de mil páginas. Se a população quer que gaste mais dinheiro de Mato Grosso com isto, pagando tarifa mais cara, ok. Mas tenho certeza que querem uma solução para esta triste história. O VLT nasceu da corrupção. Foi falsificado um parecer para que ele pudesse passar. Quem disse isso foi o ex-governador, que todos sabem o nome [Silval Barbosa], que confirmou que houve estes crimes”, finalizou.
O Tribunal de Contas da União acatou o pedido de cautelar movido pela Prefeitura de Cuiabá, determinando a suspensão do processo de substituição do VLT pelo Ônibus de Trânsito Rápido (BRT). Entre as justificativas para o ato, o órgão de controle apontou a “inexistência, por exemplo, do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental – EVTEA”.
Em sua decisão, o ministro Aroldo Cedraz ratificou os apontamentos feitos de forma constante pelo prefeito Emanuel Pinheiro desde que a possível troca de modal foi anunciada. No recurso conduzido pela PGM, por exemplo, a Prefeitura cita que “tal decisão se deu de forma unilateral, sem qualquer espécie de participação da sociedade e dos municípios por onde o modal de transporte será implantado, qual seja, Cuiabá e Várzea Grande”.
Este é um dos fatores mencionados por Cedraz, que lembrou que o Governo do Estado já havia sido alertado pela Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano (SMDRU) sobre a necessidade de cooperação dos governos locais nas discussões sobre o tema. O ministro destaca ainda que a decisão de alteração do modal de transporte público intermunicipal não possui respaldo da SMDRU.