A Procuradoria de Defesa da Democracia, que foi proposta pelo governo do presidente Lula, ignorou as falas do petista sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na última semana, o presidente tem se referido ao processo de deposição de Dilma como “golpe de Estado”. O órgão deve ser o responsável por futuras ações contra quem divulgar informações falsas nas redes sociais que atentem “contra a democracia”.
O jornal O Estado de São Paulo solicitou à Advocacia-Geral da União (AGU) uma explicação sobre as declarações de Lula. A AGU é quem vai abrigar o órgão criado pelo governo petista. O caso pode ser enquadrado como fake news, uma vez que o processo de impeachment de Dilma foi totalmente constitucional.
A narrativa do “golpe” também está sendo institucionalizada entre os órgãos do governo. Em 13 de janeiro, o site do Palácio do Planalto tratou como “golpe” a deposição de Dilma. Na ocasião, o PSDB foi à Justiça interpelar o governo.
“Afirmar que o impeachment de Dilma se constituiu em ‘golpe’ é ato desprovido de verdade”, argumentou a legenda. “Golpe, no sentido político, é aquele em que os representantes eleitos são destituídos de seu cargo fora das regras previstas na Constituição.”
Na quarta-feira 25, Lula ainda chamou o ex-presidente Michel Temer de “golpista”, durante uma visita oficial ao Uruguai. Temer, no entanto, usou as redes sociais para ironizar a fala do presidente: “golpe de sorte”, ele respondeu.
A nova gestão da AGU, comandada pelo ministro-chefe Jorge Messias, foi procurada pelo jornal O Estado de São Paulo por duas vezes, retornando apenas no último pedido, que foi realizado na sexta-feira 27. “A procuradoria encontra-se, nesse momento, em fase de montagem do grupo de trabalho que discutirá sua regulamentação”, disse Messias.
Fonte: revistaoeste