Dez homens, entre eles alunos e ex-alunos da Universidade de São Paulo (), acusam o professor de Direito Alysson Mascaro de assédio e abuso sexual. Eles citam episódios que teriam ocorrido de 2006 até o início de 2024.
Segundo as vítimas, cujos nomes não foram revelados, a conduta do acusado, que já foi professor do ex-ministro Silvio Almeida, inclui beijos forçados e até estupro. A reportagem é do site Intercept Brasil. O material foi publicado nesta terça-feira, 3.
Conforme os denunciantes, Mascaro se aproximava com promessas de apoio profissional. Elas não sabiam, contudo, que a intenção do professor e era intimidá-los para assediá-los. Um dos alunos da USP relatou ter sido abusado sexualmente ao longo de dois dias.
Ele não morava em São Paulo, mas contou ao Intercept que foi à cidade para assistir a uma aula na USP a convite do professor, que ofereceu hospedagem. Quando chegou ao apartamento, o estudante disse que Mascaro o abraçou e disse: “Finalmente você está aqui, meu pupilo querido”, relatou. “Dê um abraço em seu mestre, finalmente podemos dar esse abraço”.
A investida não terminou no abraço. O aluno relatou que, em seguida, o professor começou a passar a mão em seu corpo, colocar a mão por dentro de sua roupa e tirar a própria camisa. Depois, teria beijado o pescoço do aluno.
Professor da USP acusado de assédio sexual por dez alunos, Alysson Mascaro é considerado uma referência no pensamento marxista no Brasil. Vídeos publicados nas redes sociais mostram o professor criticando o capitalismo.
Em 2022, quando o presidente Luiz Inácio Lula ganhou a eleição, ele compartilhou uma foto nas redes sociais cuja legenda diz que a vitória do petista “é apenas o começo da luta”. Demonstrou, assim, ser eleitor do petista. Em seu livro Sociologia do Brasil, por exemplo, Mascaro analisa o marxismo na realidade brasileira.
Na edição desta terça-feira, 3, do , o apresentador Tiago Pavinatto confirmou a informação de que o acusado “foi quem ensinou Silvio Almeida a ser professor”. Em 2019, o agora ex-ministro de Lula, , chamou Mascaro de “orientador maravilhoso”.
“Ele disse que me transformaria em um professor e que eu poderia pensar o direito a partir da filosofia”, afirmou o ex-ministro de Lula. Nas redes sociais, Mascaro compartilha fotos junto de Almeida em diferentes eventos.
Geisiane Freitas, socióloga e comentarista do , afirmou que esse é um exemplo de marxista “que sinaliza virtudes, que dita comportamentos, para, na verdade, esconder seus crimes”.
O cientista político Marcelo Suano, também integrante do , lembrou que “professor” não é um cargo burocrático nem emprego. “Trata-se de um título de nobreza”, afirmou. “Se confirmado os crimes, ele não pode ser chamado de professor.”
Mascaro usou suas redes sociais para defender-se. Em nota, afirma ser “vítima de crime cibernético”. Também diz que “sofre um processo de perseguição por pessoas que se escudam no anonimato”. Ele ainda afirmou estar tomando medidas legais junto às autoridades públicas.
Fonte: revistaoeste